
Mais um ano vem. Mais um ano vai. Nesse post, o ano da vez é 2003. Um ano, ao menos para mim, terrivelmente difícil – desde antes de conceber essa ideia junto ao pessoal do blog, eu sempre pensava “mano, 2003 vai ser osso…”. Será que tive razão? Será que os bloggers aqui também vão concordar?!
É hora de se aventurar pelas resenhas e ouvir você também um novo som! Amplie seu vocabulário musical ou tranque e jogue a chave fora! O importante é jamais desistir! E com essa turma aqui, isso literalmente não vai acontecer!
Participe você também nos comentários, com indicações e pitacos. Para participar da audição dos próximos anos ou sugerir um álbum para o quadro de audições, comente e entraremos em contato!
Lembrando que os álbuns estão por ordem alfabética da banda.
Atualização: acesse nosso guia da série, com todos os anos até o momento resenhados, clicando aqui.

Sugestão de: José Paulo, o JP – “ A” Enciclopédia
Ouça você também:
Alexandre: E olha a Suécia aqui de novo, realmente o país é um celeiro de bandas do gênero pesado e seus sub-gêneros. Olha, eu achei esse Astral Doors um agradável exemplar da lista, ainda que também não traga nenhuma novidade ao estilo que o Rainbow foi certamente um dos precursores. O som mais retrô das guitarras, teclados e timbre da batera diferencia esse trabalho das demais bandas desta lista, evitando os clichés do power mais melódico / sinfônico. O estilo proposto evita aquela aceleração desenfreada, voltado a um metal com influências europeias tradicional dos anos 70 e início dos anos 80. Mesmo em canções mais rápidas como “Ocean of Sand” e “Burn Down The Wheel” há um certo distanciamento do “metal espadinha”. As guitarras trazem sim o tom neo clássico, mas com timbre mais “vintage” e a bateria não comete os exageros dos dois bumbos em profusão. Entendo que o vocal de Nils Patrik Johansson traz as influências de Dio e Tony Martin no seu DNA, mas em especial ao feito pelo também nórdico Jorn Lande, o que agrada bastante em quase todos os aspectos. Acho apenas, assim como nos vocais do Jorn (e que não acontece com Dio e Tony Martin), que o “drive” sempre presente às vezes não acaba “casando” com momentos mais calmos, como no início da faixa-titulo. Talvez por isso eu não quase não tenha notado canções em mid-tempo ou até baladas. Não posso afirmar que fiquei extremamente entusiasmado com o que ouvi, mas da lista de 2003 esse álbum é o único que me mantém curioso para entender como se seguiu a discografia do grupo. Uma indicação muito interessante, sem dúvida.
Eduardo Schmitt: Meus senhores, que pedrada na pleura pra começar essa seleção do ano 2003. Um álbum de heavy metal clássico colhido no pé, como diria um tal rolfístico personagem. A banda lembra o trabalho solo de Dio e algumas pitadas de Rainbow. A banda entrega um excelente trabalho, mas o destaque vai para o vocalista sueco Nils Patrik Johansson, com um timbre que se aproxima ao do Coverdale em seus melhores momentos, os riffs de guitarra possuem, em sua maioria, uma força que rivalizam ao do poderoso vocalista. E bandas do universo: ouçam esse álbum e aprendam a usar teclado em músicas de metal. As composições deste álbum funcionam em seus exemplos mais rápidos. Nos episódios mais arrastados, cai um pouco a qualidade – como na música título. Já a música de abertura – “Cloudbreaker” – de derrubar paredes bem cimentadas, “Burn Down The Wheel” (“Kill The King” alguém????), “The Hungry People” (“We Rock”???). Talvez o quesito originalidade não seja o forte da banda, ainda mais considerando que este é o álbum de estréia do sexteto. De minha parte, relevo essa questão. As composições funcionam bem demais pra me incomodar.
