Metal Kombi, a Kombi Megadeth

Por João Bocater. Introdução por Eduardo.

Galera, essa é mais uma daquelas que só nosso Rolfístico Personagem pode nos trazer… eis que ele encontra essa Kombi pela rua e, para completar, o dono da Kombi, João Bocater. Contatos trocados, temos mais essa história materializada no Minuto HM.

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Kombi @megadeth – Rezende, RJ

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Nem preciso falar para se divertirem com o texto… além de toda a história envolvendo o carro, temos aqui um exemplo claro de materialização de um sonho.

Ao João, assim como já feito pelo Rolf, registro um enorme agradecimento por toda a atenção em compartilhar conosco um pouco de tudo que envolveu esse projeto da Metal Kombi de todos os donos e responsáveis que foram envolvidos! E seja bem-vindo por aqui, João!

[ ] ‘ s,

Eduardo.

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METAL KOMBI

A galera já vinha na maldade de ter mais experiências com Kombi. Tivemos algumas voltando de shows do Metropolitan/Citibank Hall da Barra para Zona Sul do Rio catando umas Kombis piratas e sempre isso evocava um espírito de curtição e lazer de rodar com este modelo de carro. Acho que uma delas foi no show do Heaven & Hell em 2009 com o Dio.

Depois em 2010, no ano em que eu casei, decidi alugar uma Kombi pro meu casamento para me levar com meus padrinhos da Lagoa até Vargem Grande. A Kombi que eu arrumei foi com um cara que achei na internet naquele esquema “agrego Kombi etc”. O cara era da Penha e a Kombi era muito detonada. Chegava a ter um papelão para cobrir um buraco que tinha no casco no pé do carona. Mexia no papelão e via o asfalto passando. Esquema Flintstones mesmo.

Foi uma zoeira tão boa que em 2011, quando começamos a discutir por e-mail entre a galera que tínhamos que alugar uma Kombi para ir ao Rock in Rio de 2011, um dos atuais donos a Kombi que se chama Beto Cavalo falou: “pra que alugar uma Kombi se a gente pode comprar uma Kombi?”. Foi aí que começaram a rolar aquelas chuvas de e-mails com o famoso “fechado!”. No final tínhamos 9 feras dispostos a comprar uma Kombi.

O consenso era de que tinha que ser uma Kombi modelo corujinha ou vovozinha com o vidro repartido na frente assim como vocês viram a Metal Kombi. Começamos a correr atrás. Eram 4 caras em SP e 5 no RJ. A maioria das ofertas que achávamos eram em São Paulo. Um dos quotistas recebeu uma ligação de uma amigo dele chamado de Promíscuo de Penedo – RJ dizendo que tinha arrumado uma Kombi preta 1970. O mais bizarro é que acho que nem tem esse carro original preto. Vimos uma oportunidade única dado que a maioria dos donos era de Metaleiros convictos. Compramos por R$ 6 mil e fomos lá em Resende num grupo de 4 caras para resgatar o carro.

Chegamos lá e o carro era de transporte de som, não tinha nem banco atrás. O antigo dono era DJ e se chamava Fulvio. Era amigo do Promíscuo, um amigo nosso de lá. O carro tinha uma caixa de marcha reduzida para aguentar as subidas de lá mas o freio ainda era original a ar, ou seja, não tinha freio. Em suma, o carro estava na mer** e quando metemos pra baixo na Dutra, rodamos uns 40 km e já começou a peid**. Paramos pra colocar óleo. Em Kombi, você coloca uns 2 litros. Metemos uns 5 litros. Ninguém sabia o quanto deveria botar. Resultado, botamos pra rodar de novo e mais uns 20 km: bingo. O carro começou a pegar fogo! Num nível de uma BMW X1 encostar e pagar esporro com dedo pra fora: “Irresponsáveis! O carro vai pegar fogo e vcs vão morrer nessa por**, etc…” Eu estava escoltando no carro de trás com mais um amigo. Aquela correia de borracha que liga as polias já tinha queimado. Saía muita fumaça do carro. Encostamos em um posto e pedimos o guincho.

De lá em diante durante quase uns dois anos a gente botou muita energia no carro. Retificou o motor. No mesmo momento trocou o kit de suspensão pra freio a disco e caixa de marcha (tudo kit de Kombi 82). Chegou a ter que fazer adaptação de torneiro para conseguir isso. Depois fomos dando o upper. Metemos esse aro 17 com o roda de liga leve de Mercedes. Pneu alto 225/55. Várias peças antigas do caro foram quebrando e a gente trocando. Bobina, braço de direção… não deu tempo de ir no RiR de 2011. Acabamos alugando a mesma Kombi da Penha dos Flintstones. Queríamos ter ido ao SWU de 2011 em Paulínia mas não deu tempo também. Acabamos indo de Van alugada. A Kombi chegou a ir para São Paulo em março de 2012 de cegonha para o casamento de um dos donos. Parou na frente do casamento. Era artigo de decoração. Depois de um tempo voltou de novo pra cá pro RJ de cegonha de novo.

