Discografia HM – Iron Maiden – Powerslave – 03/set/1984 – 40 anos

Entrando pelo talvez mês mais mágico desta discografia homenagem aos discos que estão fazendo 40 anos em 2024, o começo de uma sequência tripla não poderia começar melhor do que trazendo uma autêntica obra-prima, Powerslave, que é pra mim, indiscutivelmente, o melhor trabalho que o Iron Maiden lançou. Então se você chegou aqui de paraquedas e quer entender melhor este álbum, clique aqui, pois, como venho tratando em toda essa discografia homenagem, eu não vou trazer os detalhes desta preciosidade, mais uma obra genial entre os geniais álbuns em 1984. O propósito aqui, reforço, é trazer algumas das impressões que eu vivi na época ou logo depois do lançamento desta série de álbuns daquele ano. Eu começo relembrando o conceito de que o Powerslave foi o carro chefe da coleção de álbuns Heavy Metal Attack lançados pela EMI naquele ano no Brasil. A capa vinha com um adesivo da série, ao invés de ter o selo integrado à arte gráfica. E isso se deu por que o Iron Maiden não permitiu que a arte original fosse alterada, diferentemente das outras bandas que faziam parte do cast da série. Nem preciso dizer que muita gente deve ter estragado a capa ao tentar tirar o adesivo….

Vamos então nos transportar para o começo da década de 80 e depois que o KISS fez uma reviravolta na minha vida no ponto de vista musical em 1983, coisa que certamente fez com muito de nós, em 1984 eu já buscava conhecer outras bandas. O Iron Maiden era, entre as mais novas, a mais consagrada. Além da donzela, as demais bandas eram oriundas dos anos 70, em especial a trinca Zeppelin-Purple-Sabbath, além de alguns que começavam nos anos 70, mas avançavam firme pelos anos 80, como os Scorpions ou o Judas Priest. O Iron Maiden era um meio termo entre os novatos e os consagrados. Ele já tinha uma ótima repercussão entre a galera do rock e ao mesmo tempo era o grupo do qual todo mundo ficava atento quando algo novo surgia, era a banda da época.

Assim, em 1984 todo mundo já sabia da vinda de um novo álbum da banda no segundo semestre. Em paralelo a isso, estávamos na efervescência do pré-Rock in Rio de 1985. A banda já ocupava as melhores páginas das revistas especializadas e também era destaque nas revistas poster da SomTrês, como “a banda que trouxe a pauleira de volta”.   No entanto, como tudo chegava com dificuldade aqui e também sempre atrasava, certamente eu só fui ter esse álbum na minha vitrola emprestado e provavelmente depois do Rock in Rio. Um dos amigos que tinha o Powerslave era o Ernesto, que estudava com o meu irmão Flávio e que tocava guitarra conosco. E como a gente já sabia que a banda ia lançar um duplo ao vivo, nos pareceu mais lógico esperar para gastar o pouco dinheiro que a gente tinha naquele ao vivo que chegava em 1985, o Live After Death. O que a gente já acompanhava e adorava desde o lançamento eram os videoclips, tanto o de Aces High quanto o de Two Minutes To Midnight, que frequentavam a programação especializada das tvs da época. A outra música que ouvíamos muito era a versão de Powerslave do Rock in Rio, pois na época conseguimos gravar o som da transmissão da Rede Globo do dia 11.01.1985 em fita cassete. A versão do Rock in Rio tinha no seu final um raro momento no qual Dave Murray fazia sozinho um solo de guitarra para emendar com a introdução de The Number of the Beast.  Essas são as lembranças mais vívidas que tenho do lançamento do álbum. Acho importante citar que os singles deste álbum não são faixas de 3 minutos, são obras mais complexas, com maior cuidado com o espaço dedicado a variações de ritmo, trabalhos de guitarra e Two Minutes To Midnight dedica um bom tempo para a parte dos ótimos solos. A faixa-título sempre foi a minha favorita por também ter esse espaço dedicado à nuances de ritmo e três solos espetaculares de guitarra, entre eles aquele que eu considero o mais bonito da carreira da banda, o primeiro solo de Dave Murray sob a parte lenta da canção.