Flávio: O Astral Doors traz em seu disco de estréia um Heavy Metal calcado lá do surgimento estilo neo clássico do Rainbow de 1976, da formação absoluta do “Rising” ou em outros momentos o retorno do próprio Rainbow em 1995 com a formação com Doug White. Com um vocal que utiliza como tônica o lado mais “rasgado” do vocal de Dio ou mesmo do “primo nórdico” Jorn Lande, não dá para deixar de elogiar o que se apresenta, mesmo com óbvios resgastes copiantes, como as letras abordando os castelos, arco iris e dragões. Temos que lembrar, nesse embaraço, que há um “tênue” atraso de 27 anos em relação ao original. Ficou então a curiosidade de ver como a banda se desenvolveria, já que normalmente em carreiras mais longas, o estilo inicial é muito calcado em influência óbvia, que desaparece posteriormente. Passando esse leve comentário de similaridade, no mais é novamente apontar o ótimo desempenho da banda e do disco que acerta para os que buscam e gostam do estilo delineado, assim como eu.
José Paulo: Muito que ouvimos aqui nos remete a carreira do maior vocalista de Heavy Metal de todos os tempos: Ronnie James Dio! Eu até diria que o vocalista Patrik Johansson pode ser classificado como o Dio do século 21 e esse é o cartão de visitas da banda, o Astral Doors foi criado na Suécia como um sexteto e o seu debut foi lançado no Japão com o nome de “Cloudbreaker” e uma bela arte gráfica, enquanto que no restante do mundo como “Of The Son And The Father” e uma capa meio apelativa. O disco começa quebrando tudo com “Cloudbreaker” bem ao estilo da faixa Mob Rules do clássico disco do Black Sabbath, o grande destaque vai para o vocal forte e grave, bem ao estilo Dio, uma ótima faixa de abertura e agradável surpresa. A segunda música, “Of The Son And The Father”, inicia com um clima meio sombrio e nos remete novamente ao velho Sabbath, só que desta vez na fase Tony Martin, principalmente do disco Headless Cross, com um belo refrão, uma bateria que lembra algo entre Cozy Powell e Vinny Appice e um teclado bem interessante que lembra algo do Rainbow. O disco continua com “The Hungry People”, que segue um estilo mais próximo da carreira solo do Dio e “Slay The Dragon” bem ao estilo Rainbow, com um riff marcante e ótimos solos dobrados de guitarra, grande faixa!!! O álbum se mantém em alto nível até chegar em “The Trojan Horse”! Mas que música!!! Pelo menos para mim, uma das melhores canções que ouvi nesse século, não segue um padrão tradicional do estilo, mas é um verdadeiro hino do Heavy Metal! Seguindo, e mantendo o nível, vem “Burn Down The Wheel” outro clássico, “paulada” do início ao fim, perfeita. Que sequência fantástica! O que falar de “Night of the Witch” e “Rainbow in Your Mind”? São simplesmente lindas! “Man on the Rock” já vai na linha Dream Evil do Dio, com ótimos riffs e um refrão marcante. Enquanto “Far Beyond The Astral Doors” e “Moonstruck Woman” seguem uma linha mais Hard Rock, com influência de Ronnie James Dio de várias épocas. O Astral Doors é altamente indicado para quem gosta de Dio independentemente da fase e pelo menos para mim, o álbum é um dos melhores discos de estreia de uma banda de todos os tempos! Clássico!!!
Kelsei: Eu conhecia a capa de álbum, porque o JP tinha falado dele nos comentários do Melhores do Ano de 2003 com a Consultoria do Rock. Naquela época, eu tinha recém-descoberto o blog e estava lendo sobre uma enxurrada de novas bandas, que estava aprendendo justamente com a série e os comentários do JP acabaram entrando naquela lista de “quinhentas bandas para ouvir” que nunca dá tempo de pegar. Aí o mesmo álbum do Astral Doors aparece aqui no Novidades. O que eu posso dizer é que, na próxima oportunidade que eu for na Galeria do Rock, esse álbum será comprado. De onde saiu esse vocalista? É discípulo do DIO?! E essa energia nas músicas, todas em muito alto astral, sempre acima da média?! Não tem uma única música ruim! Volta e meia aparece um teclado meio deslocado, mas em questão de segundos o nariz distorce. Mesmo soando meio Rainbow (uma clara influência), com tanta coisa ruim sendo resgatada atualmente, o Astral Doors acertou em cheio em resgatar algo bom! O álbum inteiro é destaque!

