Cobertura Minuto HM – Dream Theater no RJ – 40th Anniversary Tour – 13/dez/2024 – resenha

“Ô, O Portnoy voltou, O Portnoy voltou, O Portnoy voltou, ô!”

Sexta feira, 13, a última sexta 13 do ano, e o que parecia há algum tempo improvável se tornou realidade: Só mesmo o senhor Portnoy de volta ao Dream Theater para juntar em um show eu, meu twin brother Flávio e o irmão de longa data Bruno. Assim, estávamos lá, no Vivo Rio, para assistir a passagem carioca da banda no show que comemora os 40 anos de existência deles.  Além de nós, o amigo das lojas de metal carioca Marquinhos e o filho do Bruno, Arthur, que aliás tá maior que ele.

O show que comemora os 40 anos da banda já foi comentado através das imagens de YouTube do primeiro da turnê, em Londres, como você pode ler aqui. Assim, como a banda não mais muda o set list de data para data (algo que acontecia até a saída de Mike, em 2010), o repertório era, pra mim, pra lá de conhecido. Já o Flávio preferiu comparecer sem saber de nada previamente, e foi brindado, como eu já vinha atestando, com uma escolha de repertório que irá agradar qualquer dos presentes. É claro que eu todos os fãs da banda provavelmente vão reclamar de uma ou outra ausência, mas é impossível reunir todas as preferências mantendo sempre o mesmo set. Eu, por exemplo, gostaria de ouvir uma música do álbum 6 degrees of inner tourbulence no lugar de Constant Motion, por exemplo, mas também pra mim o repertório agradou em 95% das canções. O repertório passeia com inteligência pela carreira durante os 40 anos e privilegia os álbuns Images and Words e Scenes from a Memory, algo bastante natural. Também traz 3 do álbum Train of Thought, uma ótima escolha pra mim, que gosto bastante do álbum.

Assim, com um repertório que agrada até aqueles que já não acompanham a banda há algum tempo, como o Flávio, que abandonou o grupo junto de Mike Portnoy em 2010, nossas atenções voltaram principalmente a acompanhar a volta do icônico baterista. Também estavam em nossas avaliações o estado da voz de LaBrie, já que as prévias dos shows anteriores ao do Rio nesta turnê não traziam o vocalista em bom estado vocal.

Eu não vou, então, traçar alguma linha específica sobre uma ou outra canção, pois essa análise já está presente no post do show de Londres. Também não vejo muito sentido em elogiar as performances sempre impecáveis de um quieto Myung, da precisão de Rudess ou da extrema qualidade de Petrucci, ainda que este não tenha repetido nota por nota os solos originais das canções do set.  Não repetiu, mas isso não fez diferença alguma, pois o entregue foi tão bom ou melhor do que aquilo que está nos álbuns.  Escrevo neste parágrafo aqui apenas mais esta linha para atestar que percebi em Jordan uma certa dificuldade de caminhar dos bastidores para o palco, mais de uma vez vi isso. Espero que o tecladista não venha passando por problemas de saúde, mas convenhamos, nossos heróis estão ficando velhos, né…

Também não vou comentar sobre as imagens do telão que passaram durante a apresentação, isto simplesmente por que eu nem me dei ao trabalho de olhar para elas. Bem, eu até reparei nas imagens que fizeram uma espécie de cronologia nas capas dos álbuns antes da segunda parte do show começar, com a nova canção, Night Terror. A animação é bem bacaninha, vá lá… E foi a única coisa que eu lembro dos telões. Show bom é assim, vale o que se vê e ouve no palco. Foto, nem tirei o celular do bolso. O que acontecia no palco era muito mais interessante. A única foto que tirei foi da mesa de som, como referência pro Bruno me encontrar antes do show. Essa aí:

Achei que a guitarra estava um pouco mais alta que os demais instrumentos no lugar onde estávamos. Em alguns poucos momentos o som deu uma embolada, nas partes mais pesadas em especial, o baixo quase não se ouvia nesses momentos. Nos momentos chave, no entanto, ouvimos bem o Myung. E o som foi acertando, melhorando durante o show.   Outra menção especial que eu preciso fazer a respeito da plateia carioca, que nitidamente deu um show, cantando várias das partes instrumentais (além, obviamente, de grande parte das letras). Além disso, após as três primeiras músicas ensaiou um coro inusitado para volta de Portnoy, copiando o coro das torcidas de futebol, e trocando o tradicional o campeão voltou para o Portnoy voltou.  Antes de The Mirror, do ótimo Awake, era isso que se ouvia da plateia, a plenos pulmões:

“Ô, O Portnoy voltou, O Portnoy voltou, O Portnoy voltou, ô!”

