Discografia HM – Queensrÿche – The Warning – 07/set/1984 – 40 anos

O primeiro full-lenght álbum do Queensrÿche é mais um dos icônicos álbuns de 1984 que estão completando 40 velinhas este ano. Ele se une a mais dois daqueles que considero álbuns de relevância em setembro, mas a verdade é que eu não estou citando alguns outros trabalhos considerados do ano, como o Dont Break the Oath (Melissa), do Mercyful Fate, simplesmente por que eu não tenho conexão nem admiração pelo trabalho de King Diamond & Cia. Assim, se fôssemos considerar todos os relevantes álbuns de 1984, alguns mais deveriam seriam objeto desta discografia homenagem, posso também citar o Out of Cellar, do Ratt, outro que também não me traz conexão com a época. É incrível como o ano transborda de bons lançamentos!

E como venho sempre citando nessa discografia homenagem ao ano, o teor destes posts é muito mais voltado às experiências que pude viver na época em que tive contato com essa série de álbuns, diferentemente de uma resenha crítica acerca dos álbuns, por isso não estão aqui o Out of Cellar ou o Don’t Break the Oath. E sim, se você que chegou aqui quer uma resenha mais apropriada de The Warning , clique aqui, pois um certo Alexandre B-side já se deu ao trabalho de trazer linhas mais detalhadas sobre ele. Mas, se você quiser continuar por aqui em uma jornada emocional, pelo menos por enquanto, me acompanhe novamente “Back in Time”, para 1984.

O meu caso com o Queensrÿche é praticamente um amor à primeira vista (e ouvida). Bastou a rádio Fluminense tocar o single Take Hold of The Flame no programa Guitarras que a música foi parar rapidinho como parte de uma fitinha cassete Basf laranja junto com outros sons de outras bandas que a gente gravava. Também o videoclipe da canção veiculava nos programas de vídeos da época, como o BB Video Clip, da Rede Record. Quem era aquele cara que cantava aquilo tudo? O que era aquela linda melodia lenta que crescia para uma soberba canção? Eu nunca tinha ouvido nada parecido.  O ciclo se fechou quando a banda fez parte de uma reportagem na revista Metal, citada como banda de imenso potencial e que trazia uma proposta mais séria em relação ao hair- metal que dominava parte da cena. Isso tudo acontecia ainda em 1984, aliás este era mais um que fazia parte da série Heavy Metal Attack, da EMI.

A coisa começou a tomar ares ainda mais sérios quando eu comprei o disco na Sub Som Discos, junto com um álbum do Twisted Sister, não o Stay Hungry, mas o You Can’t Stop Rock and Roll, história que eu contei um pouco aqui. Eu preciso confessar, coitados dos caras do Twister Sister….The Warning furava de tanto tocar no meu 3×1, enquanto o bom álbum de Dee Snider e parceiros ficava de lado. O Queensrÿche é até hoje uma das poucas bandas que eu conheci desde o início, que agradou de saída, uma das poucas que sempre acompanhei.

O álbum é um jogo ganho. Um heavy metal classudo, muito bem amarrado. Roads to Madness, com seus 9 minutos, se tornou a minha favorita do disco rapidamente. A balada No Sanctuary foi outra que chamou a atenção de cara. En Force, com um final recheado de violões, também era uma música diferenciada.  As letras inteligentes, um ótimo timbre de um excelente baterista, pontuações de qualidade de um ótimo baixista. O Queensrÿche mostrava neste álbum um apuro instrumental e vocal que quase ninguém fazia. Quase todas as músicas me conquistaram, sem dificuldade. Apenas NM156, que fecha o primeiro lado, me causava um pouco de estranheza, pelo uso de elementos percussivos e eletrônicos. O solo da música, no entanto, com os guitarristas Chris DeGarmo e Michael Wilton dobrando as escalas em uma velocidade não muito comum para a época, impressionava. No meu entendimento, a gravadora acertou em trocar a ordem inicialmente concebida para o álbum, pois era essa NM156 que estava inicialmente escalada para ser a primeira faixa. Warning, a faixa-título, abre com muito mais propriedade e chama a atenção de cara para a qualidade do conjunto.

