Discografia HM – Twisted Sister – Stay Hungry– 10/mai/1984 – 40 anos

Após um mês de hiato, volto eu por aqui para trazer mais um disco que assopra velinhas hoje, chegando aos 40 anos. E o disco que trago é um inquestionável clássico. O Twisted Sister estava lançando o seu terceiro álbum, a banda até então era inteiramente desconhecida no Brasil e, pelo que se sabe, tinha também nos EUA uma repercussão apenas local, mesmo já tendo lançado o Under The Blade e o You Can’t Stop Rock and Roll antes. Com o advento da MTV nos EUA, o grupo direcionou sua proposta para uma pegada mais comercial e o resultado foi a venda de mais de 3 milhões de cópias. Foi um estrago que balançou todo o planeta. Os vídeos de We’re Not Gonna Take It e I Wanna Rock pipocavam o tempo todo nos programas de vídeo clips durante 1984 e 1985, também no Brasil, na sacudida que o mercado fonográfico após o Rock in Rio daquele ano.

Assim, em 1984 esse Stay Hungry se juntava a uma categoria de álbuns bastante conhecidos entre a galera do hard e metal, mas também não foi um disco que comprei na ocasião. A minha história com esse terceiro álbum dos Sisters tem relação direta com um amigo de escola do Flávio, o Ernesto. A gente montou uma banda de colégio na época com ele, que tinha o disco. Assim, é claro que o Stay Hungry parou lá em casa, e embora a gente tenha gostado, faltou algo pra resolver comprar. Em contrapartida, o You Can’t Stop Rock and Roll, que era menos comercial, nos chamou a atenção, foi o escolhido e resolvemos comprá-lo na época.

Eu considero que o visual extravagante da banda ultrapassou um pouco a importância musical da banda na época. O Twisted Sister não era uma banda que levávamos à sério. A contrário do KISS que, apesar de tanto ou mais visual, nos atraía pelas canções, a banda de Dee Snider deixava dúvidas. O vocal de Dee ficava em segundo plano em virtude de sua forte presença visual. O ótimo e saudoso baterista A.J. Pero se destacava em um instrumental muito simples, talvez simples demais. O Stay Hungry era sim uma interrogação pra gente. O visual menos espalhafatoso do disco anterior nos agradava mais.

Hoje eu considero isso um erro de avaliação. Apesar de uma proposta básica e apontada para fazer sucesso com os clips, é inegável a importância do disco. Além disso, os hits ficaram para a história do gênero. E Dee é um ótimo vocalista. Mais ainda, o álbum tem outras ótimas músicas, como a faixa título, Burn in Hell e principalmente a balada The Price, pra mim a melhor de todas. Hoje é pra mim superior ao competente You Can’t Stop Rock and Roll. Acabei me desfazendo do segundo álbum da banda e hoje tenho as duas versões do Stay Hungry, ambas compradas bem depois. Sim, as duas versões, pois em 2004 eles regravaram o álbum todo, com o nome Still Hungry. A boa regravação traz um som mais pesado, algumas inserções de solos maiores, entre outras modificações, mas não conseguiu a repercussão da versão original, no meu entender, nem mesmo no público mais especializado.

A banda não teve lá uma grande sobrevida durante os anos que se seguiram. Os trabalhos seguintes apostaram em caminhos ainda mais diluídos, e todas as composições ficavam exclusivamente a cargo de Snider, imagino que com o tempo a fórmula tenha se esgotado. O vocalista saiu para outros projetos, competentes, e a banda ensaiou alguns revivals durante esses anos todos. O teste do tempo é normalmente implacável, mas considero que ele deu ao Stay Hungry, o original, gabarito e importância para se juntar aos grandes trabalhos de 1984. E muito merecidamente integra esta série dos discos que completam 40 anos em 2024.

Saudações,

Alexandre B-side



Categorias:Curiosidades, Discografias, Músicas, Resenhas, Twisted Sister

7 respostas

  1. Excelente post e impressionante a amarração do texto. Muito bom. E impressionante o conhecimento de vocês dois. Não fazia ideia de que vocês tiveram essa preocupação em avaliar a banda e que sabiam em qual trabalho apostar. Fiquei surpreso.

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    • Opa, Rolf. Bem, ” saber em que trabalho apostar ” na década de 80 sempre foi muito mais no apostar do que no saber. As informações vinham pelos amigos, pelas revistas , rádio fluminense e quando era possivel ouvir os álbuns.