Em 2013 que começamos a aproveitar mais o carro. Rolou de ir a vários shows com a Kombi. Foi quando personalizamos a frente do carro com o Megadeth. A ideia era colocar aquele logo nuclear do Megadeth mas não rolou. Fomos para RiR de 2013 no MetallicA e no dia do Iron. Parava no VIP lá da Cidade do Rock (os adesivos estão no para-brisa e não saem mais). Víamos várias fotos na mídia social de nego que a gente não conhecia postando foto do carro. Umas das fotos parou na timeline do FB do Dave Mustaine pois eles estavam em turnê na Argentina com o Black Sabbath na mesma época. Ele tentou forçar no post dele que a Kombi estava por perto no show em Buenos Aires.

No dia do Iron no RiR, a gente saiu da Zona Sul até a Cidade do Rock sendo ovacionado que nem um Papa Móvel. Todo mundo acenando com chifre do metal pra cima da gente. Uma moto parou do lado e quando viu a frente arrancou empinando. Chegando lá já no RIR até os guardas municipais mandavam o metal horn. Na sequência, rolou o Black Sabbath aqui na Apoteose com o Megadeth abrindo. Tentamos de todo jeito um contato com o Mustaine e assessoria. Conseguimos até falar mas cagar** um balde. A ideia era mostrar a Kombi pro cara. Mas a arrogância dele provavelmente não deixou. No Black Sabbath também foi sucesso. Demos vários rolés por ali aos arredores da Sapucaí. Nego saia de dentro dos bares para ovacionar.

Ano passado, na Copa do Mundo, foi um evento a parte. Criamos um conceito do Street Pork na Copa do Mundo. Botamos uma TV de 46′ no teto da Kombi. Ligamos inversor na Kombi para dar autonomia de energia com bateria auxiliar. Vimos uns 5 jogos do Brasil na Praça São Salvador que é como se fosse um novo Baixo Gávea do Rio. Foi sucesso. Nego matou alguns porcos caipiras de 20-25kgs cada e levou churrasqueira. Temos um cara que é mestre na preparação do porco. Esquema já foi se montando. A vaga já era guardada pelo lixeiro, o gelo já estava no esquema com os vendedores de cerva. Saiu até no Yahoo Sports gringo. Depois do jogo era night na praça tocada pela Kombi. A Kombi chegou até a ficar sob jurisdição de um policial federal metaleiro que é frequentador da praça. Os guardas municipais vinham reclamar do som e ele armado obviamente botava para correr.

No final de ano, fizemos outro evento na Lagoa que foi um Street Pork de final de ano. Rolou muito metal e foi quase umas 100 pessoas só da galera. Já ficou como certo esse evento rolar anualmente em dezembro.

O lance é que a Kombi bateu o motor no final de ano e refizemos tudo. Terminamos recentemente e dado que queríamos ir para Monsters of Rock em São Paulo com ela, juntamos o útil ao agradável. Para irmos à forra com relação ao quase incêndio na Dutra no dia da compra da Kombi, resolvemos meter a bicha na Dutra de novo. Um dos donos catou um voo SGH-SDU e eu e mais um dono pegamos o cara no aeroporto e partimos. Em 10 horas chegamos em SP e fomos direto para o Brew Dog Bar. Missão cumprida e agora sabemos que ela tem autonomia para viajar com a consciência que é um carro de 45 anos e que temos que ir parando para não sacrificar a bicha.

Estaremos no estacionamento do Anhembi com a Kombi falando alto no metal a partir de meio dia no sábado para o Monster of Rock. Sonzeira ligada. O sucesso é certo. A maioria dos donos da Kombi vão estar por lá também.

Em junho ela volta pro Rio vamos reativar o street pork com a Copa América e em setembro tem mais Rock in Rio

Abs,

João.



Categorias:Megadeth, Off-topic / Misc

6 respostas

  1. Para registro – comentário do Rolf na época do e-mail recebido com a história:

    João
    Bicho fazia tempo que eu não ria de uma história tão boa quanto essa

    Bicho muito obrigado por vc ter parado e nos mandado essa mensagem.

    Vou falar aqui com o nosso presidente pra viabilizar a história no blog. Será uma honra colocarmos essa história lá e homenagearmos toda a inciativa de vcs em fazer materializar a kombi.

    O Minuto HM estará lá e tentarei te achar pra confraternizarmos.

    Muito obrigado pela excelente história.

    Há tempos eu não ria tanto e fiquei impressionado com a disposição de vcs de irem em frente com a materialização desse sonho.

    Vamos ficar em contato.

    Amanhã tento achá-los. Vai ser fácil.

    Vai ter uma galera em torno.

    Grande abraço

    Rolf Henrique

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  2. Excelente
    Cara essa história é fantástica

    Rolf

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  3. Fantástica mesmo. A Kombi é muito maneira! Percebe-se o cuidado, a vontade de mantê-la na atual condição, impecável.
    Parabéns ao João por esse autêntico souvenir !