O grupo virou a minha cabeça no ano de 1985, e a agulha do meu toca-discos quase acabou com o disco, tantas e tantas vezes que o botei pra tocar. Por fim, ali em 1985 conseguimos ver o homevídeo “Live in Tokyo”, em um lugar bem underground do Rio, chamado Caverna, do lado do histórico Canecão. Ali tocavam bandas nacionais e eram exibidos todos os “homevídeos” da época, já que quase ninguém (inclusive eu) em 1984 ou 1985 tinha videocassete. O show traz simplesmente 8 das 9 faixas deste primeiro álbum no set-list. Em 1986 a banda lançaria o segundo álbum, Rage For Order, e eu já esperava sair na loja para comprar. Virei fã número um da banda com The Warning. O que aconteceu dali pra frente com a banda pode ser encontrado no blog aqui, mas hoje não é dia de avançar na discografia da banda. Hoje é dia de comemorar o nascimento de uma obra genial, The Warning.

Eu volto ainda este mês com mais,

Ate lá!

Alexandre B-side



Categorias:Curiosidades, Discografias, Mercyful Fate, Queensrÿche, Resenhas

11 respostas

  1. Excelente post, B-Side!!!! Muito conhecimento em um post só

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  2. Um debut “quase perfeito” de uma das bandas americanas mais promissoras do metal, que tinha tudo para voar alto com o passar dos anos e infelizmente não voou, o que é uma pena… Mesmo contando com boas canções como “Take Hold of the Flame” só para citar um único exemplo, o fato de The Warning (estreia em vinil do Queensrÿche após o EP lançado um ano antes) soar “quase perfeito” para mim foi a mixagem inexpressiva de um cara irresponsável chamado Val Garay (em contrapartida com a ótima produção do veterano James Guthrie), conforme a banda – ou melhor, o atual ex-vocalista Geoff Tate – afirmou em várias entrevistas sobre o assunto.

    Neste disco, as guitarras soam literalmente “engolidas” pela cozinha e pelos vocais, de acordo com o que eu ouvi em minha única audição deste álbum em 2022. Enfim, penso que este álbum soaria 1000% melhor se o Guthrie realizasse as duas coisas no estúdio: produção e mixagem. Aí sim, soaria tudo muito cristalino de se ouvir e escalaria facilmente as paradas mundiais da época de forma avassaladora, ao contrário do que ocorreu realmente nessa época – mais precisamente há quatro décadas atrás completadas neste mês de setembro de 2024.

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    • OI, Igor, eu ao mesmo tempo concordo com a sua afirmação acerca do álbum deixar as guitarras mais pra baixo na mixagem e ao mesmo tempo não bem discordo, mas ressalto o meu apreço pessoal por esse ” defeito ” trazer uma marca muito própria para a sonoridade dele .

      Eu não duvido que isso poderia ter trazido mais notoriedade para a banda na época, mas isso sabe-se lá , seria entender como viria esse metaverso.

      Obrigado pelas suas palavras e por estar acompanhando esta série

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  3. Eu gosto desse álbum, mas meu grande carinho pela banda é no Rage for Order, que foi o primeiro álbum que tive acesso e que até hoje para mim é o melhor deles.

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    • Bela escolha, Kelsei . O Rage foi a principio um impacto, pela incrível diferença de proposta e sonoridade. Passado essa reação inicial, tornou-se também um dos meus preferidos da banda.

      O debut traz também o aspecto emocional pra mim de eu ter conhecido a banda desde o inicio e já ter gostado de cara .

      Saudações

      Alexandre

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  4. O Queensryche é uma banda a qual tenho muito apreço. Por sorte, numa audição de um programa da rádio Fluminense pude gravar em fita cassete alguma música naquele dia que me marcaram, entre elas Warning. Fiquei pasmo com o som que me lembrava Iron Maiden. Só tinha um problema. Não consegui pescar o nome das bandas que gravei. Então fui perguntar para uns caras meio parecidos se conheciam. E não é que eles conheciam!!! O restante do que ouvi do álbum só me empolgou mais ainda. O legal é que o CD foi adquirido na presença desses 2 camaradas na mesma galeria onde comprei o vinil na época! Ótimas lembranças! Depois veio o lançamento seguinte completamente diferente e isso virou hábito com muitos acertos e algumas escorregaras. Acabei com a curadoria de parte da coleção e ainda faltam uns poucos álbuns para completar a coleção. Um dia chego lá. 

    Valeu!

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  5. Boas lembranças, Claudio. A banda chamou a atenção nossa e de você em momentos diferentes e muito próximos, e é muito legal podermos ter acompanhado o Queensrÿche desde o inicio.

    Valeu,

    Alexandre

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