“Hoje é terça-feira! E tá frio pra caramba! Quê ceis tão fazendo aqui, seus loucos!?!”
Eduardo Falaschi
16 de Julho de 2019. Sim, foi uma terça-feira. E sim, estava uma noite congelante, dessas de você desistir de sair de casa. Mas cerca de 700 loucos (e eu me incluo nesse número) insistiram em sair de seus aconchegantes lares para se dirigirem ao Theatro NET, na Vila Olímpia, em São Paulo, para presenciar uma proposta musical, digamos, diferente.
Eduardo Falaschi (ou só Edu), figura conhecida no mundo do Power Metal Brasileiro (e que eu particularmente sempre acompanhei e que partilho nesse blog algumas coisas desde que entrei para o time da Minuto HM) conseguiu montar uma apresentação de seu projeto Moonlight – uma proposta acústica para músicas de sua carreira, em arranjos bem diferentes do que o fã está acostumado a ouvir. Quem já ouviu ao CD sabe que os arranjos realmente precisam ser muito adaptados, para compatibilizar músicas rápidas e pesadas do Power Metal para algo mais voltado ao “piano + violão + voz”.
Fiquei sabendo do show pelo Instagram do Edu, que sigo fielmente. Irrelevante dizer que tenho o CD. Relevante, porém, dizer que, mais uma vez, tive minha expectativa quebrada, através de um show de altíssima qualidade, com diversas agradáveis surpresas.
Não conhecia o Theatro NET (com “th” mesmo), local que se mostrou incrivelmente pequeno. Isso é bom e é ruim. Bom, porque você praticamente só falta dar alguns passos para dar um tapinha nas costas de seu ídolo, além da acústica do local ser de fácil controle. Ruim, porque se você ficar se delongando para comprar o ingresso, correrá o risco de ficar sem, pois nunca haverá uma grande quantidade à venda. Ingresso que, inclusive, eu paguei incríveis 40 reais, por ser cliente da empresa que leva o nome do Teatro. Nunca paguei tão pouco por um ingresso em São Paulo! Inclusive, me fala aí o que dá para fazer com “quarenta conto” na capital paulista?!
Marcado para 21:00, o espetáculo deu início 21:10. Acho que o atraso foi proposital, pois muita gente resolveu entrar em cima da hora. Com local escurecido, todos os músicos entraram no palco e, em seguida, Eduardo Falaschi entra com luz de destaque. O clima intimista é muito fácil de se obter em um local pequeno como aquele.
Edu estava acompanhado com um excelente time. Tiago Mineiro, pianista que gravou Moonlight; Fábio Laguna, nos teclados – e confesso que não esperava por ele, já que teríamos o piano de Tiago; Adriano Machado, maestro, conduzindo o violino; Hugo Rony, na flauta e saxofone (a vida já é curta para aprender bem só um desses dois instrumentos, imagina os dois); Marcos Cesar, na percurssão e Tito Falaschi, irmão de Edu, no baixo.
Com a introdução das melodias da nossa brasileira Asa Branca para quebrar o gelo, Edu abriu sem impacto, com Breath, do primeiro álbum do Almah, canção que originalmente é uma balada; já tendo portanto uma pegada acústica. Na sequência, Arising Thunder, do polêmico álbum Aqua do Angra (que mostrou muito bem o potencial de adaptação de uma música rápida para uma melodia lenta) e Heroes of Sand, clássico do álbum Rebirth, também do Angra. Já adianto que, se eu pudesse, tinha filmado o show inteiro, mas vocês já conhecem o potencial da minha bateria do celular …
Na sequência, tivemos Warm Wind, balada que o Edu compôs para sua filha, com uma letra lindíssima, que está no álbum Unfold, do Almah. A equalização de todos os instrumentos estava incrível; o trabalho de mesa realmente ficou impecável. Mesmo sabendo que poderia perder algo legal de filmar no final, não pude deixar de filmar Bleeding Heart, do EP do Angra entitulado Hunters and Prey, e também Lease of Life, também do Aqua. Não gosto muito dessa última canção, apesar de ser bonita, mas quando Edu trocou de lugar com Tiago e foi para os pianos, o dedo no celular foi automático. Nunca tinha visto o Edu tocar piano e essa canção não é simples de se cantar e tocar ao mesmo tempo. Fiquei de queixo caído.
E aí, meu amigo, o fã raiz abriu um sorriso! Eu não acreditei quando Edu chamou Demian Tiguez para tocar algumas músicas. Todos saíram do palco (Laguna ficou para algumas teclas na primeira canção), ficando só Demian, Edu e Tito, três dos integrantes da formação inicial de 1997 do Symbols, banda que Edu teve destaque e que deu uma exposição decisiva para sua entrada posteriormente no Angra. Esses três juntos não deviam dividir o palco em pelo menos uns 17 anos! Tinha uma boa parte do público cantando What Can I Do e Hard Feelings.