Sugestão de: Alexandre B-Side
Ouça você também:
Alexandre: Outro álbum perfeito do ponto de vista técnico. Aliás, dentro dessa lista, não houve espaço para bandas com pouca qualidade ou mesmo vocalistas sequer medianos. O Black Majesty está na categoria das bandas que trazem algo corretamente tocado, além de cirurgicamente mixado e produzido de forma precisa. Se pensarmos em criatividade ou originalidade, aí pega um pouco. Estamos em 2003 e a sonoridade da banda já era comum, entendo, pelo menos uns 15 anos antes. O destaque indiscutível vai para o vocalista John ‘Gio’ Cavaliere, que por vezes me lembra os melhores momentos do Geoff Tate junto aos anos iniciais no Queensrÿche. Na melhor faixa, Guardian, tanto John quanto um convidado chamado Danny Cecati estraçalham nos vocais. Há outro dueto, com outro convidado chamado Silvio Massaro, na faixa Colliding Worlds, mas o resultado no meu entendimento não foi tão satisfatório. Outro ponto interessante é o estilo totalmente grave de Cavaliere nas estrofes de “No Sanctuary” (que aliás é o nome de uma faixa do primeiro álbum do Queensrÿche, “The Warning”). Não há dúvidas de que Cavaliere carrega as influências de Tate para o trabalho. É outra boa faixa, com algumas harmonias à lá Iron Maiden pós “Brave New World”. Destaco o trecho instrumental de “Beyond Reality” também. Mas o resultado final do álbum é, no todo, um pouco óbvio e mesmo dentro do power metal não acrescenta muito. Indicado para os fãs do estilo, no meu entender um trabalho correto, com um ótimo vocalista e músicos bem competentes ao seu lado.
Eduardo Schmitt: Uma banda de power metal tradicional da Austrália. Como diz um gaiato aqui dos pampas: “Não há o que não haja (sic)”. Faz um power metal que foge dos dois maiores e mais comuns das bandas do gênero: excessivo uso do pedal duplo da bateria e coro de refrão “super-alegre”. Me chamou atenção o trabalho das guitarras, com bases, linhas duplas de guitarras e solos muito interessantes. O vocalista faz um bom trabalho, como em “Guardian”. Teclado faz um trabalho competente, mas não deveria arriscar nos solos. A realidade é que, ao longo da bolacha, as composições começam a soar um pouco repetitivas, um tanto formulísticas. Mas há que se admitir: é um fórmula de excelente qualidade.
Flávio: Novamente um disco de estréia, Sands Of Time e novamente (novamente!) não há novidades de estilo aqui. Calcado no Heavy Metal Neo Clássico, com aceleração e base sustentada em grande parte pelos dois bumbos persistentes da super competente cozinha da banda. Vocal em tom base médio/agudo e com situações de atingimento alto agudo típico da ênfase melódica que foi herdada para o estilo desde que os grandes vocalistas de Heavy Metal / Power Metal dos anos 80 (Dio, Dickinson, Soto, Kiske) assim o delinearam. Guitarras dobradas e solos rápidos e teclados não tão predominantes, uma escolha que desvia o foco orquestral erudito de outras bandas (ver Dark Moor, que está nessa relação). A melodia porém é bem óbvia, com o ouvinte (eu) adivinhando as passagens mesmo antes de que elas viessem. Apesar de todo esse bla bla bla crítico inútil acima, identifico o disco como de ótimo nível que vai agradar aos fãs do estilo e passou muito bem até para eu, que já dei uma bela cansada desse tipo de som.
José Paulo: A primeira coisa que me chamou a atenção nesta banda australiana é que ela foi formada por músicos dissidentes do Pegazus. Porém, o Black Majesty aposta em um típico Power Metal clássico enquanto o Pegazus seguia mais um Heavy Metal tradicional na linha thru do Hammerfall. Outra coisa “salta” aos ouvidos é o fantástico vocal de John Cavaliere que havia cantado no segundo disco do Vanishing Point, que na minha opinião é um dos melhores grupos australianos da atualidade. Sands of Time já inicia bem com “Fall of the Reich”, mas é em “Legacy” que a coisa pega fogo, bateria e guitarras rápidas típicas do Power Metal, vocais potentes e melódicos, além de um ótimo refrão. Em “Guardian” há a participação do vocalista do Pegazus, Danny Cecati, dobrando o vocal com Cavaliere deixando a música ainda mais bonita e emocional e ainda para completar as harmonias de guitarras fazem da faixa uma das melhores do disco. O nível do disco continua muito alto com a faixa título e “Journey’s End” outra paulada com guitarras bem pesadas e ótimas melodias. “No Sanctuary” tem um refrão belíssimo e mais uma emotiva interpretação do vocalista e excelentes guitarras que são uma constante em todo álbum. Mais duas faixas contam com a participação e outro vocalista convidado, dessa vez Silvio Massaro, do Vanishing Point, é quem empresta sua magnifica voz em “Colliding Worlds” e “Lady Of The Lake”, essa última uma balada que talvez seja o ponto mais fraco do disco, desnecessária. Pelo menos para mim, 2003 foi um ano de grandes lançamentos e Sand of Time com toda certeza está entre os melhores. Recomendadíssimo!!!
