Kiss e o Brasil na década de 1980

Por Marcelo Kenji Miki. Introdução por Eduardo.

O Minuto HM é um espaço aberto e muitos que escrevem por aqui hoje, em posts ou comentários, ou participam de nossos podcasts, acabaram chegando de distintas “origens” da internet – ou mesmo no velho e tradicional “convite”.

Como espaço aberto, incentivamos a todos os interessados que participem por aqui. E é com muita satisfação que hoje o espaço ganha mais um belíssimo texto, desta vez do Marcelo Kenji Miki que, através do nosso formulário de Contato, entrou em contato conosco para vermos se tínhamos interesse em receber materiais da década de 1980 da Revista Somtrês.

Pedi-lhe então a gentileza de preparar um texto para acompanhar as fotos e o que se vê abaixo é mais uma verdadeira “aula oitentista” de como era difícil gostar de metal em nossas terras na década da explosão de tantos e tantas bandas, com direito às primeiras passagens destas pelo Brasil.

Sem mais delongas e agradecendo imensamente ao Marcelo pela dedicação e por nos compartilhar tal riqueza (que espero e torço para que tenha sido só a primeira de muitas neste espaço), vamos logo ao post!

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Eduardo.

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Neste ano de 2015, fui há alguns meses atrás na Cidade da Criança em São Bernardo do Campo acompanhar minha filha numa festa de aniversário infantil. Lembrei-me que meus pais me haviam levado lá quando criança e daí comecei a fazer as contas de quantos anos haviam se passado e me dei conta de que foram 40 anos. E nesta época, quando tinha 7 anos, os meus heróis eram o Homem Aranha, Capitão América, Homem de Ferro, que saíam pela Editora Bloch.

Esta fascinação pelos super-heróis também era exacerbada pela indústria cinematográfica, que em 1978 havia lançado o Superman com Christopher Reeve e em 1980 o Supeman II.

E em 1980 também teve o lançamento do filme Flash Gordon, cujo cartaz destacava que trilha sonora era composta pelo grupo Queen. Apesar de não ter gostado tanto do filme, acabei comprando a trilha sonora em LP e um pouco mais tarde acabei adquirindo também o The Game, cujas músicas do LP estavam tocando adoidado nas rádios FM, como Play The Game, Another One Bites the Dust, Save Me, Crazy Little Thing Called Love. Estas edições nacionais de LP do Queen até que vieram bem caprichadas pois vinham com o seus encartes e direito a letra da música. Mas mesmo assim a tiragem nacional do The Game não veio com o acabamento espelhado como ocorreu lá fora.

E para a alegria dos fãs brasileiros no ano de 1981 finalmente um super-grupo como o Queen iria fazer um dobradinha de shows no Estádio do Morumbi em São Paulo, com direito a transmissão pela TV Bandeirantes.

Apesar do Queen se mostrar pesado quando queria, sentia que queria mais um pouco de peso. E no mesmo ano de 1981 (quando já tinha 13 anos), a caminho da escola, vejo pendurado na Banca de Revistas (Av. Pedroso de Morais e Rua Pinheiros, em SP, Pinheiros) um cartaz da Revista Poster da Somtrês, com uma chamada intitulada “Kiss – A Fúria Colorida do Rock Pauleira”. Ali estava marcada a ampliação de meu Mundo dos Quadrinhos para o Mundo do Rock.

Naquela época cabe contextualizar que o acesso à informações era muito restrito comparando-se com o que temos hoje através das Internet e Google, que através de umas clicadas chegamos a discografia completa de uma banda, letras, entrevistas, fotos, vídeos, etc. Parêntesis a parte, mulher pelada então era algo do submundo, acessível somente para quem tinha irmão mais velho, desde com a inocente Playboy até aquelas revistinhas suecas ou ainda o trash dos quadrinhos do Carlos Zéfiro.

