Minuto HM em Londres – The Ruskin Arms e Boleyn Ground (West Ham United)

Não tão longe do Cart & Horses, está localizado até hoje outro lendário pub em termos de história do rock, especialmente o heavy metal, também no leste londrino. O The Ruskin Arms serviu de “plataforma”, especialmente nos anos 1970 / 1980, para o movimento que começava a ganhar cada vez mais força, tendo como o grande exemplo – e das que poucas que realmente “vingaram” – o Iron Maiden.

Chegar no local naquela noite tarde não foi difícil, ainda que o local esteja localizado entre ruas que mostram ainda com mais intensidade do que o que foi observado perto do Cart & Horses uma população basicamente composta por imigrantes. Indianos, muçulmanos, o que era difícil por ali era ver um inglês. No inverno europeu, mesmo no período da tarde, já era noite mesmo antes da entrada no pub e, apesar da proximidade com a estação do metrô, caminhar por ali não foi confortável; sacar uma máquina grande idem; ainda que absolutamente nenhum sinal de perigo real tenha sido visto.

Ao longo da High Street North, não se observam turistas, não há máquinas fotográficas penduradas no pescoço ou pessoas admirando locais: há, entretanto, muito comércio que se pode entender como dos mais populares que se pode encontrar na cidade ; restaurantes que atendem aos moradores da região e alguns estabelecimentos “obscuros”. A cada cruzamento, se vê uma Londres que não aparece no livrinho de turismo ou que as pessoas querem falar sobre.

Presente como parte integrantes do Ruskin Hotel, o pub, nos dias atuais, não traz mais tantas referências ao heavy metal, ainda que em seu site oficial haja um esforço para que se enviem materiais dos anos 1970 em diante à eles. Como o site também não é claro quanto ao funcionamento, também havia o risco de chegar no local e não vê-lo aberto, ou mesmo estar fechado para reforma, não existir mais… não havia uma fonte confiável. O jeito foi arriscar perguntar via Twitter, algo que deu certo:

IMG_4366

Assim, sendo bem direto aos fãs, especialmente do Iron Maiden, o pub não é como o Cart & Horses, que basicamente mantém como seu principal trunfo demonstrar que é o “Birthplace of Iron Maiden”. Então, de verdade não se “sente” aquela atmosfera toda – é preciso um certo “esforço” para entender o significado do local, tantos anos depois. Quem está passando pela rua e não se atenta ou não conhece, vai notar mais a arquitetura do prédio, do hotel, do que observar o pub.

Já do lado de dentro, o que se vê é um pub com iluminação mais clara que o normal da Inglaterra, muito em conta por ser também hoje o local oficial para refeições do próprio hotel. Ou seja, hoje em dia é um local que traz ainda referências ao seu passado, mas que mudou seus apelos. Mesas espaçadas e uma mesa de bilhar com um sofá para quem está jogando tomam a maior parte do local. Há um grande telão usado especialmente para dias de jogos.

Entre um ótimo vinho espanhol e excelentes chips, perguntei à bartender e ela me comentou que ainda se vê muitos fãs de metal passando por ali, especialmente pelo Iron Maiden, mas que as maiores concentrações mesmo são nos dias de jogos. E há fãs que se hospedam no hotel também, ainda que isso não seja nada comum, segunda ela.

É um local agradável, custando pelo menos a metade do praticado nas zonas 1 e 2 de Londres. Se vale a pena visitar? Caso tenha tempo, já esteja pela parte zona leste da cidade e como fã de metal e de Iron Maiden, sim. Do contrário, talvez não empolgue tanto.

Como chegar:

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Como bônus desse dia em homenagem ao Iron Maiden, apesar do cansaço estar grande e o frio pegando, além do famoso “já que estamos por aqui mesmo”, resolvi fazer uma homenagem final (do dia), desta vez ao grande chefe, Steve Harris. Mas antes, uma rápida história que, indiretamente, vai ajudar para não errar como eu…

Na viagem, não estava previsto uma visita, mesmo que por fora, ao estádio do West Ham United. Mas eis que uma (outra) noite, estávamos voltando a noite de um outro ponto turístico e vi na linha que estávamos: West Ham Underground Station. Considerando que quase tudo é no local das estações, sem qualquer pesquisa prévia, insisti em descer na estação e ir até o estádio…

Ao descer, notei que era uma enorme estação, que também integra-se ao DLR (trem). Tivemos que caminhar bastante para sairmos. Achei que olharia algum mapa e bingo, lá estaria o estádio – ou que nem precisaria, já que devia “ser dentro”, pensei eu.

Bom, nada. Um funcionário da estação me disse que “até dava para ir andando, mas não era a melhor estação”. Saí andando na rua, com frio e leve garoa, e o celular ainda não estava funcionando para me localizar. As ruas eram residenciais, com muitos estabelecimentos quebrados (literalmente), sacos de lixo esperando para serem recolhidos. Um cenário nada animador. Vi umas luzes no final de uma rua e resolvi arriscar. Ao chegar, eram quadras de futebol com arquibancadas grandes, e nada de ver o estádio. O celular funcionou e vi que, na verdade, não era ali o local… hehehehe.

Mas neste dia das visitas aos pubs, o preparo foi feito. O estádio fica, na verdade, ao lado da estação Upton Park, e ali sim há todas as indicações para o local que abriga os jogos do time do chefe. A região a noite, entretanto, também inspira cuidados, com um cenário parecido com o descrito no parágrafo acima.