Kelsei: Eu sempre digo isso e vou aqui mais uma vez: é sempre difícil acertar a mão em um debut. Aqui, temos uma banda australiana pisando em território de europeus. O som da Black Majesty é centrado em uma mistura de Hammerfall e Kamelot, hora mais acelerado, hora mais cadenciado, saindo um pouco do Power Metal e entrando mais no território do Heavy Metal. As músicas são boas, sem exageros que o estilo sempre possui e sem orquestrações, mas o álbum não me chamou a atenção – algo no vocalista não me agradou, mesmo cantando bem. O instrumental eu também achei sem tempero, mesmo bem tocado. Mas eu anotei uma lição de casa para pegar algo mais maduro, fora do debut, pois bandas boas que tiveram um começo inexpressivo, temos vários exemplos. Mas mantendo a análise nesse álbum: em terra de dragões, canguru que pule!

Sugestão de: Kelsei
Ouça você também:
Alexandre: “…atenção!!!!….foi dada a partida para o homônimo álbum do Dark Moor! “A Life for Revenge” é o primeiro, após a reta principal vão contornando a curva do relógio! “Eternit” vai tomando a ponta, “Philip The Second” avança por fora, vem realmente atropelando, mas agora “From Hell” vai livrando cabeça de vantagem, seguindo-se “Cyrano of Bergerac”. Contornam a curva de chegada agora, “Wind Like Stroke” avança pela linha 2, “The Ghost Sword” com mais ação pelo centro, por fim “The Dark Moor” ponteia, cruzam a faixa final…”. Brincadeiras à parte, o álbum da banda espanhola no meu entendimento, traz até bastante inspiração dentro de um estilo neoclássico / sinfônico já na ocasião com pelo menos 20 anos de concepção. A inspiração não necessariamente se traduz em criatividade. Ou seja, tem boas melodias, mas nada de novo. Eu até gostei bastante das partes mais eruditas com cravos e violinos. Também não posso deixar de elogiar a extrema qualidade e precisão dos guitarristas e dos vocais, sejam eles do cantor principal (Romero), sejam eles da soprano Beatriz, que faz um papel a lá Tarja Turunem em versão mais módica, afinal sua participação é bem menor. A faixa “The Ghost Sword”, que é a cara da parte rápida de trilogy suíte, do álbum homônimo de Malmsteen (em 1986, aliás…) mostra também a boa qualidade do baixista. O batera também prima pela precisão e velocidade mas não desgruda dos dois bumbos quase nunca. Ou seja, não entendo ser uma Novidade Minuto HM, mas é bastante indicado para os seguidores do metal sinfônico / erudito, e embora pra mim não há necessidade de um novo Nightwish, até passou bem. Até por isso resolvi ouvir uma das faixas bônus, “The Mysterious Maiden”, que se revelou uma balada bem cantada pela soprano e serviu para dar uma respirada….até porque até os cavalos precisam beber uma água e descansar de vez em quando depois de tanta correria… P.S.: Fica aqui minha homenagem ao considerado melhor locutor de turfe que o Brasil já teve, o saudoso Ernani Pires, de onde surgiu a minha espécie de inspiração / “copy and paste” de parte do primeiro parágrafo desta resenha.

