Cobertura Minuto HM – Eduardo Falaschi em SP – 23/jul/2017 – resenha

Cobertura Minuto HM – Eduardo Falaschi – Carioca Club – 23/jul/2017

Nostalgia. Poder reviver tempos onde você era feliz, mas não sabia. Como diz o ditado mais que clichê: que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso …

Foi com esse sentimento que me vi mais do que obrigado à comparecer ao Carioca Club, no bairro de Pinheiros, em São Paulo, para ver Eduardo Falaschi em sua turnê solo Rebirth of Shadows – o tal The Angra Years que gerou as tantas polêmicas no mundo do YouTube entre junho e julho.

O vocalista ex-Symbols e ex-Angra apresentaria o que seria um setlist recheado de grandes músicas de seus álbuns junto da “banda do Kiko e do Rafael”: Rebirth, Hunters and Prey, Temple of Shadows, Aurora Consurgens e Aqua. E junto de Edu estaria o baterista Aquiles Priester, que participou nos mesmos álbuns (menos Aqua), e Fabio Laguna, tecladista que nunca foi parte do lineup oficial, mesmo tocando em todas as turnês desses mesmos álbuns com o Angra (menos Aqua). Para fã, prato cheio…

Conforme comunicado e detalhes na agenda do blog, a casa abriria às 18h00, banda de abertura às 19h00 e atração principal às 20h00. Cheguei 19h15, com a banda Attractha já tocando. Aquela volta básica para achar a lojinha de camisetas e CDs e me deparo com três delas: uma da Attractha, uma do Edu Falaschi e outra do Aquiles Priester. Para não passar batido o que sempre faço, já compro o álbum da banda convidada (até porque o som que ouvia ao fundo era bem competente).

Tratei de acompanhar o restante da apresentação que se seguia. Attractha tocou até 19h35. Um quarteto (voz – baixo – guitarra – bateria) que faz um som bem pesado e bem tocado. Destaque para o vocalista, cujo timbre encaixou muito bem nas canções, para o baterista, que demonstrou boa técnica e para o backing vocal, que se ouvia perfeitamente (tem muita banda de abertura que tem que considerar isso como privilégio hoje em dia).

O video acima é da faixa Unmasked Files. Foi só elogiar o vocalista e a voz dele deu uma falhada no final, mas por problemas no retorno, pelo que observei.

Saindo rápido do post, aqui só entre a gente: chegando em casa e vendo o CD No Fear to Face What’s Buried Inside You, achei um “Produced by Eduardo Falaschi”. Realmente nada é de graça nessa vida…

Bateu 20h00 e o Carioca Club estava abarrotado… 20h15… 20h30… e nada. A turma começa a ficar impaciente e uma galerinha emenda um “al al al … o Angra é pontual!”. Ri alto! Só por volta das 20h45 é que as luzes se apagam totalmente e inicia-se o sample de Deus Le Volt!, abrindo passagem para os músicos entrarem no palco e iniciarem Spread Your Fire.

Deixemos claro que o show é solo de Eduardo Falaschi. Mesmo com ex-integrantes do Angra (Aquiles e Fabio), o guitarrista Roberto Barros (sem brincadeira, o cara é igual ao Weslei Safadão), e os parceiros de Almah – o guitarrista Diogo Mafra e o baixista Raphael Dafras – não era esperado em nenhum momento que o instrumental ficasse idêntico às músicas tocadas pelo lineup na época do Angra (e nem era essa a intenção). Competência, os músicos tem de sobra (valha-me Deus criticar algum deles – impossível!), mas é muito osso montar uma banda com baixo tempo de ensaio, instrumentos diferentes, técnico de som diferente (e por aí vai) e sair tocando por aí.

As músicas iniciais se concentraram nos dois álbuns de maior expressão que Edu teve com o Angra: Rebirth e Temple of Shadows. Não precisou muito tempo para notar que o som não estava equalizado: a guitarra solo, do Roberto, que fazia as linhas do Kiko, estava bem mais baixa que os demais instrumentos. Era fácil um momento de destaque do guitarrista ser encoberto pelos demais instrumentos. Muitos na plateia tentaram alertar esse ponto, mas, como diz outro famigerado ditado: o que acontece na mesa de som, fica na mesa de som.

No meio do show, Edu pega um violão e faz duas músicas acústicas. Antes de tocar Pegasus Fantasy, a abertura do desenho Cavaleiros do Zodíaco (que está fazendo muito moleque entrar no mundo do metal por causa disso, acreditem!), Edu conta a história de como essa música foi produzida e a repercussão que ele teve com ela – e que depois ele foi convidado para gravar outro desenho: o Bob Esponja (esse momento eu filmei, tá aí abaixo):

Depois da segunda canção acústica, uma versão mais enxuta do samba Trem das Onze, de Adoniran Barboza (que apesar de eu ter achado legal, não empolgou a galera), os músicos voltam ao palco para Late Redemption, que teve erro grave: o violão que introduz a primeira parte da canção estava DESLIGADO! O Diogo chegou a conferir o volume no violão do Roberto, após reclamações do pessoal, mas não tinha o que fazer. Com certeza o retorno dos músicos estava correto. Mais um ponto na conta do pessoal da mesa de som. Confira aí:

Na sequência, é a vez daquele solo de bateria que todo show tem, com Aquiles Priester executando algum número de seu workshop, visto que o solo é acompanhando de fundo musical (sample) próprio. Eu particularmente não gostei, porque não tenho mais paciência para esses solos em meio de show, mas a velocidade e a técnica de Aquiles não são algo que dá para questionar.