Como fiquei muito curioso com a Revista Especial da Somtrês, acabei comprando-a e a li repetidas vezes, levando me a comprar o primeiro disco/LP de Heavy Metal de minha vida, o Kiss Destroyer, já que o próprio texto enaltecia como sendo o melhor disco do Kiss. Por outro, fui levado também pela bela capa de alto impacto, que mais parecia com a capa de um gibi da Marvel.

O LP Kiss Destroyer lançado no Brasil pela Polygram nesta época tinha o logo alemão e não o oficial e não sei o motivo. Como o texto assinado pelo jornalista Paulo Ricardo Medeiros, que após alguns anos iria fundar a Banda RPM, tinha acertado na qualidade do disco, em parte comecei a tomar como verdade absoluta certas críticas dos discos nesta série especial de revistas, assim como da Revista Somtrês, que tinha como críticos jornalistas como o Maurício Kubrusly e Ana Maria Bahiana. Só anos mais tarde, criei meu próprio senso crítico.

Da mesma forma que os Quadrinhos Eróticos do Carlos Zéfiro impressos em máquina Xerox, havia o Fanzine da Rock Brigade, da qual eu não adquiria pois havia muitas bandas com discos que não tinham prensagens nacionais e eu como “pé rapado”, não tinha condições de arcar, logo ficava limitado aos discos nacionais mesmo. Quem era mais abastado acabava comprando as tiragens importadas em lojas como a Woodstock Discos.

Para falar a verdade nem me lembro onde as pessoas adquiriam o Fanzine Rock Brigade, já que o considerava bem outsider, mas muito bem escrito.

Na sequência acabei adquirindo o “The Elder”, já que a matéria do PRM não denegria o disco e até elogiava no final do texto, talvez por ser na época o último da banda. Eu não engoli direito o “The Elder”, mas não considero-o, como muitos fãs, um péssimo trabalho, já que até gosto. A sequência das músicas do LP lançado no Brasil não seguia a concepção original.

Na seção de cartas da Revista Somtrês daquela ano muita gente acabou revelando que mal sabia que o Eric Carr era o novo baterista do Kiss e que nem sabiam que ele já havia tocado no “The Elder”, para ver o nível de acesso de informações que tínhamos na época.

Em relação aos vídeos do Kiss, o que tínhamos naquela época era um programa semanal chamado Som Pop que passava na TV Cultura, com os vídeo clipes das bandas. A gente tinha que assistir um monte de B52, Lionel Richie, Devo, Duran Duran, Stevie Wonder, Cyndi Lauper, etc que eu detestava na época até poder assistir um grupo mais pesado. O vídeo cassete já havia chegado naquela época e meu pai adquiriu um Sony Betamax. Assim, pude gravar os clipes no momento quando passavam para que pudesse reassistir diversas e diversas vezes. Nestes anos do Som Pop gravei do Kiss os clipes I Want You, Love ‘Em And Leave ‘Em, Hard Luck Woman do Rock and Roll Over e I Love It Loud do Creatures of the Night. Um clipe que nunca conseguia gravar em vídeo cassete era o Rock and Roll All Nite do Dressed to Kill/Alive!, já que passava muito pouco. Como a recepção do sinal da TV através da antena não era lá aquelas coisas, muitas vezes eu gravava o mesmo clipe para poder conservar aquela versão com menos fantasmas/sombras.

Além dos videoclipes, outra opção para os fãs mais die-hard era através de uns cineclubes que passavam numa sala minúscula através de um aparelho de vídeo cassete e um telão alguns shows. Em São Paulo, os cineclubes que haviam era o Carbono 14 próximo ao Viaduto da Av. Nove de Julho e o Rock Show no Shopping Cal Center da Av. Brigadeiro Faria Lima. Era um bando de moleques amontoados, cheirando a álcool e suados vendo shows como o Iron Maiden: Live At The Rainbow, com Paul Di’Anno nos vocais, Black Sabbath: Never Say Die Tour, Black Sabbath & Blue Öyster Cult: Black and Blue Tour, etc. A programação do dia a gente tinha que ver na seção de Cinema dos Jornais Impressos, como o Estadão.