Eduardo Schmitt: Desta feita temos um álbum de power metal sinfônico, produzido por uma banda de Madrid. O trabalho, auto-intitulado, busca atingir aquela grandiosidade típica do gênero, e a verdade é que, em muitos momentos, consegue o seu intento. Posso soar repetitivo aqui, mas este uso “sinfônico” dos teclados, de maneira muito destacada na linha melódica de muitas peças, me incomoda demasiadamente. O vocalista, Alfred Romero, estreante na banda, faz um trabalho de destaque. Aliás, destaque-se na produção da bolacha o bom uso dos coros e da Soprano Beatriz Albert. O trabalho da bateria, baixo e guitarra é irretocável, com arranjos e equalização muito bem feitas. Destaque fica para música auto-intitulada, que inicia com um andamento lembrando valsa e constrói uma ambientação bem interessante. A audição do trabalho, por completo, deixa um bom “retro-gosto” mostrando uma inventividade e criatividade que muitas vezes faltam a bandas do mesmo estilo.
Flávio: Bom, eu fui avisado que enfrentaria os grandes e desafiantes perigos da Terra Média novamente e tantos séculos depois, em 2003. Bom aqui o golpe foi duro, sucumbi logo na primeira ou segunda música. Então lá vai: Power Metal Erudito, é o que eu posso apontar aqui, e com isso além dos elementos musicais melódicos típicos e acentuados com cravos, violinos, orquestras e corais angelicais, novamente me remeto a Terra do la-la-la com os exímios esgrimistas das cordas e vocalistas berrantes dos tons agudos. Ótimo para os fãs, para mim, não, obrigado.
José Paulo: O disco anterior, The Gates of Oblivion, de 2002, foi muito bem aceito pelos fãs de Power metal, afinal o Dark Moor tinha tudo que era popular no estilo: muita, mas muita melodia, andamentos rápidos com influências de música clássica, às vezes lembrava Angra, às vezes os coros nos remetiam ao Blind Guardian, algumas vezes até ao Gamma Ray. Então seria óbvio que eles tentariam repetir a fórmula neste autointitulado disco, porém a banda espanhola teria um grande desafio: esse seria o primeiro trabalho com o novo vocalista Alfred Romero. Porém, ao escutá-lo, cheguei à triste conclusão que infelizmente o resultado não se manteve no nível do trabalho do ano anterior. Dark Moor impressiona pela bela capa; além disso, podemos ouvir tudo que se espera da banda: melodias, as passagens clássicas, muitos coros, então qual o problema? Eu me perguntei isso várias vezes, por que gostei do disco anterior e este de 2003 ficou “encostado” após a primeira audição? Acho que The Gates Oblivion é bem mais dinâmico, enquanto Dark Moor, em vários momentos, se torna meio cansativo e forçado demais, aquele típico disco que com 30 minuto de audição você já está torcendo para que o fim chegue logo… com 40 minutos nem nos lembramos do que já ouvimos e a única pergunta que fazemos é: será que ainda vai demorar muito para acabar? Por incrível que pareça, é exatamente a mesma sensação que tenho ao escutar um disco do Rhapsody, o início até que pode ser bom, mas é muito melhor quando termina!
Kelsei: Desculpem-me, mas não consegui coisa melhor. 2003 foi disparado, para mim, o ano mais difícil de trazer uma indicação. Tudo o que eu ouvi nesse ano foi “mais do mesmo”, sobrando, por exclusão, o Dark Moor, banda espanhola que dos anos 2000 para cá já mudou muito sua formação e sonoridade. Mas era o que tinha para a janta. O álbum é longo e mesmo eu, acostumado com muita coisa do estilo, dou uma sofrida. Mesmo utilizando de instrumentos clássicos (já tinha pensado em ouvir um cravo em um disco de Power Metal?!), falta potencial criativo para sair da mesmice – algo que eu poderia perdoar em um debut, mas não aqui. Tirando as faixas “A Life For Revenge” e “Philip The Second”, procure algo mais ao leste da Europa para o estilo.

