
O último capítulo de setembro desta discografia homenagem aos álbuns que estão fazendo 40 anos traz um velho conhecido e concorrente sério ao disco mais furado de todos os tempos entre os que tivemos na época. Além desta curiosidade, este foi o primeiro e talvez único disco que eu esperei do lado de fora da loja Sub Som para poder levar para casa. Os detalhes desta história e demais questões que fizeram este Animalize um disco tão ouvido em 1984 eu trago abaixo.
E sim, mais uma vez reforço, o objetivo desta discografia homenagem aos álbuns de 1984 não é traçar uma resenha crítica dos álbuns. Para isso, se alguém quiser entrar nos detalhes técnicos de Animalize, basta clicar aqui. Daqui em diante, vamos seguir em um revival mais emocional.
Em 1984 o KISS era a banda mais apreciada por muitos dos habitantes conhecidos aqui do Minuto HM. Afirmo, sem qualquer dúvida, que a banda estava no topo da preferência minha, do meu irmão Flávio, do Rolf, do Cláudio. Não era à toa. A banda havia feito estardalhaço nos shows brasileiros de 1983, chamando a atenção de grande parte da nossa geração. Ao conhecer o KISS em 1983, durante o resto daquele ano todos nós fomos buscando conhecer a discografia além do excelente Creatures of The Night, que os trouxe pra cá. E os últimos álbuns da banda, ainda que tivessem fracassados comercialmente nos EUA, nos agradavam bastante. Ao começar pelo (Music From) The Elder, um disco conceitual que desagradou os fãs clássicos da banda, mas que adorávamos. A então sequência mais recente na discografia passava pela ótima coletânea Killers, que tinha, além dos clássicos principais, 4 excelentes faixas inéditas. Por fim, após a passagem pelo Brasil, a banda lança Lick it Up, um álbum forte e pesado, com guitarras modernas à época, fruto da participação do então novo guitarrista Vinnie Vincent.
Ali no primeiro semestre de 1984 ficamos então sabendo da saída do alavanqueiro mais comentado deste blog, ainda sem entender que havia um problema de atitude do problemático músico. A Metal e a Roll, revistas cariocas, trouxeram o nome do novo guitarrista da banda, Mark St John. O resto, é claro, era um mistério. Em uma época que quase nada circulava com facilidade por aqui, era difícil entender como viria este novo álbum, previsto para o segundo semestre, e o quanto o tal Mark faria como novo integrante da banda.
O tempo passou e o disco saiu, mas aqui no Brasil isso pouco significava. Repito o que venho escrevendo durante essa série de homenagens, os álbuns depois de lançados nos EUA demoravam meses para chegar por aqui. O primeiro indício do que viria, foi, naturalmente, o videoclipe de Heaven’s on Fire. Um hit absoluto, nos moldes dos singles anteriores, em especial Lick it Up. A música agradou, o vídeo, completamente sincronizado com os tão bem recebidos exageros da época, também. A expectativa era enorme e todo os sábados e mesmo durante a semana, depois das aulas do ensino médio, a gente passava na Sub Som e perguntava do álbum. A resposta era invariavelmente negativa.
Assim, quando em um certo sábado novamente perguntei ao Maurílio, veio a resposta não esperada, mas tão desejada. Ele me disse que o disco ia chegar naquele dia, e me deixou à vontade para esperar. A manhã daquele sábado passou, e a minha parca lembrança é de ficar aguardando algumas horas para então ver as caixas de vinil entrando pela loja, não só do Animalize, mas de outros álbuns. O Maurílio literalmente parou tudo que estava fazendo, separou um Animalize pra mim, basicamente só teve tempo de botar o selo da loja e me entregou. Dali passou mais ou menos uma meia hora, que durou certamente uma eternidade, para eu chegar em casa e botar o álbum pra tocar.
E de cara, tanto eu quanto o Flávio gostamos bastante do álbum, principalmente das faixas cantadas por Paul Stanley, e tanto que não conseguimos perceber o que hoje fica mais claro. Eu lembro que Get All You Can Take e principalmente I’ve Had Enough (into the fire) e Thrills in the Night foram elencadas como as favoritas. Heaven’s on Fire até perdeu um pouco da graça quando pudemos ouvir o álbum inteiro. E os solos de Mark St John eram excepcionais mesmo, justificando toda a repercussão prévia que já circulava entre as revistas especializadas e fãs da banda no Brasil. As faixas cantadas por Gene Simmons, no entanto, desde aquela época eram, no máximo, boas canções. Eu particularmente achei Burn Bitch Burn muito fraquinha, mas até gostava das outras três faixas que o linguarudo cantou. No fim do ano, veio o segundo videoclipe, de Thrills in The Night, até hoje a minha faixa favorita no álbum. Muito depois, lá pro fim de 1985 conseguimos ver o homevideo Live Uncensored, que além de contar com os dois singles no set list, trazia também Under the Gun, outra boa faixa de Paul Stanley, acelerada como ele já havia feito muito bem com Gimme More no álbum anterior. Tanto o full show quanto o segundo clip já não contavam mais com Mark St John na banda, que passou como um raio na banda.
