Álbum: The Warning
Lançamento: 07/09/1984
01 -“Warning” (Geoff Tate, Michael Wilton) – 4:46
02 – “En Force” (Chris DeGarmo) – 5:16
03 – “Deliverance” (Wilton) – 3:21
04 – “No Sanctuary” (DeGarmo, Tate) – 6:05
05 – “NM 156” (DeGarmo, Tate, Wilton) – 4:38
06 – “Take Hold of the Flame” (DeGarmo, Tate) – 4:57
07 – “Before the Storm” (Tate, Wilton) – 5:13
08 -“Child of Fire” (Tate, Wilton) – 4:34
09 -“Roads to Madness” (DeGarmo, Tate, Wilton) – 9:40
Banda :
Geoff Tate – vocais
Chris DeGarmo – guitarra , backing vocals
Michael Wilton – guitarra, backing vocals
Eddie Jackson – baixo, backing vocals
Scott Rockenfield – bateria
Há algum tempo eu venho sendo cobrado acerca de tecer algum tipo de comentário sobre o Queensrÿche, uma das minhas bandas favoritas. Na verdade, eu também tenho tido vontade de lembrar através deste espaço de alguns dos discos que marcaram a minha pessoal história durante todos estes anos dedicados ao rock. Este post em espécie de discografia selecionada vem inaugurar este tipo de seqüência que pretendo abordar, sabe-se lá em que freqüência.
Deixando o blá-blá-blá de lado e voltando no tempo, estamos em 1985 num Brasil que após o furacão do Rock in Rio finalmente tem as gravadoras investindo no gênero de rock mais pesado e a EMI havia resolvido lançar no ano anterior um pacote chamado Heavy Metal Attack. Tal pacote trazia uma série de bandas novas, a grande maioria delas no seu álbum de lançamento, e de uma forma geral mais voltadas para o hard-rock que havia estourado no início dos anos 80 nos Estados Unidos, principalmente pelo Quiet Riot, da concorrente Columbia-Sony. Assim, Helix, Icon, Great White e W.A.S.P estavam neste bolo, que tinha como atração principal o aguardadíssimo Powerslave, do Iron Maiden. No meio desta miscelânea, o Queensrÿche, uma banda um pouco diferente das demais iniciantes também fazia parte, com o seu primeiro álbum, The Warning.
A banda tem sua origem nos arredores de Seattle, terra natal dos integrantes, quando o grupo The Mob ( contando com todos, exceto o vocalista Geoff Tate) começa a se reunir em meados de 1981 para compor material próprio e resolve chamar Tate, da banda local Myth, para gravar uma demo de 4 músicas. Este material vai parar nas mãos de Kim and Diana Harris, donos de uma pequena loja de discos da área, a Easy Street records, através do irmão do baterista Scott Rockenfield. Todd. Kim e Diana gostam do que ouvem, e fazem 3.500 copias da “demo”, distribuindo-as através de seu selo independente chamado 206. Em 82, os Harris viajam para a Inglaterra e deixam uma cópia na conceituada revista especializada Kerrang, e o resultado é um contrato da banda (já batizada de Queensrÿche) com a EMI. O ep de estréia vende cerca de 20.000 cópias, abrindo então espaço para a feitura de álbum inteiro .
A banda é levada para a Inglaterra para junto com o produtor James Guthrie, que havia gravado álbuns de Pink Floyd e Judas Priest , para a gravação do álbum,utilizando inclusive os estúdios da Abbey Road, e contendo também a participação de arranjos de orquestra feitos pelo famoso Michael Kamen. A parceria da banda com Kamen renderia um grande “single” alguns anos à frente, mas isso fica talvez para um outro post. Como curiosidade, a gravadora resolveu inverter a ordem original concebida pela banda das músicas, o que causou bastante descontentamento entre os membros. A idéia era privilegiar as músicas consideradas mais fortes como primeiras dos dois lados, assim a faixa-título foi trazida para a abertura do disco e o single Take Hold of the Flame como primeira do lado B.
A ordem original era a seguinte:
1. NM 156
2. En Force
3. Deliverance
4. No Sanctuary
5. Take Hold of the Flame
6. Before the Storm
7. Child of Fire
8. Warning
9. Roads to Madness
Após seu lançamento, The Warning recebe excelente críticas das revistas especializadas, notoriamente por tratar-se de um heavy-metal com abordagem mais “séria”, se comparado com as bandas que se destacavam nos Estados Unidos, chegando inclusive a ser considerado como o futuro do gênero. A EMI investe pesado na banda, agendando turnês de abertura durante o ano de 1984 para alguns dos maiores nomes da época, como Dio, Kiss e Twisted Sister. O detalhe é que praticamente a banda mal havia tocado em clubes de sua terra natal, quanto mais shows com capacidade para em torno de 15 mil pessoas, e teve de superar mais este desafio. O álbum chegou ao número 61 da parada Billboard, o que é considerado um moderado sucesso. O single Take hold of the flame não obteve êxito nos charts americanos, mas foi sucesso no Japão. Aqui no Brasil, além da inclusão de The Warning no pacote da EMI, a revista especializada Metal fez grandes elogios ao lançamento, o que me chamou a atenção definitivamente. A passagem da banda pelo Japão gerou o seu primeiro home-vídeo, Live in Tokyo, que contém exclusivamente músicas dos dois primeiros trabalhos.
