Cobertura Minuto HM – Monsters Tour Porto Alegre (30/04/2015) – Ozzy Osbourne, Judas Priest e Motörhead) – resenha

2015-04-30_23-38-50_Monster Tour 2015

Ter a oportunidade de assistir a três mastodontes do rock pesado mundial não é coisa que se possa deixar passar despercebido. A inclusão de Porto Alegre na Monsters Tour deixa claro que a cidade faz parte do roteiro dos promotores e bandas internacionais. É verdade que a combinação data/local do show não foi das melhores. Tratava-se de uma véspera de feriadão do dia do trabalho, e nestas datas, boa parte dos porto-alegrenses abandonam a cidade em busca de outros ares. O estádio do Zequinha (trata-se do clube de futebol São José, uma espécie de Juventus (SP) ou Ameriquinha (SC) local), endereço das apresentações ficava perigosamente perto de artérias viárias que levam a algumas das saídas da cidade.

Ainda assim fico grato que o estádio parecia bastante cheio, o que foi confirmado nos dias posteriores com a divulgação da presença de 16000 pessoas o que, espero, garanta a passagem pelas terras gaúchas de futuras edições da Monsters Tour.

A estrutura local contou com qualidade e potência de sons bastante boas (para quem estava na Pista Premium, ao menos) e telões com excelente qualidade. Infelizmente as filas de entrada e saída assim como os serviços de banheiros e alimentação/bebidas deixaram a desejar.

O show de abertura contou com a apresentação da banda local Zerodoze, mas confesso que tratando-se de um dia útil, não consegui assistir. Entrei nas dependências do estádio exatamente às 19:30, e ao passar pela entrada ouvi os ruídos da massa presente indicando que a apresentação do Motörhead iria se iniciar, dissipando qualquer dúvida sobre o estado de saúde desta verdadeira instituição do rock pesado mundial Lemmy Kilmister.

Motörhead Setlist Estádio Zequinha, Porto Alegre, Brazil 2015, Aftershock Tour

O destaque deste show fica para Mikkey Dee que mostrou energia e técnica impressionantes, fazendo, na minha opinião, o melhor solo da noite.

Enquanto se desenrolava a sequência de 15 músicas em 70 minutos alternando entre clássicos da banda com músicas do último álbum chamado Aftershock, me recordava de algumas discussões ocorridas nos Podcasts do Minuto HM a respeito do eventual valor menor de músicas menos elaboradas tecnicamente. Pois bem quando divagava sobre o sucesso encontrado pelo Motörhead ainda que sua discografia mostre músicas bastante simples, ainda que poderosas, o que poderia aproximá-los estilisticamente do punk-rock de bandas como Ramones ou Iggy Pop, iniciou-se o clássico Ace of Spades e deu-se início espontâneo a uma pequena “roda punk” a poucos metros de onde me encontrava. Bem, vejamos o que os colegas pensam deste tema…

Após 32 minutos de intervalo e 3 minutos antes do programado (21:12) iniciou o show do Judas Priest.

Judas Priest Setlist Estádio Zequinha, Porto Alegre, Brazil 2015, Redeemer of Souls

O setlist, de 13 músicas em 73 minutos, além do esperado desfile de clássicos apresentou as 3 primeiras faixas do último álbum da banda, Redeemer Of Souls. Da banda, além da correta porém sem brilho cozinha (aliás, somente Ian Hill é membro original da banda, uma vez que Glenn Tipton e Rob Halford). A dupla de guitarristas apesar de mudada com a entrada de Richie Faulkner no lugar de K.K. Downing mantém um bom entrosamento. É de se notar a intensidade com que o novato age no palco, tentando impregnar um pouco de seu sangue novo à banda e ajudando o Metal God no trabalho de agitar a massa.

Aliás, Rob Halford ainda consegue apresentar uma performance muito acima da média. Nesta turnê “Redeemer of Souls Tour” em Porto Alegre, ele já cantava seu 51º show de um total previsto de 96 shows em 10 meses. Isto não é um passeio para um senhor de 63 anos. Como comentei no grupo de WhatsApp do Minuto HM, “Halford ainda canta pra “baralho. Só não compara com o antigo Halford”. Sim, ele é ajuda com alguma tecnologia nos agudos mais destacados mas fica claro que ele ainda tem uma belíssima lenha para queimar. Destaca-se também a quantidade expressiva de roupas que Halford usou durante o show, talvez servindo de garoto (nem tão garoto assim) propaganda de sua linha de roupas Metal God Apparel.

Quero destacar a 4ª música do set, Victims of Change. Que pérola do Heavy Metal. Chego a pensar que esta música possa até ser classificada como metal progressivo dada as variações apresentadas. Somente este petardo valeria o salgado preço do ingresso. E divago se esta música, lançada em 1976, não teria sido um componente na criação das guitarras duplas do Iron Maiden.

Enfim, um showzaço que, na minha opinião, foi o melhor da noite em termos de setlist.

Para finalizar, dez minutos antes da hora marcada, entra em cena o “Prince of Darkness”.

É impressionante a resposta da plateia presente. Fez parecer, em termos de nível de excitação do público que os shows anteriores eram apenas aberturas para Ozzy. Não se pode negar que este artista, seja por seus méritos, seja pela qualidade de sua esposa/empresária Sharon Osbourne atingiu um nível de popularidade “mainstream” incomum entre músicos de heavy metal.

A grande novidade do show (e aparentemente da turnê) é a utilização de um dispositivo lançador de água com sabão por Ozzy. Até contra sua própria cabeça. É verdade que, por duas ocasiões, ele recorreu ao velho expediente do balde d’água para “refrescar” a plateia.