Outra contribuição cinematográfica para a montagem do acervo pessoal musical foi a animação cinematográfica Heavy Metal de 1981, mas que só consegui assistir em 1983, numa sessão especial para o colégio, que tinha uma agenda cultural interessante. Apesar do título do filme ser Heavy Metal, a trilha passava longe de ser Heavy, mas com grande destaque para a música Mob Rules do Black Sabbath.

E em 1983 veio a notícia que viria estremecer os solos brasileiros: o Kiss viria para um sequência de shows no Brasil. E não deu outra, tive que insistir para meu pai me levar no show do Morumbi com meu irmão que nem era muito fã do Kiss. Mas daí veio uma notícia estranha junto do estardalhaço, que seria a ausência de Ace Frehley e um novo figurinha chamado Vinnie Vincent.

A Revista Somtrês acabou requentando a marmita e lançou outra revista poster especial já com a nova formação e a resenha do Creatures of The Night. A passagem do Kiss no Maracanã teve direito a um programa especial, para variar recheado de baboseiras da TV Globo.

No Brasil, o LP Creatures of The Night veio lançado com um encarte com as letras, coisa rara naquela época.

Em relação ao show do Morumbi, eu mais escutava do que via, já que naquela época não havia telão. Logo só vi uns “carinhas” do tamanho do meu dedo mindinho. Mesmo assim o tempo passou rápido, pois conhecia as músicas.

Para uma vertente de alienados ou fanáticos, o Kiss era a representação do Diabo e contava-se na época que eles pisavam pintinhos no palco.

Outra coisa pouco comentada era que naquela época havia outra vertente de roqueiros mais “true” que consideravam o Kiss como um conjunto de 2a categoria, recebendo a alcunhas de fake, comercial, vendido, para criancinhas, músicos medíocres, etc. E em contraposição o must eram o Motörhead, Black Sabbath, Judas Priest, etc. Caso quisesse ser mais true metal, daí tinha que falar que gostava do Manowar, Anvil, Venom, sendo que estes grupos não tinham tiragens de LPs nacionais, só importados. A saída então era apelar para comprar as gravações dos LPs oficiais em fitas cassete que algumas lojas da Galeria do Rock faziam este tipo de cópia ou então pedir para algum amigo gravar (mas todos os meus amigos éramos uns fud****). Eu mesmo adquiri uma cópia da cópia, que foi um disco não-oficial chamado Bats Head Soup de um show do Ozzy Osbourne com Randy Rhoads.

Este tipo de bullying contra quem apreciava um determinado grupo fez com que eu não assumisse publicamente que gostava também do Mötley Crüe, cujo LP Shout At the Devil havia recebido uma crítica um tanto negativa pela Revista Somtrês. 

Naquela época, a imprensa de modo de modo generalizado não dava a mínima importância para os grupos de rock. A TV era outro antro que abominava o Heavy Metal, sobrando então poucas alternativas, como por exemplo as rádios, sendo que alguns programas passavam em horários malditos e que dificultavam o acesso, principalmente para quem precisava acordar cedo para ir na escola. As revistas também não davam bola e sobravam então as revistas importadas como a Hit Parader que a gente folheava na Livraria Siciliano.

Logo após o sucesso na América do Sul, o Kiss resolve dar uma cartada de peso. Tira as máscaras e lança o Lick it Up.

Como não consegui absorver o impacto desta mudança e pressionado por algo “mais adulto”, o posto de grupo mais preferido logo foi tomado por um outro conjunto que estava criando uma verdadeira legião de fãs (ou seria religião, dado o fanatismo), que seria o iron Maiden. Neste cenário de escassez de informações, os fãs de Heavy Metal devem agradecer o papel do Paulinho Heavy na introdução do Iron Maiden no Brasil. Mais detalhes aqui.