Em 1986 a banda lança o seu segundo álbum (Rage for Order), muito diferente do anterior, trazendo até reações negativas, mas este é talvez considerado o pontapé inicial do gênero mais comumente intitulado prog-metal, que tem hoje em dia o Dream Theater como talvez seu maior representante. A banda continuaria a surpreender nos lançamentos seguintes, seja no álbum-conceitual Operation: Mindcrime , no platinado Empire e no intimista Promised Land , todos bastante diversos. O grupo lançou outros trabalhos e continua na ativa até hoje, só não contando com Chris DeGarmo da formação original. O álbum The Warning teve um relançamento em edição remasterizada em 2003, trazendo três faixas extras:
-Prophecy (faixa que também aparece na versão do primeiro Ep)- 4:00
-The Lady Wore Black (versão ao vivo, gravada em 1984) – 5:23
-Take Hold of the Flame (versão ao vivo, gravada em 1991) – 5:06
N.R.: Em minha opinião, o álbum de estréia do Queensryche chama a atenção em seus primeiros momentos, em especial pelo alcance vocal de Geoff Tate. As reações ao ouvir Tate são de quase incredulidade, pois ele alia os estilos de grandes vocalistas como Rob Halford ou Bruce Dickinson, mas também trazendo seu estilo próprio com agudos inacreditáveis. Mas The Warning não é um álbum para um entendimento mais fácil, sugiro várias e várias audições, de preferência acompanhando as letras, outro destaque das composições. A banda é muito criativa, com ótimo instrumental, onde talvez possa destacar Scott Rockenfield e o álbum de uma forma geral é bastante coeso, não chego a encontrar um ponto fraco. Os destaques que me chamaram a atenção de imediato foram o single Take hold of the Flame e a épica Roads to Madness , que traz referências claras das músicas maiores do Iron Maiden, como Hallowed be Thy Name ou To Tame a Land, e também a então recém lançada The Rime of the Ancient Mariner. Roads to Madness, no entanto, é um pouco mais cadenciada, afinal o Queensryche também é uma banda que se destaca pelos momentos mais calmos, como na quase balada No Sanctuary, cujo arranjo inclui até um assobio a cargo de Geoff Tate. A faixa NM 156, com toques futuristas, dá o indício do que a banda buscaria a seguir, e talvez naquele momento fosse a que mais estranheza me causou, notadamente estava à frente do meu nível de apreciação. Hoje, considero-a outro destaque no álbum. Este álbum virou a minha cabeça no ano de 1985, e a agulha do meu toca-discos quase o arruinou, tantas e tantas vezes que o botei pra tocar. Da época posso lembrar também de ter comparecido ao extinto Caverna, um reduto do metal no Rio de Janeiro, que ficava ao lado do Canecão, e cuja programação mesclava apresentação de bandas nacionais e exibição de vídeos no telão. Na ocasião, em primeira mão pude assistir o Home-Vídeo “Live in Tokyo”, algo muito aguardado, pois nem videocassete eu possuía. A despeito da evidente regravação do vocal que fica claro ao assistir o vídeo, este também é considerado um dos meus shows em vídeo preferidos. E esta exibição acabou por consolidar o Queensrÿche como uma das minhas bandas preferidas e passei a acompanhá-los desde então.
Colaboração valorosa: Flávio Remote
Até um próximo review !
Alexandre Bside
Categorias:Curiosidades, Discografias, Judas Priest, Pink Floyd, Queensrÿche, Resenhas
Belo post! Meu conhecimento do Queensryche é basicamente o Operation: Mindcrime = Silent Lucidity. Eles ganharam algo grande, tipo Grammy com esse álbum, não?!?!?
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Oops, Silent Lucidity é do Empire! Ou seja, não conheço muito mesmo!!! 🙂
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Leandro :
Você citou os dois álbuns de maior repercussão da banda. Enquanto o Operation: Mindcrime obteve sucesso de crítica e público especializado, chegando a vender 1 milhão de cópias, o Empire foi sem dúvida o maior sucesso comercial do grupo, com 3 milhões de álbuns vendidos somente nos Estados Unidos . A música Silent Lucidity é sem dúvida o maior (e talvez o único) hit da banda , chegando ao nono lugar nos charts da Billboard, e atingindo o primeiro lugar na categoria Rock também da Billboard. Com o sucesso de Empire, tanto o seu sucessor, quanto os álbuns anteriores tiveram também um certo impulso comercial. Enquanto o subsequente Promised Land chegou ao status de Platina, tanto este The Warning, quanto o Ep anterior e o segundo álbum Rage for Order conseguiram vender cerca de 500 mil cópias, atingindo todos o status de “gold record”. Após o Promised Land, nenhum álbum da banda conseguiu sequer chegar a 500 mil cópias.
Independente da questão mercadológica, este álbum de estréia merece uma audição mais criteriosa para ser devidamente conhecido, embora trata-se de um álbum sem dúvida mais próximo do heavy metal tradicional que os demais da banda.