Sugestão de: Eduardo Schmitt
Ouça você também: me desculpem, mas não achei link no Youtube, fiquem com a indicação do Eduardo Presidente pelo Spotfy:
Alexandre: Gostei do álbum, embora evidentemente ele esteja aqui bem longe do seu “habitat” mais natural. Afinal, eu realmente não esperava encontrar nessa lista um autêntico exemplar do Rock’n’Roll e Rockabilly dos anos 50. Um revival no estilo que o Stray Cats havia feito no fim dos anos 70, inicio dos anos 80. O trabalho é muito bem feito, já que: a) Os músicos que acompanham a moça sabem o que estão fazendo, os arranjos são perfeitos para o estilo e tudo no seu devido lugar, timbres corretos, altura entre os instrumentos muito bem equilibrada. Só achei a faixa título e a faixa final (“Let Us Sing”), pra mim, com fades-out meio abruptos, não sei se algum problema da versão do álbum que ouvi. b) O vocal de Imelda é muito bom, em especial os “drives” que volta e meia a moça nos brinda, por exemplo, no fim de “Don’t Do Me No Wrong” e a já citada “Let Us Sing”. O principal ponto desfavorável, obviamente, é que o ouvido aqui não traz novidade nenhuma em relação ao que já foi bastante conhecido nas décadas de ouro do estilo em questão. Além disso, apesar de ser uma audição que passa muito bem, sem cansar, não sei se o propósito seria trazer para esta série Novidades Minuto HM um álbum de regravações em sua grande maioria, apenas três faixas são de autora da cantora. Todas as demais faixas são compostas por artistas da geração inicial do estilo, embora eu precise confessar não lembrar de quase nenhuma. A única exceção é “End of the World” que ficou muito bonita na voz de Karen Carpenter durante os anos dourados da dupla de irmãos. A versão de Imelda é muito boa também, ainda que seja difícil, pra mim, encontrar alguma cantora que rivalize com o timbre inesquecível de Karen. Agradeço a oportunidade de revisitar um estilo que há muito não transitava nas minhas escolhas, para mim o grande ponto alto dessa audição. Ouvi o álbum 2 ou 3 vezes, mas é algo que vai ficar pra trás, uma vez que está bastante distante dos meus gêneros mais apreciados. Além disso, embora de muita correta interpretação por banda e cantora, não me vejo buscando a sequência da discografia de Imelda.
Eduardo Schmitt: a audição desta bolacha nos remete imediatamente a uma viagem pelos recônditos de uma memória, de um passado idílico que nem precisamos ter efetivamente vivido. Um tempo de inocência, de um certo formalismo estético apenas temperado com uma leve pitada de descontração. Gravado pela cantora de Blues e Rockabilly irlandesa ainda com seu nome original Imelda Clabby, e uma banda extremamente precisa no seus instrumentos onde se destacam o tecladista e o guitarrista, o álbum se aventura por hinos religiosos (“Let Us Sing”), blues acelerados (“Flame Of Love”), country rocks (“Wild About My Loving”), rockabillies (“Do Me No Wrong”), standards de jazz (“Forever You and Me”) e baladas (“Once More”). Não, o álbum não traz nenhuma novidade musical e nem se propõe a isso, mas ouvi-lo me deixa, inexoravelmente, com um leve sorriso no rosto e um “happy feet” “indesmentível”.
Flávio: E aqui fomos novamente surpreendidos e agora com um resgate menos remetido ao Heavy Metal dos séculos passados e sim à novidade do meio do século anterior. Imelda, “sem dó nem piedade” resolve voltar aos anos 50 e 60 do início do surgimento de um tal Rock n Roll, com seus “walking basses” (baixos andantes) delineando um rock frívolo, ingênuo e leve, calcado em Rhythim and Blues ou Rockabilly. E novamente se por um lado não há novidade nenhuma aqui, não podemos deixar de registrar que o disco passa bem, com algumas baladas de estilo da época e tudo muito bem cantado, composto, montado e produzido sendo um prato cheio para os amantes deste resgate e não procuram novidades de estilo, já que há não há nenhum mesmo.
José Paulo: Quando comecei a ouvir este No Turning Back, não tinha a mínima ideia do que se tratava, porém quando começou a primeira música, “Dealing With The Devil”, aquilo me lembrou imediatamente o Crazy Legs de 93 da lenda Jeff Back; porém, ouvindo melhor, notei que não era bem isso. O estilo de som adotado pela cantora Imelda May é algo que fica entre o Rockabilly e o Blues. Então, o que ouvimos a partir daí nos remete a cenários de filmes e estradas empoeiradas pelo interior dos Estados Unidos, porém pesquisando melhor sobre a cantora me surpreendi ao saber que ela é irlandesa e esse é o seu trabalho de estreia. Quanto ao disco em si, não é ruim, Imelda é talentosa e canta bem, a qualidade de gravação é boa, todos os instrumentos parecem estar em seu lugar, penso que como tema de fundo para tomar uma cerveja em algum lugar até passa bem, porém não é nem de longe algo que pegaria para ouvir espontaneamente algum dia.