O vinil acabou sendo comprado algum tempo depois, quando conseguimos voltar pelos álbuns de estúdio, eu lembro que já em 1988 quando saiu o Seventh Son of a Seventh Son a gente comprava os discos do Iron no lançamento, já com a coleção completa. Hoje, tanto tempo depois, talvez não haja trabalho que mereça mais homenagens pelo 40º aniversário em 2024. A pura verdade é que Powerslave figura com até extrema facilidade com destaque na safra de álbuns de 1984 Não dá pra deixar de citar faixas incríveis como a épica The Rime of the Ancient Mariner e a incrível instrumental Losfer Words quando penso neste álbum. As músicas que mais gosto, no entanto, acompanhadas da faixa-título, são justamente as menos citadas na época, Back in the Village, Flash of the Blade e em especial The Duelists.  O duelo de guitarras dobradas de The Duelists é pra mim um dos grandes momentos do álbum.

Trago por fim talvez a grande curiosidade pessoal minha do álbum: apesar de ser clássico inquestionável, eu não tenho no Powerslave a lembrança de “furar o disco” de tanto tocar. Era um disco muito ouvido, inclusive nas festas do ensino médio da minha turma na época, muitas das vezes na íntegra. Mas a lembrança de “furar de tanto tocar” eu guardo do Live After Death e de alguns outros deste ano de 1984, em especial deste mês de setembro.  As próximas resenhas desta série vão esclarecer um pouco disto.

Até breve!

Alexandre B-side



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13 respostas

  1. B-side, primeiramente, muito obrigado pela resenha. Muito obrigado por se debruçar na menção a essa obra-prima do metal – já mencionado por você. Não tenho muito a acrescentar nos predicados que vc menciona. Powerslave representa pra mim muita coisa mesmo. Infância, amigos, meu irmão, minhas dificuldades na época e é algo que realmente me remete ao passado como poucas coisas. Esse disco entrou lá em casa pelo Jonas. Ele foi o primeiro que trouxe o vinil lá pra casa. Como ele ia lá em casa todo santo dia, a gente parava pra ouvi-lo antes de descer pra rua ou pro playground. Eu tinha 11 anos. As duas músicas que eu mais ouvia eram Aces High e 2 minutes. O lado A era matador! Depois vinha o lado B com Back in a Village que era talvez a terceira musica que eu mais gostava e embora eu gostasse demais de Powerslave, era uma música que por ser longa eu não ouvia no dia-dia…..tipo antes de sair pro colégio eu ouvia algo……….e colocava as músicas mais “curtas”. Foi ali que eu também dei continuidade a tentar traduzir as letras e ter mais acesso ao inglês. Talvez tenha sido o disco que eu mais ouvi na vida. Celebrar Powerslave é mais do que celebrar um disco de uma banda de metal. Ele foi um marco na minha vida. Eu vejo ele acima do que é a banda. Ele é um registro muito acima da média. Obrigado B-side pelo post.

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    • Rolf, que maneiro o seu comentário, em especial ” Powerslave representa pra mim muita coisa mesmo. Infância, amigos, meu irmão, minhas dificuldades na época e é algo que realmente me remete ao passado como poucas coisas.”…

      Mesmo eu que te conheço há tanto tempo não sabia nesta profundidade a sua relação com o álbum.

      Eu li você me agradecendo no fim do comentário, mas de fato eu é que te agradeço por dividir essas palavras conosco.

      E viva essa obra prima !

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  2. Uau, cara! Pensa num disco clássico que eu admiro demais desde a primeira ouvida há quase dez anos atrás… Reforço aqui o que eu comentei no post sobre o quarentão de hoje (mais um de 2024), na discografia comentada do Maiden:

    “Powerslave é o disco definitivo do Iron Maiden, o melhor e mais inspirado da banda pra mim. Trazendo a mesma clássica formação do anterior, o fenomenal Piece of Mind (lançado um ano antes e que eu também curto muito), ou seja: Dickinson, Harris, McBrain, Murray e Smith – ainda não viríamos a conhecer aquele palhaço do Gers – Powerslave traz também a melhor capa feita pelo gênio Derek Riggs (mostrando o mascote Eddie como um Faraó egípcio entre as pirâmides, simbolizando o auge da banda nos anos 80), a impecável produção do mestre Martin Birch (RIP) e um repertório simplesmente PERFEITO!