Hoje, Animalize é pra mim conceituado como um álbum que tem um componente emocional dos mais fortes na minha adolescência, muito mais do que a qualidade dele em si. Eu afirmo com convicção que esse foi o vinil que mais ouvi na vida. Uma análise isenta mostra, em verdade, um álbum bem irregular, fruto do pouco interesse que Gene Simmons demonstrava naquele momento da carreira da banda, interessado que estava em seguir pela carreira cinematográfica. Vejam bem, eu considero este um bom álbum, merecedor indiscutível de figurar nesta série, mas em 1984 o impacto foi muito diferente. No auge da descoberta pelo hard rock e metal, em plena adolescência, esse álbum foi um dos mais marcantes da minha vida, e certamente, de vários outros adolescentes. Ouvir hoje ele de novo é fazer uma saudosa e agradável volta no tempo. Por isso ele é obrigatório incluí-lo nesta série que estou homenageando pelos seus 40 anos. Mais incrível é tentar entender como em um intervalo de menos de 15 dias três dos meus discos inesquecíveis foram lançados. Que ano este de 1984!
Ah, e não acabou, eu volto mais uma última vez por aqui com mais um desta série de 1984.
Até breve!
Alexandre Bside
Categorias:Artistas, Curiosidades, Discografias, Kiss, Músicas, Resenhas
Discografia Rush – Parte 11 – álbum: Exit… Stage Left – 1981 – (Rush Replay x3 – 2006)
41º Podcast Minuto HM – 19/junho/2020
Caramba, B-Side. Eu apostaria que o Creatures e o Lick it up estariam a frente do Animalize. Não fazia ideia que ele figurava em um dos seus top of….e claro, ficou muito cristalino que trata-se de todo um contexto……..seus posts são muito fluidos ….muito bons de ler. Muito claros em separar as “estações” do que se quer repassar. Concordo com a oscilação de qualidade entre os compostiroes …..por outro lado, mostra que, mesmo com Gene não interessado, ele ainda consegue entregar músicas que podem compor um disco do Kiss muito bem sucedido. …..a contra capa serviria fácil como capa desse disco…….ela merecia ……me lembro do poster do quarto de vocês que era dessa época e claro, aquele video da turnê que também “furamos” o cabeçote do video cacete …………rsrsrsrsrs
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Creatures e Lick it up estão à frente na minha predileção sim. o Animalize tem o diferencial, até por ter vindo exatamente depois desses dois , da espera, da espectativa, que os outros dois não tiveram, por eu conhecê-los depois de terem sido lançados.
Boas lembranças do home video que tanto queríamos assistir e assistir tantas e tantas vezes .
Memórias incríveis sim.
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Só quem já esperou muito para um álbum ser lançado e ter as mãos nele sabe da emoção que o B-Side sentiu e deve sentir ainda ao reviver o momento contado. Só de ler isso aqui eu relembrei da minha ansiedade quando Adrian e Bruce voltaram ao Maiden e eu não via a hora de colocar a mão no tal Brave New World ….
O Animalize para mim é fraco, mas eu não tenho o justificável componente emocional aqui descrito. Na época eu não tinha completado 3 anos … gosto muito mais do Kiss setentista do que o oitentista.
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Você tem certa razão, Kelsei. O álbum tem um componente emocional muito maior para mim do que a qualidade em si . Acho que as músicas feitas e cantadas por Paul Stanley são em bom nível, mas o linguarudo tava de olho na tela grande e não queria saber de ser rock star naquela época.
Alexandre
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Animalize
Esse álbum foi muito escutado na época. Comprei também no lançamento, mas não cheguei a esperar chegar na subsom. Assim como o Master of Puppets foi aguardado desde os primeiros indícios de que existiriam. Comprados no escuro sem nenhuma palinha. Gosto muito do álbum e do vídeo que assistíamos enumeras vezes em salas de vídeo e que depois pudemos comprar até em parada de ônibus do Graal. O vídeo vem até com direito a erro de tradução nas legendas onde o Paul anuncia Cold Gin e a tradução vira “Vai Gene!” Kkkkkkk
Época mágica onde mais um álbum se junta a outros medalhões dessa série.
Saiu até uma versão caseira em áudio desse show que guardo com carinho. Animalize Live uncensored!!! Ainda tem a venda. Kkkk
Ótimas recordações!!!
Valeu!
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Sim, os tempos fizeram um video que a gente atravessava a cidade pra ver estar disponível hoje num click de computador. Talvez, já conversamos bastante sobre isso, a dificuldade da época hoje fez aquilo que era mágico perder um pouco do encanto.
É possivel, uma discussão que não tem fim, eu imagino.
Eu tenho certeza que você teve a mesma expectativa que nós na época do lançamento deste Animalize. Era a continuação de uma etapa da banda que aqui no Brasil fazia muito estardalhaço, e hoje, tantos anos depois, podemos considerar tal etapa que os trazia ao Animalize como uma etapa com pelo menos 2 álbuns espetaculares na sequência, o Lick it Up e o Creatures of the Night.
Muito bom seu comentário
Alexandre
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