O Programa Som Pop na Tv Cultura exibiu os vídeo clipes de The Number of the Beast e Run to the Hills deixando a galera em polvorosa. Os LPs do Maiden foram lançados detrás para frente  a partir do The Number of the Beast, sendo também lançado nesta batelada o EP Maiden Japan.

Em 1985 é realizado o Rock in Rio, onde não pude ir, mas assisti pela Rede Globo algumas chamadas [NOTA DO EDUARDO: com a primeira passagem do Iron Maiden pelo país]. Numa perigosa mistura de estilos, estavam lá “os metaleiros” ao lado de outras tribos. E eram troca de farpas por todos os lados. O Herbert Vianna do Paralamas do Sucesso fez uma entrevista nas Páginas Amarelas da Revista Veja, onde falava que o Angus Young do AC/DC tinha dedos duros. Mais uma vez o Queen arrasava na platéia brasileira.

[ATUALIZAÇÃO EM 27/JUL/2015] – entrevista com Herbert Vianna:

Veja_1985_ACDC

Outro fato interessante a ser destacado na década de 80 é que verdadeiras obras primas do Heavy Metal estavam sendo lançadas nesta época e competiam a atenção do público, desfavorecendo o Kiss, que viu surgirem novos ícones. Para ilustrar estas pérolas do rock, logo no começo da década de 80, seriam lançados o British Steel pelo Judas Priest em abril de 1980, o Back In Black pelo AC/DC em julho de 1980, o Ace of Spades pelo Motörhead em novembro de 1980. E tivemos muita sorte de termos estes discos lançados no Brasil nesta época.

Um pouco antes no finalzinho dos anos 70, outro grupo que explodiu e que teve uma passagem não muito elaborada, foi o Van Halen, no mesmo ano em que o Kiss fez sua apresentação.

A vinda de um grupo para terras brasileiras sempre era uma comemoração a parte, mas de forma coincidente com meu gosto pessoal, sempre considerava uma maldição a passagem pelo Brasil pois considerava o trabalho seguinte dos artistas sempre mais fracos.  Por exemplo, após a vinda do Queen no Brasil teve o lançamento do decepcionante Hot Space, da qual só tem o megahit Under Pressure. Já o Iron Maiden lançou o Somewhere in Time, que considero que bem mais fraco que os trabalhos anteriores. O AC/DC após o estrondoso show  do Rock In Rio lança no mesmo ano o fraquísssimo Flick of Switch, sem mais a ajuda valiosa do produtor Mutt Lange. O Whistesnake teve mais sorte e teve umas das melhores formações da banda até hoje, com John Sykes e Cozy Powell, lançando Slide It In.

Após o furacão do Rock in Rio, o movimento do Hair Metal começou a ganhar muita força e muitas bandas começaram a se adotar uma abordagem à la Bon Jovi, o que achei de muito mal gosto.  O próprio Kiss foi contaminado por este movimento, bastando ver o clipe do Heaven’s on Fire do Animalize.

Para contrapor este movimento do Hair Metal, surgiram outras forças como o MetallicA, Megadeth e Helloween. Mas isto é outra história.

Em suma, no Brasil dos anos 1980 tínhamos acesso muito restrito às informações, bem como dos discos de vinil. A qualidade destes discos também não era lá estas coisas, tanto no que se refere a parte gráfica como no próprio som. Os equipamentos de áudio mais sofisticados sempre foram caros e o que tínhamos de mais acessível de qualidade eram os equipamentos da Gradiente. De resto só importado mesmo. Instrumento musical naquela época era o nacional Giannini, do qual acabei comprando um usado, que era um baixo réplica do Rickenbacker, que comprei através de um jornal de classificados chamado Primeira Mão.

Marcelo.