Coisas que só acontecem no Brasil, aparentemente a banda não entendeu nada, mas vale a homenagem.

Vou, então, voltar 4 parágrafos aí pra cima, pra falar especificamente de Portnoy e LaBrie. A começar pelo baterista, que vale todos os muitos centavos pagos pelo show. Sim, Portnoy sozinho vale o ingresso, pela presença, pelo carisma e mesmo os mais atentos fãs sabendo que ele estava sofrendo com morte do cachorro de estimação naquele dia. Portnoy é a alma da banda e agita a plateia mais do que todos, inclusive mais que o próprio La Brie, ouso afirmar.  Estava fazendo muita falta, e agora que voltou a gente percebe isso com mais clareza. O Dream Theater precisa da energia dele no palco, até por que os demais integrantes passam longe de ter uma interação maior com a plateia. Além de La Brie, no máximo Petrucci fazia as honras com o público antes de Portnoy voltar e olhe lá.  A banda escolheu duas boas canções da fase Mangini para que o período não ficasse em branco e nelas Portnoy deu conta do recado bem demais. E o cara ainda tocou a intro de Where Eagles Dare no fim de As I am. Seria uma homenagem ao recém aposentado Nicko McBrain?  Se foi, aqui vai um merecido parabéns!

Vamos de La Brie, agora? Bem, quando não se tem expectativa alguma, não há frustração, né? Bem, vamos ser justos, não foi isso bem que eu vi e ouvi lá. Eu sim esperava muita dificuldade pelo vocalista que há tempos não entrega uma boa performance. Além disso, ele nunca foi uma unanimidade mesmo entre os fãs da banda. Eu estava muito preocupado com o que iria acontecer, pois ele poderia de fato comprometer o show.  E ao começar o show, com uma faixa do Images and Words, de uma época em que ele estava no auge de sua capacidade, meus temores se intensificaram. La Brie não cantou bem Metropolis – Part I – the Miracle And The Sleeper. Seguiu-se Overture 1928 (instrumental) para o cantor atacar Strange Deja Vu, também com um vocal bem claudicante. No entanto, a partir da faixa seguinte, The Mirror, a voz foi melhorando e, confesso, já na segunda parte do show eu já tinha relaxado, e entendido que nem mesmo o atual estágio do vocalista iria estragar a apresentação. Acho que a opção, em vários momentos, por mudar as linhas originais para melodias mais graves e mais fáceis foi uma decisão bem acertada por parte do vocalista.  Outra boa ideia foi trazer várias das canções que Portnoy dá aquela ajudada nos backings e mesmo cantando algumas das frases. Assim, longe de ter sido uma maravilha de performance vocal, La Brie conseguiu conectar-se com a plateia, que não pareceu em momento nenhum reclamar. Notoriamente ele teve mais dificuldade nas faixas mais antigas, como Under a Glass Moon e alguns momentos, como em Home, passou do sofrível, mas em geral foi acima do que eu esperava. A verdade, no entanto, é que eu não esperava muita coisa….

Temores com vocal de La Brie amenizados, o resultado final é um de um show que superou bastante as expectativas, de todos nós, como depois percebi nas conversas. Um ótimo repertório, uma excelente banda, um baterista que roubou a cena e um vocalista que pelo menos não comprometeu. Junte-se a isso canções incríveis como As I am, Panic Attack, The Mirror, Home, Under a Glass Moon, entre tantas outras, e a noite foi pra lá de bem paga.

A plateia fez bonito, lotou a casa, e me deixou a nítida impressão de que a banda estará de volta ao Rio para promover o novo álbum, que sai em fevereiro agora. Deixaram em mim a vontade de assisti-los novamente em aberto, confesso. Pra esta questão, deixemos o futuro responder.

Enquanto isso, quem quiser ver o show do Rio, corre que ainda dá tempo…

Saudações,

Alexandre B-side



Categorias:Cada show é um show..., Curiosidades, Dream Theater, Entrevistas, Músicas, Resenhas, Setlists

12 respostas

  1. Excelente resenha Pra quem é eximio conhecedor da banda, é outra histótia. Sempre traga seus pontos aqui. É um aprendizado

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  2. Salve! Parabéns pela excelente resenha! Deixou vontade de ter ido, mas o show do “Distance Over Time” foi meio decepcionante e nem cogitei ir. Quem sabe na próxima.
    valeu!!

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    • Eu acredito que eles devem incluir o Brasil na próxima tour, do novo álbum. Fica uma oportunidade muito provável pra você.

      Em relação ao material mais recente da banda, eu também acho que eles cairam no modo irrelevante , e há algum tempo.

