[Resenha] Guerreiros do Metal – A Biografia do KORZUS

Que toda banda brasileira tenha um Maurício Panzone!

A banda nacional de Trash Metal Korzus lançou, no final de 2019, a sua biografia, em comemoração aos 35 anos de sua existência.

Eu não sabia da existência do livro e tive acesso a ele muito sem querer. Com toda essa história de pandemia, eu estava muito preocupado com a situação da Galeria do Rock, histórico ponto de encontro na cidade de São Paulo para os metaleiros ao longo das últimas décadas. E, como não tinha notícias, para tentar acompanhar o que estava acontecendo, entrei em uma dessas comunidades de uma conhecida rede social.

Dentre as inúmeras besteiras postadas, veio uma pergunta interessante. Tinha um cara querendo saber sobre bandas de rock / metal brasileiras que cantassem em português. E por coincidência, fazia algumas semanas que tinha feito um post na Minuto HM exatamente sobre o tema. Não tive dúvidas: toma o post aí e divirta-se, acho que foi esse o meu comentário.

O cara, Maurício Panzone, conhecido como Hominho, me respondeu, não só falando bem do post (e do blog), como me mostrou que tinha escrito um livro: Guerreiros do Metal, contando a história do Korzus. Três dias depois, o próprio Maurício veio deixar o livro onde moro. Fora o livro, ainda ganhei alguns brindes, incluindo uma palheta da banda criada para o lançamento do livro.

Korzus

Card da banda, marca página personalizado e carta do autor

Palheta Korzus

Montagem que fiz para mostrar os dois lados da palheta

Eu estava lendo ainda a biografia do Bruce Dickinson, então o livro foi para a minha fila, que foi furada e passou pelos outros livros. Já que a biografia do Sepultura estava fresca na minha cabeça, me dei a oportunidade de conhecer mais sobre uma importante banda de Trash Metal brasileira que, como o Sepultura, eu também não dominava.

Para eu já estar no post, dá para perceber que a leitura é rápida. Não que o livro não tenha conteúdo, pois nos 27 capítulos, rola muita história, começando em 1983, com a formação inicial da banda para tocarem em um evento escolar, até os dias atuais. A versão dos fatos é mesclada com depoimentos dos membros do Korzus (que cederam entrevistas para a confecção do livro) e outros músicos e figuras importantes da cena metal oitentista tupiniquim.

E aqui começam muitos pontos positivos do livro.

  1. O autor ser um fã de metal (e um fã do Korzus, no caso) transcreve com muito mais facilidade o que outro fã de metal precisa saber. Os textos tem poder de síntese, sem entrar em histórias desnecessárias, mas considerando detalhes importantes, não só do Korzus, mas da cena paulistana underground da década de 80. Não pense você que os textos são amadores, pois Mauricio conduziu uma das famosas oitentistas paulistanas, a Mayhem, e sua habilidade com as letras é muito boa.
  2. A participação da banda (e de ex-integrantes e pessoal dos bastidores) com entrevistas e lembrando histórias, deixa uma biografia com uma identidade muito mais próxima da representação do que o Korzus é para seu público do que se um jornalista analisasse os fatos de maneira imparcial. As declarações são recheadas de bom humor e, algumas vezes, de palavrões, que não foram omitidos, dando um tom muito mais pessoal ao livro e prendendo a atenção do leitor.
  3. A quantidade de fotos e memorabília do Korzus é um prato cheio, com muito conteúdo visual, indo muito além do esperado para uma biografia de uma banda (que geralmente tem uma sessão de fotos isoladas do texto, no meio do livro).

Acho que entre os que se aventuram nas palavras aqui no blog, eu deva ser o mais trasheiro. Mas mesmo que você não seja um fã de Trash Metal, eu recomendo a leitura. Para mim, que nasci na década de oitenta, os capítulos iniciais trazem uma enciclopédia de bandas que existiam na época, com muitos detalhes de eventos que ocorreram em São Paulo, como o primeiro festival de música pesada na Catedral da Sé.

Fica evidente que o Korzus foi um dos precursores da criação do Trash Metal no Brasil, indo muito além do título errôneo de “Slayer brasileiro” que alguns os rotulam. O início pré-histórico, sem saberem tocar, sem terem equipamento, sem existir produtoras que soubessem trabalhar esse estilo musical, é tudo muito interessante.

Para conseguir um exemplar, há um site especial para vendas, além das livrarias especializadas. O Korzus é um patrimônio da nossa história e o livro enriquece e celebra ainda mais esse fato. Tenha-o na sua prateleira!

Beijo nas crianças!

Kelsei Biral



Categorias:Artistas, Curiosidades, Resenhas

5 respostas

  1. Vou começar. Excelente trazer temas que eu não sou orpoximo.

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  2. Kelsei, muito legal você trazer esse assunto aqui. O metal nacional foi meio deixado de lado por mim nos anos 80 e porque não, nos anos 90 também, apesar de ter alguns cds e lps, acho que não dei a devida importância na época, já que a concorrência com os grupos e gravadoras internacionais eram desproporcionais e como não tínhamos recursos para adquirir tudo que se lançava, normalmente os discos de bandas brasileiras eram os preteridos. Coincidentemente aos poucos estou tentando cobrir essa lacuna na minha coleção, cheguei à conclusão de realmente é uma pendência que preciso resolver, assim como algumas bandas dos anos 70 que de certa forma também foram ignoradas pelo caminho.
    Como os os lançamentos em vinil já estão fora de catalogo, consequentemente também estão fora de de cogitação, atualmente além de serem bem difíceis de serem encontrados em boas condições é natural que estejam inflacionados demais. Porem a boa notícia é que muitos desses discos estão sendo relançados em cd com uma boa qualidade gráfica e contendo vários bônus e atrativos.
    Concordo com você em relação ao livro, também acho que esses que são escritos por amigos que conviveram diretamente com os artistas são mais agradáveis de serem lidos que as biografias oficiais, pois parecem ter uma aura mais informal e intima.
    Para terminar, gostaria de acrescentar que um post como este não poderia “chagar” em um momento melhor, domingo chuvoso, cerveja gelada, uma boa musica e para completar um excelente texto para acompanhar.
    Um abraço.

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  3. Cara, ainda mais legal do que ver que há pessoas se dedicando ao metal nacional, é a história descrita nesse post.
    Muito bacana a atitude do cara em resolver brindar você com o livro.
    O metal nacional precisa sempre ser revisitado, registrado, prestigiado.
    Todos nós podemos fazer mais por ele, eu mesmo sempre me sinto em divida.

    Ótimo post e que outros bons exemplos de empatia, generosidade, entre outros bons sentimentos, como o mostrado aqui apareçam.

    Alexandre

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    • Eu paguei pelo livro (um preço mais barato que o preço de tabela do link que deixei), mas o Mauricio me disse que se eu não tivesse o dinheiro, ele aceitaria qualquer contribuição. O tratamento de assuntos relacionados por um fã e por uma empresa realmente são díspares!

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Trackbacks

  1. Dune Hill e uma das últimas participações de André Matos – Minuto HM

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