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Imagens das Revistas Especiais da Somtrês:

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Categorias:AC/DC, Artistas, Black Sabbath, Bootlegs, Curiosidades, Discografias, Entrevistas, Helloween, Instrumentos, Iron Maiden, Judas Priest, Kiss, Manowar, Mötley Crüe, Megadeth, MetallicA, Motörhead, Off-topic / Misc, Queen, Resenhas, Van Halen, Whitesnake

22 respostas

  1. Marcelo, recebido via Twitter:

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Muito bom, muito mesmo. Eu nasci em 27/09/1981, comecei a gostar de Rock em 1994, com Aerosmith e Guns n’ Roses. Mas a “sombra” do cinema sempre esteve por aqui, e nos últimos 16 anos tem tido uma predominação muito forte em mim, por causa do Star Wars (1999-2005), devido ao fato de eu ser fã dos antigos, e o fato do sai-nunca Chinese Democracy. Aí saiu lááá em 2008 mas eu já era outro e o disco não entusiasmou: não deixaria de comprar um dvd do Stanley Kubrick para comprar Chinese Democracy.
    Sobre o Queen: gostaria de ver seus comentários sobre o bd Days of Our Lives.
    Sobre o Kiss: que tal as revistas de hoje lançar um poster com a capa do Creatures of The Night?
    Abraços!

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  3. Eu vou dizer o que disso aqui? Rolf, Aonde isso vai parar?
    SENSACIONAL o resgate que podia ter sido escrito por mim ou pelo Ale, Rolf, enfim por aqueles que participaram desta época. Antes de tecer mais alguns comentários, vou elogiar a iniciativa e novamente parabenizar aos dois mentores deste post.
    Ao Marcelo pela iniciativa de disponibilizar as revistas e principalmente as lembranças.
    Ao Eduardo (como sempre) pela visão de sei lá quantos anos atrás de criar este blog, e olhe onde chegamos.
    São muitos comentários, vou tentar ser sucinto.
    – As revistas: Tinha as duas, tinha a Manchete da vinda do Kiss e mais algumas outras. Acho que não tenho mais nenhuma dessas. Vou pesquisar e acrescento aqui o material que tiver. Sobre as da SOMTRES. Eu tinha pelo menos 2 copias de cada, e transformei os posters de uma das copias em posters emoldurados e coloquei na parede de um certo quarto em Vila Isabel – RJ. Além dos dois posters ainda haviam outros três que representavam cada fase da banda (até então). Então os outros posters eram da fase com Peter/Ace, que comprei de um amigo de escola, Do recém lançado Animalize (com Mark) e também um importado que ganhei do Claudio (foi isso mesmo – confirmem ai) com o Bruce Kullick na fase Asylum. Rever as revistas (que não sei onde foram parar) escaneadas, é como se literalmente eu as tivesse de novo, e vou salvar os jpgs e remontar para ler e isso, não tem preço – fico eternamente grato.
    -Ainda sobre as revistas, acrescento nesta época também começou a publicação da mais especializada tupiniquim revista que foi a METAL. Essas eu salvei – estão emolduradas (na sequencia) – acho que tenho todas ou quase todas. Vou tentar fotocopiar algumas e acrescentar aqui tb.
    – As lembranças do Marcelo – vou acrescentar também um pouco do que lembro.
    a) O Filme flash gordon e o Queen. Eu vi no cinema e achei ruim pacas, gostava da música, e associava pouco ao Queen. Aliás não tinha muita ligação com a banda, que fui curtir mais à frente.
    b) O LP Kiss Destroyer com o logo alemão: bom eu comprei essa edição (são de 1981), alem do outros que eram (bizarramente) desta forma (Rock Roll Over, Love Gun, Dressed To Kill). Eles estão aqui e registrados nos posts da discografia Kiss. E de primeiríssima mão digo que irei atualizar a discografia com os novos discos comprados no japão (com o logo normal), assim como o post dos vinis com a (será?) nova finalização da discografia. Também não sei porque a gravadora resolveu copiar em alguns discos o logo esquisito. Recentemente verifiquei que as versões brasileiras anteriores, provavelmente lançadas na época do lançamento de cada disco, tinha o logo normal, mas (também como dito) a qualidade era péssima (vou explicar melhor no adendo do post dos vinis ou da discografia).
    c) O The Elder também tá no post da discografia, lançado com a ordem modificada pela imposição da gravadora casablanca. Este como dito lá, é um dos meus prediletos, da minha formação predileta da banda, e acabei comprando um outro vinil na ordem correta (um japonês e outro da recém lançada coleção em vinil). Mais detalhes nos posts que serão modificados.
    d) A desinformação da época. Me identifiquei com quase tudo que foi dito, ao lance do video cassete, das salas de projeção, dos programas de tv (embora no RJ não passava o SOM POP e sim um tal de BB Video) e principalmente às baboseiras do programa da Globo e também do que era escrito. Eu não percebi na época (1983) que o KIss sofria uma espécie de discriminação, mas depois, próximo ao Rock In Rio, com a vinda do Iron Maiden e outras, realmente haviam muito mais fãs do Iron e Sabbath e houve um certo desprezo ao Kiss, que logo após também se dirigiu a um som mais hair metal e deu uma descambada até o Revenge.
    e) Eu não sabia desta besteira que o Herbert falou sobre o Angus – seria verdade ou uma matéria montada? Achei muito esquisito.
    f) A tal Maldição da Passagem no Brasil. Essa eu nunca associei. Realmente há alguns discos piores, com o flick of the switch ou o Hot Space e até (talvez) o Somewhere in Time (apesar de que meu irmão considera um dos melhores da banda). Mas o Whitesnake lançou o Slide it In antes da sua vinda e ficou um bom tempo sem lançar nada até o “serpens album” de 1987 (que para muitos é o começo do fim) mas eu gosto do disco. O Ozzy também lançaria um album mais fraco (Ultimate Sin), assim como o Scorpions, Mas e o caso do Judas, que não veio, acabara de lançar o Defenders Of The Faith, não veio ao Brasil na época, para lançar em seguida o Turbo? Enfim acho um bom tema para o podcast.
    g) E pra finalizar eu comprei também um Gianinni Rickenbacker que já modifiquei todo (botei até o logo do Rick, troquei a parte elétrica e repintei) até que o acesso aos importados me facilitou a compra dos Ibanez e Yamaha.