      Os dois últimos álbuns são bons, mas eu quase não me lembro das canções.

      Algo que infelizmente vem acontecendo com boa parte das bandas antigas que ainda se arriscam a lançar novos trabalhos.

      Eu espero que algo mude com a volta do Portnoy, mas confesso, pelas novas canções já divulgadas, que pode vir algo com menos relevância e aquém do período clássico da banda.

      Vamos ver, o álbum sai em fevereiro agora.

      Um abraço, brother

      Alexandre

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  3. Ótimo post sobre a volta do Portnoy!
    Que bom que a energia dele está de volta e que La Brie, mesmo com limitações e adaptações, não deixou sua performance estragar o show!
    Realmente espero que Rudess fique bem!

    Vou colocar o DT na minha lista novamente para ir a um show e curtir! Hehehehe

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    • Olha que maneiro o Caio parando aqui pra prestigiar o post meu. Uma honra, aqui sim temos um exímio conhecedor.

      A questão do Rudess pode ter sido apenas uma impressão, inclusive ele cumpriu o que era programado ao vir para frente em alguns momentos. Não houve restrições às suas movimentações já desenhadas nos shows anteriores da tour. Pareceu-me apenas que ele caminhava mais lentamente quando retornava ao palco após um intervalo, por exemplo.

      o La Brie pra mim tá no seu perigoso limite , acho inclusive que a tour deve ter tido noites bem piores e que talvez tenham chegado no ponto de realmente incomodar.

      Espero que não precise ver ou ouvir isto.

      Mando daqui um abraço pra ti,

      Alexandre

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  4. Pelo jeito, tirando um “não-comprometedor” LaBrie, foi uma noite excelente: companhia, banda, set, som da casa, público, e obviamente a estrela que retornou para casa, Portnoy.

    Fico feliz de ver este trio reunido em um show e ainda mais com uma resenha sempre de quem conhece muito por aqui.

    Agora fica a dúvida: há tecnologia (leia-se playback / “ajudas”) sendo usada no show de show para alguma coisa relevante, como para a voz?

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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    • Eduardo, eu vou responder sua pergunta pensando nos 2 últimos shows que vi da banda.

      O do RiR, estávamos lá : Eu acho que ele usou playback. Tenho uma impressão bem firme disto.

      O show deste dia 13 : Acho muito pouco provável que tenha havido playback.

      Hoje a tecnologia tá enganando todo mundo, então eu posso estar errado. Mas é complicado usar o playback para entregar algo no limiar do apreciável.

      Então eu apostaria que não, desta vez .

      Saudações

      Alexandre

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      • Olha B-Side, realmente hoje está difícil de saber. Acho difícil também a escolha “alternada” entre o uso de ajuda em um show como esse que você fala do RiR x não ter usado neste do dia 13 agora – ou seja, meio que quando o caminho é este, dificilmente ele não faria uso de novo… bom, talvez menos, ou talvez em certos momentos apenas, mas dificilmente se já usou ele deixaria de usar 100%…

        Confio no seu julgamento técnico de qualquer maneira. Valeu!

        [ ] ‘ s,

        Eduardo.

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        • Eduardo, existe uma diferença fundamental entre os shows da tour do RiR e estes , que é a volta do Portnoy.

          Antes de entendermos que o que eu escrevi é chover no molhado, há várias mudanças no modus operandi da banda.

          Estive conversando com o Bruno no show e ele confirmou que a era Mangini tinha clics sincronizando o tempo das canções ao bpm dos áudios pré-gravados. E, ao contrário do que eu imaginava, que Portnoy usa os clics nas gravações dos álbuns, mas NÃO USA ao vivo.

          Isso muda tudo na concepção de um show. Não há como ter backings pré gravados, não há como ter outras trilhas de guitarras, saxs, demais instrumentos. E não há como ter trilhas de vozes principais pois elas podem perfeitamente sair do sincronismo, já que o Portnoy, ao contrário do Mangini, não é um robô.

          Talvez aqui eu traga a explicação do porquê de James não usar mais vozes auxiliares nos shows.

          E foi exatamente este o sentimento que eu tive nos dois shows que vi. Um com auxílio de vozes em playback , outro sem.

          Pra complementar, recentemente eu vi um video documentando o “por de trás das cortinas” da atual turnê.

          Em algum momento, mais pro fim do vídeo, quando o cara da mesa está falando, ele realmente confirma que o Mike original não usa clics ao vivo, ao contrário do sub.

          Minha desconfiança, então, ganha um ponto de referência aqui.

          Segue o vídeo:

          Ali pros 24 minutos o cara da luz / vídeos explica.

          Fui

          Alexandre

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