    Da famosa abertura “Aces High” com um trecho do célebre discurso do ministro de 1940 Winston Churchill nos primeiros 30 segundos da canção), passando pela icônica “2 Minutes to Midnight” até chegar ao encerramento com a longa/magistral “Rime of the Ancient Mariner” (minha canção favorita do grupo até hoje), temos a Donzela de Ferro em seu melhor momento, que nunca mais se repetiria nos álbuns seguintes – pelo menos até o Brave New World, na chegada dos anos 2000 (com a volta de Bruce mais o Adrian ao time, estabilzando a formação atual do Maiden com três guitarristas). Este é daqueles álbuns em que as palavras não são poucas para descrevê-lo, tudo nele se encaixa perfeitamente. Se eu tiver que escolher um só disco do Maiden para eu levar a uma ilha deserta com mais uns nove do meu gosto pessoal, claro que eu escolheria este POWERSLAVE! Vale ressaltar que os melhores momentos da World Slavery Tour (a maior turnê de sua história, com direito a uma primeira de tantas vezes ao Brasil em 1985, na primeira edição do Rock in Rio) foram registrados em Live After Death (1985), um dos melhores discos ao vivo do heavy metal, que mostrou o Iron Maiden no topo do mundo.”

    Enfim, Powerslave é mais do que um disco… É um marco histórico para o Iron Maiden, para o rock/metal e para a música como um todo. Que o seu legado perdure por mais 40 anos e por todo o sempre. Up the Irons, pessoal!

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  3. Sim! Powerslave, O Álbum!

    Não o primeiro que ouvi. Minhas lembranças me levam ao Rock in Rio e a um vizinho que foi levado ao festival pelo pai dele e lá comprou este Santo Graal e levou na minha casa. O álbum foi muito ouvido também e fez presença marcante na minha coleção de bolachas. Muitas idas ao Caverna para assistir o Live After Dearh fazem parte dessas lembranças.

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    • Excelente complemento , Cláudio

      O Santo Graal, sem dúvida

      E as lembranças do vídeo no Caverna, eu lembro de ter visto pela primeira vez no Rio, era assim que conseguíamos ver, indo nestes undergrounds como se fosse um show.

      Tempos mais difíceis que aprendemos a valorizar

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  4. Mão no peito para escrever sobre aquele que, para mim, ocupa a terceira posição na história da música enquanto álbum de Heavy Metal, atrás do Rising (Rainbow) e Heaven and Hell (Black Sabbath).

    Powerslave foi a consolidação das ideias que Steve vinha tentando aplicar em álbuns passados, já com êxito e sucesso, mas sem aquela pincelada final que faltava ao quadro. A escolha em musicar um dos maiores poemas ingleses (muito estudado por lá), foi a gota que faltava para a água sair do copo e invadir o mundo com a maior e mais desgastante turnê da banda, que culminou com a melhor álbum ao vivo do Iron e um dos melhores da história da música. Rime of the Ancient Mariner não teria acontecido sem Phantom of the Opera, Hallowed be thy Name e To Tame a Land, obras concretas e consolidadas pelo Maiden. Pérolas que tiveram a poligem final pelo velho marinheiro.

    Powerslave é o melhor álbum da Donzela, em caráter indiscutível. Capa da Classic Rock de alguns meses atrás, que trás uma matéria também homenageando os aniversariantes de 40 anos. A revista só não tem a edição do B-Side, que tem aqui no blog e sorte de quem lê.

    Agradecimento mais que especial ao Martin Birch – ah que saudade do Martin Birch!

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  5. Comentário de quem sabe profundamente é outro departamento. Um comentário irretocável em especial pelo fato deste ser sim o melhor álbum da banda e pela saudade do Martin Birch.

    Como faz falta o produtor …

    Alexandre

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