      Hoje eu vejo mais mérito no Stay Hungry do que no anterior, que foi o que escolhemos na época. É um senso mais comum mesmo, embora nunca tenha me preocupado com o tal senso comum.

      O tempo fez dar mais mérito ao aniversariante deste post e principalmente ao vocal do Dee Snider.

      Sds

      Alexandre

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  2. Mais um álbum clássico completando 40 anos em 2024 com uma homenagem aqui do site, e agora temos aqui a banda que eu considerava a mais “ridícula e insuportável” dos anos 80. A primeira vez que eu ouvi falar no Twisted Sister foi através de um cover de uma das 2 canções mais famosas do álbum aniversariante de hoje, obviamente “We’re Not Gonna Take It”, que eu assisti pela televisão naquele distante ano de 2005, no saudoso programa do Raul Gil em sua fase de ouro pela TV Record. O quadro era o na época elogiado “Jovens Talentos”, onde no meio daqueles outrora jovens (hoje adultos e sumidos da mídia em sua maioria) cantores dos mais variados estilos, tinha uma garota que eu gostava demais, pois ela era a roqueira da turma (não citarei o nome). Só que essa roqueira era “diferente” porque misturava o rock com as notas agudas do canto lírico (quem assistiu vai se lembrar), e foi justamente com a interpretação que ela fez da primeira canção do Twisted Sister mencionada – antes, a outrora jovem futura estrela do rock começou com um trecho de uma canção da cantora alemã Nina Hagen chamada “Naturträne” (conforme viria a descobrir depois) em que ela mostrou o seu lado tétrico com apenas 13 anos na época para logo emendar no rock propriamente dito – que o meu “caso de amor” com a roqueira adolescente começou pra valer após uma tentativa anterior meio que fracassada (aquele longo agudo que ela fez no final me deixou simplesmente paralisado). Esse “caso de amor” pouco depois seria consolidado com a segunda canção mais famosa presente neste mesmo disco do Twisted Sister cantada por ela no programa, claro, “I Wanna Rock”, em que a jovem rebelde até arriscou do meio para o fim um trecho de uma canção do Nightwish meio que desconhecida chamada “Passion of the Opera” (não confundir com a “Phantom of the Opera, certo?). Daí pra frente até o final de 2005 foi só jogo ganho, com alguns problemas no meio do caminho que fizeram com que eu não assistisse mais ao PRG durante um mês (basicamente dando uma pausa no tal “caso de amor” mencionado), para depois eu voltar a assistir ao programa totalmente recuperado e de cabeça tranquila.

    Anos mais tarde quando chegou a Internet em casa e ganhei um computador, decidi baixar e ouvir na íntegra o Stay Hungry e gostei logo de cara, mas ao assistir aos clipes do Twisted Sister no Youtube é que eu pude entender que eles visualmente eram muito ridículos, muito bobos (aquele visual tosco de Dee Snider muito me incomodava), mas musicalmente falando formavam uma das bandas mais divertidas dos anos 80, mesmo com esse pensamento atual de minha parte sobre os caras. Enfim, deixo aqui meus parabéns ao quarentão Stay Hungry, um clássico que merece ser descoberto e ouvido por fãs de todas as idades. E que os fãs preconceituosos de outrora que não gostaram possam redescobrir esse petardo com mais carinho e com ouvidos e mentes mais abertos.

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    • Muito legal ler suas impressões , Igor. É interessante como um visual pode ajudar, mas ao mesmo tempo pode ser um impeditivo para boa parte dos apreciadores. No caso dos Sisters, acredito ter afastado uma boa parte de nós sim.

      O tempo normalmente nos faz rever conceitos. Foi assim comigo, parece ter sido assim com você também.

      Bacana a história do seu amor platônico também, quem não passou por isso ?

      Saudações

      Alexandre

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      • Pois é, amigo… O tempo passa e a gente revê e repensa certos conceitos de outrora, mas só depois que percebemos o “lado real da história” e o quanto estávamos errados em nossos pensamentos, é que realmente cai a ficha para nós. Neste meu caso com o Twisted Sister, foi assim mesmo que aconteceu. Valeu por sua resposta mais uma vez, amigo… Gratidão sempre!

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  3. Corrigindo: “…em que a jovem rebelde até arriscou do meio para o fim um trecho de uma canção do Nightwish meio que desconhecida chamada “Passion of the Opera” (não confundir com a “Phantom of the Opera”, certo?)”

    Esqueci de fechar aspas…

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