Momento histórico! Um pedaço do Symbols de 1997 no palco!
E não foi só fantástico ouvir Symbols novamente, como foi fantástico ouvir as músicas em um Edu com cordas vocais bem mais experientes do que quando tinha seus 25 anos de idade.
Acabando a participação de Demian, voltamos com todos os músicos no palco, dessa vez para uma dobradinha do Temple of Shadows, o conhecido álbum que Edu está atualmente tocando na íntegra e teve gravação de DVD: Angels and Demons seguido de Spread your Fire, que teve uma levada de Bossa Nova espetacular e participação de Roberto Barros, chamado só para essa música, e que fez um solo muito rápido e bonito.
Com Roberto Barros deixando o palco, Edu comentou que a intenção era dar cara nova às músicas, mesmo que com originalmente com melodias e letras mais densas, para não ficar tudo parecendo “música de Igreja”. E aí tivemos mais novidade: a próxima canção também entrou para a história, com Almah, música homônima do primeiro álbum do Almah, sendo executada pela primeira vez ao vivo. O vídeo abaixo apresenta a música e a introdução de todos os músicos que estavam com Edu:
E tome mais convidado, ou melhor, convidada. Dessa vez, Raíssa Ramos deu a voz feminina de No Pain for Dead, que foi seguida de dois clássicos praticamente obrigatórios: Rebirth e Nova Era. Edu aproveitou para contar como foi o processo de escolha da abertura do álbum Rebirth, onde ele apresentou Nova Era, que ele tinha composto na época do Symbols, e o produtor Dennis Ward a escolheu, deixando Rafael e Kiko loucos da vida por não terem consigo convencer o produtor de terem suas músicas abrindo o álbum. Ele contando foi engraçado.

A entrada de Raíssa Ramos para a execução de No Pain For The Dead
E o que aconteceu daí, hein, hein?! Claro: alguém gritou “Cavaleiros do Zodíaco”! Edu comentou, rindo, “Vocês estavam tímidos né?! Tava engasgado até agora na garganta! Mas a gente preparou um negócio diferente e acho que vocês vão gostar …”. E um medley de Confortably Numb, Pegasus Fantasy e LISBON foi executado, sendo que o cover do Pink Floyd foi cantado pelo Fábio Laguna. Edu não comentou nada sobre a morte de André Matos e, com isso, ficou no ar se Lisbon, canção do Angra com o André do álbum Fireworks, foi colocada como uma homenagem ou não. Eu quero crer que sim…
O final ficou por conta de Wishing Well, balada do Temple of Shadows. O pessoal gritou por mais, mas o horário mais às restrições de regras do Teatro impedia alguma celebração adicional.
Saiu muito melhor que a encomenda! Para quem acompanhou a carreira de Eduardo Falaschi, foi uma noite fantástica, com uma proposta de entrega musical bem diferente e fora da caixa, com diversas músicas que não existem no CD Moonlight. Não tem como um bom apreciador de música não gostar! A apresentação acabou 22:55, com mais de uma hora e meia de show. Se outras apresentações de Moonlight aparecerem, vá sem medo!

Torçamos por uma turnê do Moonlight!
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Cara só sendo muito fã pra saber o lance do symbol sulreal o conhecimento das pessoas desse blog
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Eu sou um conhecedor muito raso da fase do Falaschi no Angra e nada conheço fora deste. O post é sobretudo um aprendizado , uma constante aqui no blog, é impressionante e muito bacana quando essa divisão de conhecimentos diversos dentro do metal acontece.
O Kelsei é o guru do conhecimento do assunto do post , a gente só agradece.
Vi os vídeos das músicas que conheco, Heroes in the Sand e Angels and Demons. Gostei bastante, principalmente desta última, que é a música que mais admiro na banda, pela capacidade técnica. Estou atrás de um Temple of Shadows principalmente por ela, ô disquinho difícil de achar….
Ficou muito boa, a flauta e o violino principalmente.
Kelsei, obrigado pelo conhecimento compartilhado.
Alexandre
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