Terminado o solo, mais três músicas são executadas para que ai então a banda seja apresentada, com agradecimentos especiais ao Fabio Laguna, que foi responsável pela reaproximação entre Aquiles e Edu para a turnê. O vocalista, por sua vez, também agradece amigos particulares que estavam no show, incluindo Bruno Sutter (o Detonator, do Massacration).

O bis final ficou com a dobradinha Rebirth e Nova Era, onde eu fiz vídeo da primeira:

A apresentação de Edu teve uma iniciativa muito legal: a de reunir ex-integrantes para celebrar, juntos, músicas que ditaram um referencial do Power Metal brasileiro nos anos 2000. Apesar de algumas falhas na voz (ele deu uma deslizada no grito final de Running Alone), Edu cantou todas as mísicas muito bem e a falta de entrosamento entre os músicos não foi evidenciada.

O show foi uma viagem há musicas que, acredito eu, nunca mais serão executadas pela banda Angra (e, se forem, não terão a mesma graça com o Fabio “sem sal” Lione). Deixo aqui também um destaque para a presença de palco do guitarrista Diogo Mafra, que algumas vezes conseguiu se impor mais que o próprio Edu no palco. O público saiu bem satisfeito do Carioca Club e a tal da nostagia, mesmo que de maneira temporária, foi saciada.

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Beijo nas criancas!

Kelsei Biral

Revisou: Eduardo.



Categorias:Angra, Artistas, Cada show é um show..., Curiosidades, Músicas, Resenhas, Setlists

9 respostas

  1. Kelsei, mais que tudo por aqui é agradecer pelo post. É muito bom ler suas resenhas porque vão direto ao ponto, sem voltas, e com precisão cirúrgica para a mescla de informações e até mesmo humor, do melhor, inteligente.

    Entendo o lance da nostalgia completamente, ainda que eu não tenha “vivido” nunca esta parte do Power Metal, do melódico brasileiro, sendo que não tenho nenhuma referência disso em meu gosto pessoal. É tipo aquele restaurante que você vai e não lembra mais porque nunca lhe marcou, sei lá.

    Valeu a resenha, registra mais uma importante fase destes músicos que sempre, por fim, acabam se cruzando, as vezes por necessidade financeira (muitas vezes) – e vide exemplo da banda de abertura, there’s no free lunch indeed – mas se puder ser algo prazeroso, melhor. E há de se destacar a importância de tudo isso estilo ao metal no país, que junto ao Sepultura, são o que levam o nosso metal inclusive ao exterior, chegando talvez ao exemplo máximo recente com um deles, com o Kiko, músico excepcional, nas fileiras do Megadeth (este ainda em fase de “lua de mel” com Mustaine, mas sabemos que lua de mel costuma passar).

    Valeu de novo!

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Muito legal o post. Excelente a cobertura, o Kelsei veio pra ficar mesmo, tanto nas discografias quanto nas resenhas. Eu preciso ver os vídeos para traçar um comentário mais digno. Mas entendo que o propósito tem sim seu lado financeiro de forma inegável.
    Eu volto, prometo.
    Parabéns, de antemão!

    Alexandre

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    • Bem, vi os vídeos , finalmente. A impressão é bem positiva, no fim da contas. Um show feito para quem curte o Angra desta fase. Eu, que inicialmente me desmotivei pela banda na saída do André, tenho dado mais recentemente um crédito bem merecido para esta fase, pelo menos para o Rebirth. Tenho começado a ouvir o Temple of Shadows de forma mais apurada, mas tá faltando um pouco de tempo. A impressão que eu tinha do Falaschi era a do show do Rock in RIo, alguns anos atrás. Um desastre. A voz estava muito ruim, não foi uma primeira impressão das mais dignas. Ouvindo depois algum material de boa qualidade ao vivo e conhecendo mais da fase com seu vocal da banda, mudei a opinião, mas ainda percebo que há,pelo menos na Rebirth, uma necessidade de encaixar o seu vocal, que me parece mais agressivo e menos alto que o do André, ao aquele onde a banda foi conhecida.
      È sempre uma dificuldade ter de buscar e desenvolver seu vocal em um registro diferente do que é o mais adequado para se cantar. Vi o vídeos da canções acima, Heroes of the Sand está praticamente perfeita. Rebirth ficou devendo um pouquinho, mas nada comparado ao desastre do Rock in Rio. Que bom ter tido outra opinião, ainda considerando essa questão do ajuste desfavorecer o melhor timbre de Edu. Há se de considerar que a banda é muito boa e também que a proposta serve para ajudar as melhorar a grana de todos , especialmente do Edu. Mas é um juntar da fome com a vontade de comer. Agrada a todo mundo.
      A banda de abertura pareceu ter um som bem competente, o vocal me lembrou o Belladona, do Anthrax, o que pra mim é um baita elogio.
      E mais uma vez, muito bom ler este e os outros posts de cobertura de shows seus, Kelsei. Há um estilo próprio, leve , de escrever, independente da coerência, que é bastante agradável para acompanhar.
      Ótimo texto, ótimo material anexo, super parabéns!

      Alexandre

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      • B-side, veja isso:

        No vídeo o Edu explica um pouco do ponto da voz no RiR e os problemas que ele teve, além de algumas curiosidades legais. É um bom complementos para os pontos que você coloca no seu comentário.

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  3. Nada como ter gente que conhece do assunto pra avaliar as coisas
    Excelente post, Kelsei
    Eu me prevaleço de ter acesso a bandas que não tenho conhecimento e que bom que as coisas estão indo bem por ai

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