Recordar é (re)viver!
Antes de dar aquele famoso “me dê motivo”, vamos lá:
Quero deixar claro que minha intenção não é indiretamente falar mal de Mangini no Dream Theater – até os piores cegos sabem que a culpa não é dele.
Também quero deixar claro que minha intenção não é indiretamente difamar os álbuns feitos com o Mangini. Todos os álbuns lançados desde A Dramatic Turn Of Events tem sim seus bons momentos – mas até os piores cegos sabem que esses momentos são só momentos, músicas isoladas, excertos criativos. E só.
E agora deixemos os cegos em suas teimosias e apertemos o play.

No final de agosto deste ano, John Petrucci, virtuoso guitarrista da progressiva e matemática banda americana Dream Theater, lançou seu segundo álbum solo, entitulado Terminal Velocity. Mesmo contra os gostos e os modismos, não há como não associar a chegada deste álbum com um velho tópico que os fãs sempre se deparam: a saída de Mike Portnoy, ex-baterista e ex-co-fundador da banda, cerca de dez anos atrás. Mesmo que sem querer o tema vem à mente, pois é ele quem detém as baquetas nesse álbum.
Que Petrucci e Portnoy continuaram amigos mesmo após a separação no “trabalho”, isso não se discute. Quem acompanha as mídias socias sempre vê alguma coisa dos dois juntos, quando o destino permite. Só que, nesse reencontro, os amigos enlaçaram seus poderios criativos e fizeram, mesmo que “só” instrumentalmente, um trabalho maravilhoso e muito melhor que qualquer coisa que o Dream Theater tenha feito desde A Dramatic Turn Of Events, primeiro álbum com o professor de Portnoy, o outro Mike – o Mangini. Foi o primeiro trabalho da dupla Petrucci / Portnoy desde tal separação. Completa o time o baixista Dave LaRue, que além de tocar horrores, tem um currículo de primeira no mundo do metal progressivo.
Eu tinha pensado que só a faixa inicial, homônima ao álbum, tinha sido gravada junto à Portnoy. Fui corrigido pelo time Minuto HM no WhatsApp, e, com isso, resolvi me dedicar ao álbum como um todo. Ouço-o direto desde então. Confesso que não tinha nenhuma expectativa para Terminal Velocity, pois esperava algo que girasse em torno na linha do Suspended Animation, o primeiro álbum solo do guitarrista, que não me chamou a atenção, por ser “só mais um álbum de guitarrista solo”, com aquele emaranhado de notas rápidas que não dizem nada. Só que a soma de Portnoy ao trabalho dá um toque que vai muito além do que o guitarrista pode fazer com qualquer outro time. Me recordo quando Petrucci veio para a apresentação do G3 no Credicard Hall, em São Paulo, junto do Joe Satriani e do Eric Johnson, em 2006, mas junto de Portnoy, que roubou a cena em alguns momentos e deixou a apresentação muito mais rica, divertida e cheia de vida.
E é isso que Terminal Velocity é: cheio de vida. Dá para sentir isso no decorrer das nove faixas, que passam voando. Petrucci passeia por diversos estilos e consegue extrair uma sonoridade própria que nos remete por diversos momentos à nostalgia de trabalhos no Dream Theater com Portnoy (como o Six Degrees, o Sistematic Chaos e o Black Clouds & Silver Linings), reverencia ídolos e influências (como o já citado Satriani e Gary Moore, em um blues), traz alguma coisa de trabalhos mais remotos (como as viagens do Liquid Tension Experiment) e consegue não soar datado. Também não há aquela masturbação de notas ultra-rápidas em tempos abusivos a todo instante – óbvio que existem muitas quebras de tempo e partes aceleradas, mas o que se houve é uma mistura de estilos que não enjoam e levam o ouvinte junto das cadências construídas.
A produção, feita por Andy Sneap, também está muito boa, com tudo muito bem equilibrado e sem fazer com que um instrumento se sobressaia em demasia. Mesmo sendo um trabalho de guitarrista solo, há uma coesão muita justa e benéfica. Nem se sente falta de um vocalista, que aqui estragaria o trabalho.
Em meio ao caos criado pelo COVID-19, cancelando as agendas de shows, fico muito feliz que o espaço dessas agendas foram preenchidos para que os amigos pudessem se reencontrar e entregar aos fãs o que tanto faltava muslcamente em muitos anos – querendo ou não, a criatividade desses dois gênios, quando somadas, criam sons espetaculares que, sozinhos, não conseguem fazer. Um prato cheio para fãs do Dream Theater e da música instrumental.
Ouça sem dó.
Tracklist:
- Terminal Velocity
- The Oddfather
- Happy Song
- Gemini
- Out Of The Blue
- Glassy-Eyed Zombie
- The Way Things Fall
- Snake In My Boot
- Temple Of Circadia

Beijo nas crianças!
Kelsei Biral
Categorias:Artistas, Curiosidades, Discografias, Dream Theater, Entrevistas, Resenhas
Só um comentário meio off topic, mas nem tanto… para quem realmente não estiver acompanhando essa dupla nas redes sociais (eu acompanho, mas “mais menos que mais” ultimamente), dá para afirmar que apesar da boa relação, não há realmente qualquer indício do retorno do Portina à sua (ex) casa principal…
Belo post, Kelsei!
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Dream Theater’s John Petrucci Says ‘People Are Really Happy’ About His Musical Reunion With Mike Portnoy: https://www.blabbermouth.net/news/dream-theaters-john-petrucci-says-people-are-really-happy-about-his-musical-reunion-with-mike-portnoy/
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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