[Resenha] Luis Mariutti – Memórias dos meus 50 anos

Baixista com carreira internacional consolidada. Participou da fundação do Angra e Shaman, duas das mais importantes bandas do cenário nacional do Heavy / Power metal. Deu sua vida pela música. Abandonou tudo. Lutou (literalmente, inclusive) contra uma depressão. Voltou a dar sua vida pela música. Fez 50 anos. Lançou um livro no dia do seu aniversário, que chegou em casa pouco depois de anunciar aqui o lançamento.

Lançado pela editora Aleatória, nova no mercado, contém 288 páginas, incluindo livreto de fotos. Tem 27 capítulos + prefácio de Guilherme Canaes (técnico de PA do Angra e Shaman), que eu contei, porque o livro não tem índice. Esse foi o principal ponto que me incomodou, além de pequenos erros de revisão de texto, que se conta nos dedos de uma mão.

Luis narra o texto em primeiro pessoa. Não foi escrito por ele, mas por sua mulher, Fernanda, que é a cabeça principal na administração do Mariutti Team. O casal ordenou todos os fatos que ocorreram com Luis, que começou a narrar as histórias. Eu seria hipócrita em omitir o fato de que comprei o livro para aprender mais sobre as bandas pelas quais Luis passou, até porque o baixista, por não querer arranjar brigas e nem se intrometer nas dos outros, teria uma ótica diferente pelos motivos que levaram às separações do Angra e Shaman.

Entretanto, Luis manteve o decoro também ao relatar seus pontos de vista nas separações do Angra e Shaman. Mas se engana quem não acha que o livro não vale ter na coleção. Além da questão com drogras – que mesmo não tendo nada de positivo para ninguém, lhe rendeu um beck com o DIO, que valhamos, é uma história que poucos podem contar – muitas são as histórias contadas, todas elas como se o baixista estivesse com você em uma mesa de bar, tomando uma cerveja.

O mais relevante, e para mim uma das grandes verdades escancaradas no livro (e que percorre grande parte das páginas), é o relato das dificuldades da vida de músico. É sentir na pele como as gravadoras sugam a parte financeira deles e como eles são explorados. É fazer turnê de vinte dias na Europa dormindo em um ônibus com bancos que não reclinam. É contar centavos para comprar uns bolinhos congelados e no hotel não ter nenhum tipo de forno e você precisar aquecê-los com secador de cabelo. Os exemplos não tem fim.

No caso do Luis então, durante a turnê solo do Andre Matos, ele acabou trabalhando de produtor, roadie, na logística e nos contratos, além de tocar nos shows. Foi maltratado até pelo grande amigo e maestro, tendo que tirar dinheiro do bolso quando as coisas davam errado. E mesmo com a promessa de que somente o nome “Andre Matos” não significava privilégios de uma carreira solo, na hora do pagamento, não era bem assim.

Outro ponto comprovado no livro é o carisma e o quão amigo Luis demonstra ser. Eu acompanho o canal dele do Youtube desde quando tinham poucos inscritos e nas lives dá para ver como ele é um cara do bem – só pelo jeito de falar dá para sentir isso. Sem contar a história com o Chris Tsangarides, produtor muito conhecido em trabalhos do Judas Priest, Helloween, Bruce Dickinson, etc., que produziu o terceiro álbum do Angra, o Fireworks. Chris mentiu para a banda ao dizer que as gravações do Luis tinham dado problema na faixa Rainy Nights e que ele precisava voltar para a Inglaterra para refazê-las, quando, na verdade, ele queria a companhia da pessoa do baixista para alegrar os trabalhos de mixagem, pois as coisas tinham ficado muito chatas quando ele foi embora. Nas palavras do Chris (excerto do livro): tem ácido, maconha, você dorme nos dormitórios do estúdio e fica curtindo a mixagem.

E que legal o meu livro vir autografado (foto do início do post)! Eu tinha esquecido de comprá-lo na pré-venda e, ainda assim, o senhor Mariutti fez questão de dar um belo traçado na minha edição (como deve estar fazendo para todos que adquirirem o livro). Pequenos detalhes que fazem toda a diferença.

O lançamento do livro em plena quarentena foi um golpe de sorte, pois sem shows, deu para divulgar bastante e trabalhar forte nesse lançamento. Agora é esperar essas vacinas darem resultado para que a nova formação do Shaman possa cair na estrada e gravar novos materiais. Rumo a mais 50 anos Luis!

Beijo nas crianças!
Kelsei



Categorias:Angra, Artistas, Resenhas, Shaman

4 respostas

  1. Massa! Parece ser um bom livro! Vou ver se consigo comprar! Valeu pelo feedback!

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  2. Considero o Luis , além do excelente baixista que todos nós já sabemos que é, uma figura meio enigmática. Talvez pelo período de depressão, talvez pela característica mais introspectiva, onde até o instrumento que é seu ofício possa ser justificado , dentro do papel que exerceu nos projetos, como sua escolha adequada.
    Imagino que o livro seja uma ótima oportunidade para entender melhor sua jornada, ainda mais considerando esses aspectos aqui por mim levantados
    A única questão é que essa avalanche de livros bibliográficos de uma grande maioria de artistas que admiro ficou dificil escolher uma ordem ou uma opção por compra ou não.
    Valeu a dica!

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