Infelizmente, pelo horário, não havia mais tours e comércio aberto no estádio. Dessa forma, foi apenas uma visita externa. Aos interessados, assim como os outros estádios em Londres, há tours disponíveis no estádio Boleyn Ground (que também é conhecido como Upton Park, ah, se eu soubesse disso antes…).

Fica, então, uma homenagem deste corinthiano ao West Ham United e especialmente a Steve Harris.

Como chegar:

——————————————————-

[ ] ‘ s,

Eduardo.



Categorias:Curiosidades, Iron Maiden

12 respostas

  1. Só aprendendo aqui com o nosso presidente
    Excelente
    The posts are coming up and I’m having fun as well as learning regarding heavy metal and the English way to show the world that they are the riverbed of the rock and roll and heavy metal!
    Up the irons!
    Warm Regards,

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  2. Excelente tudo isso aqui, Eduardo e fica posterizado para a eternidade, tanto as excelestes dicas quanto as sempre perfeitas fotos.
    Mais uma aula de turismo específico em terras londrinas.
    Fica a pergunta, teremos mais?

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  3. Muito legal o post, e entendi que o local seria um pub qualquer se não fosse pela Donzela, aliás naquela época os caras tocavam em qq lugar para divulgar o trabalho e melhorar como banda e nesse aspecto o local acabou virando parte da historia.
    Up the Irons e aguardamos outras novidades…

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    • Remote, valeu de verdade e também acho isso, especialmente o Iron Maiden teve papel fundamental nisso. Aliás, pubs na Inglaterra são riquíssimos neste ponto – quantos e quantos locais não abrigaram bandas que não vingaram, também?

      Com o tempo ajudando, virão mais…

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  4. Estive na Inglaterra em agosto de 2002, quando fiz um tour parecido (mas nem tanto) que incluiu não só Londres como Manchester e Liverpool. Tendo pouco acesso à internet no início dos anos 2000 eu sequer sabia da existência do Cart & Horses: todo o meu conhecimento sobre as bandas e suas origens vinha de visitas quase semanais à Galeria do Rock, em São Paulo.

    Ainda assim, eu me programei para visitar o Ruskin Arms, local do qual só ouvira falar porque tinha comprado um bootleg na Galeria, pouco antes da minha viagem. Pra mim, aquele era o verdadeiro birthplace do Iron Maiden, e eu simplesmente TINHA QUE ir até o East End para conhecê-lo.

    A impressão que tive do trajeto foi, de fato, idêntica à do Eduardo. Confesso que a frase “o que vim fazer aqui?” passou pela minha cabeça algumas vezes. Esperava chegar e ver um milhão de referências ao Maiden, mas o local era realmente, na época, um pub comum e infelizmente mal cuidado. A fachada não estava nada parecida com a que é hoje, muito mais ‘acabada’, e ainda indicava que em determinados dias da semana ali funcionava o ‘Ruskin Arms boxing club’.

    Lá dentro o ambiente era parecido com bares comuns do centro de São Paulo. Eram duas da tarde, mais ou menos, e não havia clientes com exceção de alguns senhores de terno xadrez(!), cada um em sua mesa, que tomavam pints seguidos de suas cervejas sem gelo. Eles eram o próprio estereótipo do inglês que toma o chá das cinco: pareciam tirados de uma paródia! Eu, meu irmão e um amigo nos sentamos e pedimos uma Guiness – não tivemos a oportunidade, obviamente, de tomar uma The Trooper.

    Tentei me localizar nas fotos acima: ao lado do balcão vermelho havia uma parede que dividia a parte da frente dos ‘fundos’ (hoje creio que seja o local onde está o telão para os jogos). Lá ainda existia um palco, que foi onde subi para tirar as fotos. A única referência ao Iron Maiden, no entanto, era um display com uma foto de (provavelmente) um dos donos ao lado do Steve Harris, encostados no balcão da frente.

    Não foi uma decepção completa, já que foi emocionante ver ao vivo aquele lugar do canto inferior esquerdo da arte do “Somewhere in Time”. E, na volta no metrô, por um mero acaso vimos a placa indicando o estádio do West Ham United. Descemos, claro, e tiramos fotos. Melhor ainda: conversei com o segurança, disse que era do Brasil e que gostava de futebol, e ele nos levou para ver o gramado.

    Questão de honra agora: eu TENHO QUE achar estas fotos, rs.

    Belo post! Abraço!

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    • Caio, sensacional comentário-relato… hoje em dia está realmente mais fácil, mas se pensarmos em 2002, celular ainda era coisa de rico ou empresário no país ; internet, ok, mas longe ainda de ser o que já é hoje (e imagine como será)… então, entendo perfeitamente, já que até hoje havia dúvidas tanto do Ruskin quanto do Cart & Horses…

      Enfim, ótimas lembranças suas e espero que ache mesmo estas fotos, que talvez nem digitais devem ser, certo? Seria legal colocá-las aqui neste post, ou caso prefiro, em um novo…

      Up The Irons!

      [ ] ‘ s,

      Eduardo.

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  5. Este post acabou de ficar ainda mais histórico com a muito triste notícia do fechamento – aparentemente, em definitivo – deste lendário pub londrino, o The Ruskin Arms. E o pior é ver que a “gota d’água” foi algo totalmente banal…

    Iron Maiden pub shuts after thugs ‘stamped on drinker’s head’ in violent attack | London Evening Standard: https://www.standard.co.uk/news/london/iron-maiden-pub-shuts-after-thugs-stamped-on-drinkers-head-a4019261.html

    Pois é… por isso que nunca podemos deixar as coisas para depois… esse “depois” pode não existir mais.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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