    Alexandre

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  4. Sensacional a história. Parabéns pelo esforço, e espero um dia chegar a conhecê-los (Kombi e os donos).

    Fez eu lembrar de uma outra história, “parecida”, lá do início dos anos 2000. Eu e a galera do colégio, recém-aprovados nas faculdades, saíamos todos os fins de semana. Apesar da idade ninguém tinha carro. Cada um pegava um ônibus de seu bairro, e nos encontrávamos em frente à nossa antiga escola. De lá, todos juntos, novo ônibus para o bar de rock/metal da noite.

    Sempre íamos em direção à 13 de Maio, região da Paulista, para o Café Aurora, Alcatraz, Café Piu-Piu, entre outros antros de pop rock que também tocavam um bom hard e heavy de vez em quando. Dependia da agenda, e também de quem estava conosco (se as meninas fossem junto era pop rock na certa). Mas meu destino favorito era o Black Jack Rock Bar, na Adolfo Pinheiro, região de Santo Amaro. Lá rolavam os melhores covers de hard rock e heavy metal.

    Só que os bares fechavam entre três e quatro da manhã, cedo demais para os ônibus de linha estarem nas ruas. Tínhamos duas opções: esperar o primeiro ônibus passar, às cinco e tanto da manhã de domingo (tarefa nada fácil para o devido grau etílico invariavelmente atingido por todos ao fim das noites), ou pegar uma Kombi lotação pirata para voltar pra casa. Sim, daquelas que tem um motorista e um “cobrador” pendurado pra fora, que passava pelos pontos gritando “IPIRANGA VIA RICARDO JAFFET, UM REAL OU UM PASSE… VAI??”.

    Só que na turma tínhamos o Chico (cujo nome verdadeiro era Douglas), e o pai do Chico trabalhava com carreto. E em dado momento o pai do Chico deixou meio de lado uma Kombi “oitenta e XIS” que ele tinha em casa, porque passou a usar uma caminhonete. E nós pensamos: por que não dar um trato na Kombi e sair com ela? Tendo a autorização do Chico Pai, foi o que fizemos.

    Primeiro passo: pintar de preto! Tínhamos dinheiro? Nada! Foi na base de latas e latas de spray Colorgin mesmo. Muito esforço pra esconder a pintura creme original, além do laranja de ferrugem. Em termos de mecânica a Kombosa (assim batizada) estava OK (ou algo que poderia ser considerado OK… ao menos nunca pegou fogo), então era algo mais estético. Segundo passo: recortamos logos de nossas bandas favoritas em cartolinas comuns, e tacamos mais spray, agora coloridos.

    Tinha de tudo: Iron Maiden (claro), Helloween, Black Sabbath, Metallica e Megadeth estavam lá, mas também tínhamos o símbolo do Ramones, além de outros punk rocks ‘moderninhos’ da época, como Green Day, Bad Religion, Offspring, e um (argh) Nirvana. Tudo, devo dizer, MAL E PORCAMENTE acabado… não eram tão feios, mas era óbvio que os logos tinham sido feitos, digamos, de forma artesanal.

    Sábado, noite de Helloween cover no Black Jack e estréia da Kombosa nas ruas. Na ida, Chico Filho no volante e outro amigo fazendo o papel de cobrador: arrancamos risadas em várias paradas de ônibus ao passar com ele pendurado pra fora gritando “CASA DO C***LHO VIA C* DO JUDAS, UM REAL OU UM PASSE, VAI???”…(com o perdão do meu francês…)

    Usamos bem a Kombosa, mas por pouco tempo. A alegria durou pouco mais de um mês. Desnecessário dizer: fomos parados pela polícia diversas vezes. A Kombosa não tinha a cor original descrita no documento. Em muitas vezes os policiais riam e nos deixavam ir (principalmente porque NINGUÉM bebia quando estávamos com a Kombosa), mas em duas delas tentaram nos extorquir e, na derradeira… Kombosa acabou apreendida.

    Chico Pai recuperou a Kombosa, apenas para vendê-la pouco depois. Pagamos o prejuízo, claro, com o tempo, e lamentamos muito o vacilo. Coisa de moleque, tinha que ter pensado melhor. Ingenuidade achar que íamos sair impunes ao rodar por São Paulo com uma Kombi toda enfeitada e com som alto (na 89FM, já que ninguém podia pagar por um CD player e um som decente).

    As fotos, das câmeras de filme da época, se perderam. Não sabemos onde estão. Mas engraçado ver que nosso sonho com a Kombosa foi similar ao da Kombi Metal. Great minds think alike! 🙂

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  5. Caio, é a tal sincronicidade que volta e meia habita aqui o blog. Eu leio ( e me divirto muito, diga-se de passagem) as duas histórias e é incrível que ambos estejam tecendo comentários e sentimentos sobre um mesmo veículo…..
    Ás vezes dá para cogitar que realmente este grupo que temos aqui no Minuto Hm não está junto por acaso….

    Alexandre

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  6. Tweet de 2013 da conta do Mustaine:

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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