Kelsei: Eu tenho uma birra pessoal com certos estilos musicais. Alguns podem falar que eu não gosto de sons datados, mas eu considero birra mesmo. Disparado no topo dessa lista está o Hard Rock, mas na segunda posição vem o Blues. Não estou dizendo que não gosto de Blues, longe disso (o som mais cristalino de guitarra que já ouvi ao vivo, até hoje, foi do B.B. King e ganhei de presente o Gov’t Mule na edição de 2001, que tem uma senhora pegada bluezera). Só que ao colocar o No Turning Back, da irlandesa Imelda May, a minha birra apareceu: uma cantora solo estreando com um disco centrado no Blues “arroz com feijão” e no Rockabily, com todas as receitas prontas que as décadas de sessenta (e cinquenta!) já nos serviram à mesa. Acabei por apreciar mais as canções “paradas”, onde o timbre dela se destaca dos instrumentos, como em ”Till I Kissed You” (que é um dueto), “Once More” e “Forever You and Me” (essas duas últimas com metais que encaixaram muito bem). É um álbum bem produzido (e é debut, isso conta pontos!), bem tocado, tudo bem encaixadinho, mas no geral, não é para mim.

Sugestão de: Flávio Remote
Ouça você também:
Alexandre: As abelhas do Strypper encontram o metal espadinha do Helloween. Sim, traduzindo, é como se o Strypper se fundisse ao Helloween e se transportassem dos anos 80/90 para 2003. A despeito disso até curto o som do Theocracy e até alguns previsíveis exageros, seja pelo tom lírico puxado para uma interpretação que poderia sugerir um gospel, seja pelos exageros do metal melódico em si, foram num tom que não incomodou. Não deixa de ser uma novidade o fato da banda trazer um White Metal Melódico como estilo que entendo ser seu propósito. Se alguém fez isso antes, eu desconheço. Então vai aqui uma menção favorável pelo fato de haver alguma mudança no metal espadinha mais tradicional que ouvimos em outros trabalhos desta lista. O problema, novamente, é um certo excesso de faixas aceleradas. “Mountain” e a parte do meio de “The Serpent´s Kiss” se destacam justamente por fugir um pouco da velocidade mais constante do restante do trabalho. Ou seja, quando desacelera melhora, quando acelera eu passo. Outro ponto meio duvidoso é a escolha de três faixas muito longas dentro do trabalho. Acho até que a já citada “The Serpent’s Kiss” se justifica pelo instrumental desenvolvido no meio da canção, mas as outras duas faixas não avançam para justificar seus tamanhos, em especial “The Healing Hand”, essa não dá pra entender mesmo. Acho que talvez se as letras fossem em português eu torceria o nariz para a proposta, como não são, novamente indico para os apreciadores do metal melódico e para aqueles que não curtem o capeta como tema lírico.
Eduardo Schmitt: Impossível começar a audição desta bolacha sem ser impactado pelo fato de saber que todos as vozes e instrumentos desse álbum foram realizados pelo líder e, à época, “one man band” Matt Smith. Esse americano da Georgia, cantou a voz principal e os coros, programou a “drum machine”, tocou baixo, guitarra base e solos, teclados, orquestrações e escreveu todas as letras de todas as músicas do álbum. E devo dizer que o resultado é bem agradável. Há uma diversidade sonora respeitável e o trabalho, especialmente de vocal e guitarra é muito bom. O baixo é discreto, mas preciso e a bateria faz o serviço. O ponto fraco, menos na habilidade técnica do que nas opções de produção e arranjo, fica para os teclados que me parecem por vezes, até infantis. Destaque para a música “Serpent’s Kiss” que constrói uma jornada musical muito bem encaixada. Muitas das letras transparecem um forte pensamento religioso, mas sou da opinião de que as letras em uma música possuem uma importância menor, em relação a questão musical, então penso que esse ponto não deve ser um tema para afastar o ouvinte desta obra. Certamente este disco e sua qualidade sonora me deixou com vontade de conhecer o restante da obra desta banda, e quais os efeitos na sonoridade de ter se formado uma real banda, com outros componentes dividindo a cena.
