Quando eu era adolescente, vivia em uma mundo onde os meios de comunicação tinham restrições muito mais significativas que nos dias de hoje. Não tinha Internet e também era muito difícil (e caro!) importar material de outros países.
Atualmente não é assim. Hoje, se eu quero comprar uma revista gringa, vou em uma dessas grandes livrarias aqui de São Paulo e compro a mesma revista vendida no seu país de origem (pago um preço muito mais caro por isso, é verdade). E foi isso que eu fiz com a edição de maio de 2017 da revista Metal Hammer (MAIDEN – This time it’s war), que trazia uma capa fantástica, que atrairia um fã do Iron Maiden como eu só pela ilustração.
Em relação à Donzela, a revista vinha com uma entrevista do Steve Harris, feita pelo jornalista Dom Lawson, e uma “brincadeira” que o time da produção da revista fez, ranqueando as 50 maiores músicas da banda. A vida seguia normalmente até o início de julho de 2017, quando o Rolf postou no WhatsApp a Roadie Crew de junho, cuja matéria da capa era: IRON MAIDEN – 50 músicas mais relevantes da banda. “Rolf, trás essa revista no trabalho, vamos comparar”.
Ao abrir as revistas, fica explícito que as listas das “50 mais” são totalmente diferentes. Entretanto, a entrevista com Steve Harris é tradução pura da Metal Hammer, sendo que os créditos de Dom Lawson pela entrevista são apresentados na revista brasileira.
Roadie Crew à esquerda e Metal Hammer à direita: Dom Lawson nos créditos e tradução íntegra da entrevista na revista tupiniquim
A Roadie Crew é, na minha opinião, o principal meio de comunicação em papel para o público heavy metal aqui do Brasil. E as minhas perguntas ficam ainda no ar …
- Precisava realmente esperar a edição da Metal Hammer sair para ter um estalo do tipo “ei, vamos fazer um lista com as 50 maiores músicas do Maiden”? Será que essa matéria não seria aprovada internamente caso não tivesse sido colocada na revista gringa?
- Onde está o ineditismo que um meio de comunicação brasileiro deveria ter? Precisava realmente comprar os direitos de Dom Lawson ao invés de conseguir algum outro tipo de entrevista com o Maiden? Não bastava só a lista, precisava seguir o mesmo formato “entrevista + lista” (mesmo que isso custasse à matéria como não sendo capa)?
E só para matar a curiosidade, aqui estão alguns números que tirei em comparações com as duas listas feitas pelo editorial das respectivas revistas e convidados. Vamos deixar claro que em nenhuma das duas revistas eu encontrei algum tipo de critério que fora seguido para a montagem do ranking, mas nenhum álbum deixou de ser considerado.
- Segue o top 50 de cada revista:
- Distribuição de músicas por álbum:
Duas músicas tiveram as mesmas posições em todo o top 50: Hallowed be thy Name, em primeiro lugar, e Aces High, em quinto lugar. E dentre as 50 melhores, 41 músicas apareceram nas duas listas. Vamos ver quais são as 9 faixas que cada editorial deu exclusividade:
Metal Hammer: These Colours Don’t Run; No More Lies; When the Wild Wind Blows; Coming Home; The Longest Day; Tailgunner; Montségur; Man On The Edge e Empire Of The Clouds.
Roadie Crew: The Reincarnation Of Benjamin Breeg; The Book Of Souls; Caught Somewhere In Time; Brave New World; Total Eclipse; The Prisoner; Satellite 15 … The Final Frontier; Wasting Love e For The Greater Good Of God;
Todo mundo que já debateu uma lista (e aqui na Minuto HM isso é uma constância) sabe que é muito difícil bater listas, ainda mais envolvendo um ranking. Tenho certeza que cada um que ler esse post colocaria alguma melhoria e criaria a sua própria lista no fim das contas.
E pessoal da Roadie Crew, seguinte: se eu encontrar uma Metal Hammer com uma matéria em inglês sobre uma entrevista de vocês com algum Sepultura ou Angra da vida, volto aqui e critico a Metal Hammer, fechado?! Faço até um post em inglês…
Kelsei.
(NOTA POR EDUARDO [dutecnic]): vale lembrar que já vimos um filme destes por aqui envolvendo os mesmos veículos sobre o Black Sabbath…
Categorias:Angra, Curiosidades, Discografias, Entrevistas, Iron Maiden, Resenhas
Começando a ler as descobertas
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A tabela com os discos é muito parecida
No início eu não tinha entendido impor que da tabela mas avaliando a similaridade entre a quantidade de musicas por disco eu realmente fiquei em dúvida sobre o ineditismo na votação
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Pois é Rolf, o fato principal que eu levo (ou que sou forçado a levar) é o ponto de que não há critério para a votação?
O que faz “No more lies” estar em uma lista ao contrário de, por exemplo, “Die with your boots on”?
O que músicas como “Heaven can wait”, “Infinite Dreams” ou “Still Life” não tem que as outras tem para terem entrado na lista?