A banda que o acompanha não surpreendeu em nada. Um baixista discreto (e como se sente falta do baixo do grande Geezer Butler nas músicas do Sabbath), um guitarrista que reproduz à risca as músicas que toca, mas que não mostra maior criatividade (inclusive em seu solo, que me pareceu pouco inspirado e apenas pirotécnico) e um grande baterista, que espanca os couros e pratos incansavelmente.

O set list me pareceu um pouco irregular (ao menos para o meu gosto) pois algumas músicas tinham um ritmo menos intenso, quebrando a adrenalina do show. Devo dizer, no entanto, que a resposta do publico foi excelente, o tempo todo.

Para concluir, uma história pessoal. É incomensurável o efeito positivo que a música, especialmente o rock pesado tem na minha vida pessoal. Mas desta vez pode ter até salvado a minha vida. No início do ano um amigo me convidou para uma aventura sensacional: fazer um trekking no Nepal, tendo como objetivo máximo chegar ao Acampamento Base do Everest. Na proposta havia uma ideia de data de saída, considerando que a alta temporada para trekking e escalada naquela região são os meses de abril e maio. E meu amigo disse que só poderia sair de Porto Alegre após 21 de abril. Consultando a “Agenda do Patrãozinho“, verifiquei que o show da Monsters Tour em Porto Alegre seria em 30 de abril, então marcamos o voo de ida para o dia 01 de maio. Em vista do desastroso terremoto ocorrido em 25 de abril, a viagem foi cancelada. Ou seja, se não fosse por este show é muito provável que já estivéssemos em território nepalês correndo efetivo risco de vida. Quem disse que o metal não salva vidas?



Categorias:Artistas, Black Sabbath, Cada show é um show..., Curiosidades, Judas Priest, Músicas, Motörhead, Resenhas, Setlists

5 respostas

  1. Excelente!!!!!!!
    Ainda estou lendo

    Rolf

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  2. Schmitt, post, relato, conclusões e fotos excelentes, tiro meu chapéu – e olha que agora até tenho um emprestado em casa para tirar!

    Fico feliz que as principais atrações do Monsters tenham tocado em várias cidades pelo Brasil, e você teve aí um “mini Monsters”, e com a sorte de ter podido conferir o Motörhead provavelmente pela última vez, algo que os paulistas talvez não tenham mais chance de conferir também.

    Rolf, Marcus Batera, eu, todos nós deveríamos falar mais do final de semana Monsters 2015 em SP, pois foi excelente em termos musicais… obrigado por “puxar a fila” e registrar este momento igualmente excelente / histórico em sua cidade.

    Agora, talvez mais incrível ainda é a história final do post… é surreal… pois é, quem disse que o metal não salva vidas? Cara, confesso que fiquei “engasgado” com o relato, e claro que feliz pelo final de tudo… da mesma forma que a catástrofe por lá foi (está sendo) terrível, fico pelo menos aliviado de não ter meu xará do blog em uma situação como estas, e de quebra ainda teve a chance de conferir os fantásticos shows.

    Que Nepal se recupere logo e vida longa, Schmitt… e à agenda de shows, ao blog, ao Lemmy, Ozzy, Halford, Kiss e ao heavy metal…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  3. Estou voltando a ler algum material atrasado aqui do blog depois de uma semana e meia bastante conturbada, e me deparo com essa excelente cobertura do tal ” mini-monsters”, apelido trazido pelo Eduardo no comentário acima.
    Mas o autor aqui é o xará mais ilustre do blog, trazendo os detalhes de Porto Alegre, que sem dúvida entra como a segunda opção entre as capitais do Brasil, no cenário metal.
    Acho que a escolha é acertada, a capital do RIo Grande do Sul é daquelas poucas cidades que vem prestigiando o gênero, algo que aqui no Rio de Janeiro já se perdeu.
    Schmitt, as fotos estão excelentes , assim como todo o texto. Ótimo ver que Lemmy pode sim estar se recuperando, depois do susto em São Paulo. Estamos torcendo para que a recuperação seja plena. O batera do Motorhead sempre foi o destaque da banda, desde sua entrada. O cara sobra, em energia e técnica, bate com suas impressões fidedignamente.
    Acho que o Judas tem uma bela sobrevida, tanto pelo novo álbum quanto pelo novo integrante, ainda que KK sempre faça falta. Scott Travis , pelo seu texto, entrou numa zona de conforto, já que sabemos de sua capacidade. Uma pena…. Quanto a Harlford , fico feliz de ler suas linhas e percebê-lo em boa forma. Poucos vocalistas ainda conseguem, ainda mais considerando o estilo do Metal God. Ótima notícia, esta!!!!
    Parece que o show de Ozzy decepcionou um pouco, pelo menos foi o que entendi. Gus G é um ótimo guitarrista, assim como o ” Jesus Cristo ” que acompanha Ozzy não só na carreira solo, mas também nos shows do Sabbath. Aqui, provavelmente ambos estão tolhidos pelas rédeas de Sharon, algo perfeitamente normal e comum aos integrantes que já se revezaram nas fileiras do MadMan. Posso estar errado, mas acho que durante toda a carreira de Osbourne apenas Randy Rhoads e Zakk Wylde tiveram alguma notoriedade além do previsto em seus papéis. Assim, o show depende muito do próprio Ozzy, que nem sempre está no seu melhor momento.
    Termino este longo comentário para ressaltar e solicitar novas coberturas vindas de Porto Alegre, sempre que possível. E também relletir sobre o acaso , que favoreceu o nosso amigo das terras do Sul. Além disso, agradecer ao Deus Metal por isso.

    Alexandre

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  4. Voltando aqui
    Excelente post do Schimtt
    Voltei para ler e traz de forma bem estruturada os shows
    Schimit mande mais posts dai

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