    Bom como dito ai em cima, fiquei com bastante dividas que irei matando pouco a pouco.
    Ah, e vou ler as revistas.
    Abraços
    Flavio Remote

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  4. Pessoal antes de mais nada grato pelo espaço cedido aqui no Minuto HM, já que o que eu fiz foi uma verdadeira catarse que precisava compartilhar com pessoas que viveram aquela época, que em meu ponto de vista, foram os anos dourados do Heavy Metal. Em relação aos comentários do Flavio Remote, de fato aqueles trechos mais escabrosos de meu texto merecem os seguintes comentários nos itens e) e f). Apenas para contextualizar mais uma vez, quando se é “aborrescente” a gente radicaliza tudo, beirando o fanatismo. Mas em relação ao Herbert Vianna eu não cometi e engano e pode ser cehcado no Arquivo Digital Virtual da Revista Veja, Edição 858, 13 FEV 1985, Pág. 6. Eu fiz um PrintScreen mas não consigo colar aqui e vou passar para o Eduardo. Taí, matei a cobra e mostrei o pau, kkkkk! Já quanto a maldição, de fato isto é algo puramente pessoal, mas como era um fanático tanto pelo Kiss, Iron Maiden e AC/DC, tomei isto como verdade absoluta. Logo me perdoem e não quero que generalizar tamanha asneira. Como disse, oi coisa de aborrescente. Grande abraço a todos os leitores do Minuto HM!!!