A lista de questionamentos, sem um critério, beira o infinito.
Lendo os comentários das duas revistas não há tanta similaridade entre os comentários (com exceção do ponto que você pegou sobre o comentário do Steve Harris explicitamente traduzido na faixa que ele mesmo comenta).
É como se a Roadie Crew tivesse comprado todos os “direitos” da reportagem, mas também tiveram que seguir a mesma fórmula proposta pela Metal Hammer …
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Bem, o trabalho conjunto entre o Rolf e o Kelsei é muito legal por mostrar (novamente) essa questão envolvendo a ” chupada” de uma matéria tupiniquim via fonte gringa. No meu entendimento, isso é inaceitável. A crítica e análise deste post deve ter dado bastante trabalho e é bem cirúrgica, no meu entender.
Em relação às listas, é dificil dizer algo sem que isso passe pelo cunho mais pessoal. E mais dificil ainda é considerar qual das duas mais me agrada, pois há exageros em escolhas e colocações em ambas. Até entre as divergentes há músicas que eu jamais escolheria: No more lies, These Colours don’t run, For the greater good of god são canções que não consideraria em hipótese alguma.
Adoro Paschendale, mas colocá-la em segundo é meio forçado. Fear of the Dark não merece um top 10, está em sexto em uma das listas.
E é duro ver. por exemplo, que The Red and the Black é uma música do álbum novo que aparece nas duas listas. Em uma delas, num injustificável décimo segundo lugar. Na mesma lista, Where Eagles Dare aparece entre as dez finais da lista.
Ou seja, essas listas não me dizem nada.
E fica a sensação de que os veículos precisam ser mais criteriosos em suas escolhas e em plena época de acesso pleno a internet não justifica uma chupada deste quilate.
Alexandre
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B-Side, tem um ponto importante também que não colocamos em nenhum lugar – e que me passou batido quando escrevi o post: o fato de que a Roadie Crew é uma empresa como qualquer outra. E empresa tem que pagar seus funcionários e dar lucro!
Talvez, para o momento financeiro da revista (que não sei qual é), tenha sido melhor pagar por uma matéria pronta de um consultor estrangeiro do que manter uma equipe de redação local por conta própria …
Quanto à relevância das músicas de cada lista e a ordem delas, fica o ponto que não temos um critério definido para a lista – aí é a mesma coisa que discutir futebol ou política – cai no gosto pessoal de cada um. Eu concordo com você na expressão “as listas não me dizem nada” …
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Kelsei, galera… o post é bem mais interessante que o motivo original dele existir, e é isso que vale. O Kelsei aproveitou para fazer uma análise e comentar, o que traz o que é a essência do blog: explorar um assunto com outras “olhadas”.
Gostei dos comentários e análises. Também vou pela linha corporativa neste caso. Por não ser a primeira vez que a revista faz isso – é a segunda vez que detectamos e colocamos no blog, mas devem ter outras e outras virão – fica claro que minimamente há um acordo comercial entre as partes para “reuso” já que os mercados não são conflitantes. Talvez já contar com o “jogo ganho” de uma fonte conceituada mundialmente. Talvez explorar algo que está dando certo fora por aqui também. Talvez um pouco de tudo, ou tudo, ou uma combinação. Seja o que for, também vou pela linha que entendo ser desnecessário para este caso “comprar” algo de fora, salvo que já seja um acordo comercial prévio.
E na boa? As listas nem valem a pena serem comentadas. Mesmo quando há critérios mínimos, acaba caindo no pessoal. Para mim, é pura groselha. Nós aqui, em um blog, podemos de maneira “amadora” fazer algo, mas nunca seria amador neste espaço cheio de especialistas de metal – seria algo de nicho. Talvez valha para um mercado mais aberto – e mesmo assim, eu tenho altas ressalvas – para quem não conhece a banda. Difícil alguém hoje em dia comprar uma revista para “descobrir o Iron Maiden”, ou que compra esta revista e que não seja mais de nicho também. Então, realmente, não acrescenta muito…
Ok, vai: Hallowed Be Thy Name tem mesmo que figurar em qualquer lista de heavy metal e eu também a coloco como primeira. Não só do Iron Maiden, mas do heavy metal em geral, e isso vocês já sabem… MÃO NO PEITO! É o hino do heavy metal!
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Nestes tempos de crise econômica não deve estar fácil pra Roadie Crew, então só posso pensar que seja uma escolha econômica, superando questões de originalidade. Quanto a lista, o único critério que vejo seria a de incluir ao menos uma música de cada álbum (e vejam que a Metal Hammer inclui ao menos duas de cada álbum, com exceção de Virtual XI). No mais, quanto mais discussão der, mesmo que seja pelo absurdo de alguns nomes, melhor pra revista.
E pensando bem, fiquei curioso em saber quais músicas eu e meus amigos aqui do MHM incluiriam numa lista top 50 do Maiden. Quantas músicas por álbum?
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Xará, não invente mais sofrimento… prevejo dores agudas…
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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