Você não está muito acostumado a ler sobre outros assuntos que não estejam assumidamente relacionados à música (especialmente metal) aqui no Minuto HM, mas pedi licença ao nosso “Presidente” para fazer um pequeno parêntese para falar sobre Westworld, a nova aposta do canal HBO (Home Box Office) para o entretenimento do público mundial.

Premissa já utilizada com nova abordagem e deslizes no paraíso.

Imagine que no futuro as pessoas ricas estejam entediadas com suas vidas e com as modernidades que os tempos lhes proporcionaram. Para tentar amenizar a vida superficial e sintética dos dias contemporâneos, as mais abastadas, por exemplo, agora tem o privilégio de frequentarem um parque temático que emula a vida no velho oeste (daí o nome). O resort é tão perfeito, mas tão perfeito, que os robôs são réplicas quase perfeitas de humanos. Lá em Westworld você pode se candidatar para ser o novo xerife, frequentar um bar para beber seu gim ou mesmo visitar as conhecidas casas de conveniência, onde poderá usufruir de uma noite de prazer com as profissionais do local. Mesmo com detalhes ligados à uma vida adulta, há programas que envolvem toda a família. Esta é a premissa da série, que aposta no remake do filme de 1973, dirigido e escrito por Michael Crichton, falecido em 2008.

Tudo estava muito bem, até que tais robôs começam a “fugir do script” e aqui isso não é uma figura de linguagem. Trabalho feito pelos roteiristas criados pela equipe responsável pelo Westworld, os “anfitriões” (conforme são chamados os robôs na série) começam – de maneira superficial – a terem lapsos de memória, mudando a base de comportamento programado para receberem seus visitantes. Essa alteração trará preocupação inclusive para o criador da bagaça, Dr. Robert Ford (interpretado pelo excelente Anthony Hopkins), um homem que parece viver “à moda antiga” e cujo o perfeccionismo o torna uma pessoa arrogante para admitir possíveis falhas no mundo criado por sua inventiva mente. Confrontado por se posicionar no papel de Deus, Ford vai começar a suspeitar que algo não está funcionando muito bem em seu próprio universo.

Rodrigo Santoro (dir) e Thandie Newton fazem parte do elenco de Westworld, nova série da HBO.

Acompanhado de um elenco que inclui o brasileiro Rodrigo Santoro, Evan Rachel Wood, Jeffrey Wright  Luke Hemsworth e Ed Harris, Westworld tem a grande responsabilidade de substituir a galinha dos ovos de ouro do canal; Game of Thrones é campeã de audiência nos Estados Unidos, com público médio de 15 milhões de pessoas por episódio (fora as reprises) e mais alguns milhões acumulados em publicidade e merchandising. Desde que a série baseada nos livros de George R.R. Martin estreou no canal, a emissora já fez algumas apostas – que mesmo acompanhando a qualidade da produção – não acompanharam a repercussão de GoT. Principal concorrente de The Walking Dead (do canal AMC), GoT terá apenas mais duas temporadas (a penúltima apenas em 2017). A respeito da duração de Westworld ainda não existe confirmação de renovação para uma segunda temporada, embora seus roteiristas já estejam trabalhando nisso.

Nossa opinião (sem spoilers)

Apesar de se basear em um filme da década de 1970, achei o roteiro muito original em sua abordagem, já que a “revolta das máquinas” já vem sendo cantada em verso e em prosa em várias obras do cinema e da televisão. Como amante de rock, atentei-me também para versão orquestrada de “Black Hole Sun” (Soundgarden) e Paint It Black (Rolling Stones) logo no episódio piloto. As produções do canal americano primam pelos detalhes técnicos (fotografia, direção de arte e figurino), mas também conquistam muitos fãs ao redor do mundo pela capacidade de “cativá-los” por anos, episódios após episódios, com muito suspense e ausência de clichês normalmente recorrentes às produções televisivas. O formato “seriado” tem chamado tanta atenção do público (vide o consumo dos famosos boxes nas lojas especializadas ou nos e-commerce), que artistas como Hopkins tem migrado com facilidade para telinha. Ele puxa uma imensa lista de atrizes e atores que veem no TV os desafios que um dia estavam nas mãos de roteiristas e diretores mais audaciosos.

Os números da primeira semana foram bastante animadores e devem continuar em alta enquanto a série for novidade ou mantiver o nível de “qualidade HBO”. Westworld também é exibida no Brasil quase em “tempo real” com os Estados Unidos – aos domingos às 23 horas. Normalmente como envolve muitos milhões de dólares para produções deste quilate, eu apostaria em apenas três temporadas para série escrita por Jonathan Nolan, pois embora a premissa seja interessante, dificilmente os roteiristas da série conseguiriam “esticar” a história, como acontece normalmente nos canais abertos americanos, onde em média, cada série tem 24 episódios (na HBO no máximo 13) e podem durar muito anos. Um bom exemplo disso é a série Law & Order: SVU (spin off da série Law & Order de Dick Wolf de 1990) que está em sua 18ª temporada na NBC ou mesmo a série animada Os Simpsons  que está em sua 28ª temporada (!) pelo canal FOX.

Gostaria de saber sua opinião: já assistiu à série? O que costuma ver na televisão? Realitys, séries, documentários? Curtiu as versões das canções do Soundgarden e Rolling Stones? Vamos abrindo um novo bate-papo aqui no Minuto HM. Até a próxima!

Encerro com um pequeno trecho de outra versão, desta vez de Radiohead, com No Surprises. Se a série não agradar pela história, já é impecável pela trilha sonora.  🙂

Daniel

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