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    • Blz Marcelo, fico aguardando a tal revista e o Herbert.
      Quanto a maldição, dá pra “aceitar” o Iron e o AC/DC, com o Somewhere (que acho ótimo, mas mais leve – sem duvidas) e o Flick Of The Switch (um disco fraco).
      Mas o Kiss depois do Brasil, teve como maldição a retirada das mascaras? Afinal o Lick It Up, que saiu logo depois é um ótimo disco, um pouco mais leve que o Creatures, mas mais pesado que os anteriores do Kiss. Acho que a descambada viria mais à frente com o Asylum, não?

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  5. Marcelo, obrigado por trazer todo esse material e suas impressões desta época por aqui. Eu ainda vou voltar para traçar um comentário mais acurado sobre todo este conteúdo, mas hoje deixo pelo menos dois assuntos iniciados :

    -Bem, aqui em casa certamente tem algum material em revistas, recortes de jornais e acredito, algumas dessas revistas posters da SomTrês. É complicado dizer que eu não sou dos mais organizados nisso e além de tudo, o dia tem apenas 24 horas. Mas quem sabe eu me organizo, venço a batalha com o tempo e tento trazer alguma coisa por aqui também?

    -O filme Flash Gordon : Lembro de ter visto no cinema, lembro de ter achado ruim, lembro da boa música do Queen.
    Hoje ele está disponível por streaming na íntegra pelo youtube.
    Dei uma checada e fiz uma outra confirmação e uma nova constatação:

    -Um dos atores-rivai de Flash era um certo futuro James Bond Timothy Dalton
    -Eu sempre achei o filme uma porcaria , mas na minha vaga memória ficou a lembrança que uma certa atriz (no papel de Princess Aura) era, digamos, bem bonita. Lembro que ela dava de dez a zero na mocinha que fica com o Flash Gordon . Foi conferir hoje e, bem, acho que minha memória não é das piores…

    E ao som do Queen, ( no último vídeo), ainda fica mais, digamos, legal…

    Alexandre

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    • Blz, já que a coisa deu uma descambada para os trechos do bizarro flash gordon (é ruim pacas mesmo…)
      Solto nova pérola e nova musa – Aí na TV, no mesmo estilo futurista e tão ridículo quanto.
      Buck Rogers e a tal Erin Gray animando a minha aborrecência…

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  6. Que presente ler esse post hoje. Obrigada Marcelo e galera do HM.

    Era criança nos anos 80 mas meu pai era músico, então convivi sempre com essa galera. Ele tinha uma banda de metal chamada Jaguar – chegou a ter um certo sucesso incipiente aqui em SP. O nome dele era Theo Godinho.

    Ele tinha um poster monstruoso do KISS na sala de casa e eu morria de medo do Gene Simmons – coincidentemente, foi a primeira banda de rock que aprendi a gostar.

    Essa juventude roqueira dos anos 80 no Brasil sofreu, mas viveu muita coisa legal. Hoje não existe mais essa essência. Muito legal ver esse texto.

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    • Olá Thais, novamente bem-vinda ao espaço e o presente é nosso de contarmos com você comentando no Minuto HM.

      Seu pai é de nosso conhecimento, afinal mesmo fora de SP teve repercussão positiva, ou seja, é de conhecimento de uma boa parte da galera do blog que viveu intensamente os anos 80, época áurea do metal e que no Brasil, todos sofriam para conseguir ter um pouco que fosse de acesso à notícias e mesmo aos LPs. Não falo por mim pois sou de 1982, então também era criança na época, ainda que também pelo pai já começava a ouvir rock.

      Novamente, agradeço em meu nome e so blog pelo seu comentário, é uma honra e continue participando!

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  7. Esse texto da revista especial do KISS de 1983 foi escrito pelo Paulo Ricardo Medeiros, que nada mais nada menos é o cantor Paulo Ricardo do RPM!!!!

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  8. Precisamente, Volnir, à época um jornalista em potencial !

    Alexandre

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  9. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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