Agradeço pelo seu elogio,
Alexandre Bside
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Apesar de ser um pleonasmo mega vicioso, vou falar: excelente post!
Galera: o B-Side e o Remote têm planos de, esporadicamente, publicar posts de discografias aleatórias, porém importantes para eles e, claro, para a história do rock/metal.
Parabéns, caras! E vou atrás do disco.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Pessoal, o “Empire”, álbum de maior sucesso dos caras, ganhará uma edição especial de aniversário de 20 anos:
http://www.roadrunnerrecords.com/blabbermouth.net/news.aspx?mode=Article&newsitemID=142982&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+blabbermouth+(Blabbermouth.net's+Daily+Headlines)&utm_content=Google+International
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Mais informações sobre o “expanded 20th-anniversary edition of the band’s triple platinum-certified”:
http://www.roadrunnerrecords.com/blabbermouth.net/news.aspx?mode=Article&newsitemID=144224&utm_source=feedburner&utm_medium=feed&utm_campaign=Feed%3A+blabbermouth+(Blabbermouth.net%27s+Daily+Headlines)
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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B-Side e Remote, post publicado no Whiplash: http://whiplash.net/materias/news_854/125346-queensryche.html
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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B-Side e Remote, este post está publicado no Acervo do Rock: http://acervodorockroll.blogspot.com/2011/03/queensrche-resenha-de-warning-no-minuto.html
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Trata-se de uma obra-prima, merecia essa edição especial.
Alexandre
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Quais os LP’s que formaram a serie Heavy Metal Attack e Heavy Metal Attack 2?
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Eduardo Bertolazzi, obrigado por participar por aqui…
A série heavy metal attack foi concebida para dar um “up” em uma penca de bandas contratadas da EMI lá fora, e que estavam ” invadindo” o mercado fonográfico brasileiro, à reboque do furacão Iron Maiden.
O problema era aquele adesivo chapado nas capas dos álbuns, que estragava a arte gráfica dos mesmos, na minha opinião, uma lástima.
O tal artefato deveria vir na parte de dentro dos vinis, para ser adesivado onde o comprador assim desejasse.
E bem, pelo que eu sei, a primeira série Heavy Metal Attack tinha como principal no catálogo o fantástico álbum Powerslave , do Iron Maiden. Ao seu lado, este excelente The Warning, praticamente a estréia do Queensrÿche. Também possuia o primeirão do WASP, homônimo, que eu gosto bastante. Além desses, alguns álbuns da série eu nunca tive : Icon e Great White,em seus primeiros e homônimos álbuns e Helix, com o vinil do Walkin’ The Razor’s Edge.
A série Heavy Metal Attack 2 foi menos difundida, que eu saiba já não tinha o tenebroso adesivo, pelo menos no duplo ao vivo do Iron Maiden, peça principal desta segunda parte da série, mas até por isso foi difícil associar os álbuns como pertencentes à um determinado pacote de lançamentos, no caso, da EMI.
Além disso, as bandas pertencentes à aquele momento estavam buscando o mercado americano, e entendo que esses álbuns ( exceto pelo Live After Death) são mais fracos.
Eu não tenho certeza, mas acho que os álbuns sâo :
Iron Maiden – Live After Death
Helix – Long Way to Heaven
Icon – Night of the Crime
WASP – The Last Command
Deep Purple – the Anthology
Saxon – Innoncence is no excuse
King Kobra – Ready to Strike
Quem puder confirmar ou ajustar o que aqui coloquei, eu agradeço
Saudações,
Alexandre
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E ae meu irmão. Falar de Queensryche, principalmente The Warnimg e Rage for Order e lembrar do início da nossa amizade. Lembro como se fosse hoje. Um dia, soube que a rádio Fluminense iria fazer um programa sobre novas bandas. Preparei então a fita cassetete para e deixei engatilhada. Gravei algumas musicas mas não sabia o nome delas nem das bandas. Adorava ouvir essas músicas (The Warnimg, Battle Hymns e You think your tough. Um dia resolvi levar a fita na sua casa para tentar descobrir o que era aquilo. The Warnimg foi reconhecida imediatamente e pude conhecer o restante da obra. Realmente uma obra-prima. Me recordo bem do lançamento do Rage for Order e de ouvir com vocês. A crítica ao solo de assobio, estranheza com Gonna Get Close To You. Mas o saldo geral foi bom.
A sequência com Operation mindcrime foi incrível. Isso ae brody.
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Passando para avisar que, de todas as lições e pendências que tenho com os conteúdos desse blog, vou começar pela discografia de uma banda que não conheço nada, tirando Silent Lucidity.
Tenho um “The Best Of” do Queensrÿche (não sei nem ao certo como pronunciar corretamente o nome) que nunca me desceu. Mas como dizem os fatos, coletânea é para depois de conhecer a discografia, a qual vou iniciar e voltarei aqui nesse meu comentário para deixar minhas impressões!
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Take your time, Kelsei, espero que haja algo ou muito ( a minha torcida maior) que lhe agrade
Alexandre
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