Flávio: Aqui mais um de estréia de uma banda que tem uma “dávida” notável: consegue usar todos os elementos de um “Power Melodic Metal” na segunda música definindo seu estilo de forma a me levar novamente àquela tal Terra… É claro que a primeira música do disco tinha que ser um prelúdio para essa segunda. Voltando a segunda música e (desculpem) inevitavelmente parodiando nossos tempos: esse vírus (Power Metal, Metal Melódico, sei lá o que falar) que transforma as bandas em clones de suas mesmas atinge o planeta desde as Terras Nórdicas às Américas de forma implacável – estava em seu auge de contaminação no inicio dos anos 2000…. e haja Oooooooh nessa tal Theocracy… ah, opa, em alguns momentos diminui o ritmo alucinado, depois volta, ahhhh quase 70 minutos, aaaahhhhhhhhhhh!!! e o pior, fui eu que escolhi isso, desculpem (novamente) pessoal…. Ah, e fui “avisado” que a temática é cristã, taí a novidade?! Beleza, então.
José Paulo: O primeiro disco do grupo americano de Symphonic Melodic Power Metal, tem todos os elementos e clichês que podem agradar os amantes do estilo, vocais alcançando notas altas, muitas melodias “escorrendo” por todos as partes, climas épicos e emocionantes. O álbum abre com a introdução “Prelude” emendando com “Ichthus”, música que poderia sintetizar todo o álbum, bateria rápida, refrão melódico, muitos coros e teclados. Então me despindo de qualquer preconceito e entrando no clima do disco, foi justamente nos maiores clichês do estilo que o Theocracy consegue os melhores resultados, como em “New Jerusalem”, que se encontra a meio caminho de Angra e Dragonforce, a épica “The Victory Dance” que até me lembrou alguma coisa da britânica Ten e a já citada “Ichthus”. O que me surpreendeu, pelo menos neste debut é que o vocalista Matt Smith também gravou todos os instrumentos e mesmo a bateria programada não chegam a atrapalhar, talvez só os teclados tenham passado um pouquinho do ponto, mas não chegaram a comprometer. O resultado acabou agradando bastante, não conhecia a banda e tive uma ótima surpresa, além do mais fiquei bastante curioso em ouvir os lançamentos posteriores do Theocracy, pois pelo que fiquei sabendo seguem uma tendência de grupo mesmo.
Kelsei: O nome de Jesus tem poder, até na música! Oremos! Dentre as indicações, o Theocracy eu já conhecia, mas pelos seus trabalhos mais recentes, que, mesmo mantendo a vibe de metal cristão (ou white metal, como alguns conhecem) não dão, literalmente, um sermão na letra. Esse foi o principal ponto que notei no debut: as letras são realmente explícitas sobre o cristianismo. Não tenho nada contra, mas não deu vontade de cantar junto. Musicalmente, uma influência notória de Helloween (na condução de tempo e na base) e de Iron Maiden (em interlúdios). Eu também inverteria a ordem das músicas, pois a terceira faixa, “The Serpent’s Kiss” (que é a segunda, já que o início é um prelúdio), é muito longa e o final com “Twist of Fate”, nem tem cara de final de álbum de metal. Um debut até que bom, mas prefiro a pegada do álbum Ghost Ship. Palavra da Salvação! Glória a Voz, Senhor!
Os álbuns de 2004 já foram distribuídos e, pelas capas, já me deixaram ansiosos por uma audição! Até o final do ano, pessoal!
Beijo nas crianças!
Kelsei
Categorias:Artistas, Curiosidades, Discografias, Músicas, Off-topic / Misc, Resenhas
Galera, que post sensacional, resenhas ótimas dos álbuns, liderança sensacional do Kelsei em consolidar tudo… e, claro, as famosas pitadas da Idade Média do Remote me fazem rir à beça…
Sonzeira essa “Astral Doors – Of The Son And The Father – 01 – Cloudbreaker” – e a influência de RJD é mais óbvia que pão na chapa pela manhã.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Gostei da Let Us Sing, que coloquei aqui enquanto dava uma lida no post e colocava o link do álbum para ajudar no Spotify… gostei do vocal… rockezinho ingênuo, bom, bom!!
E já vi que o disco a ser ouvido do ano é o último da lista aqui…
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Que ano foi esse!!!! Pelo menos para mim extremante produtivo em termos de lançamento, parecia que todo bom disco da época que pegava para escutar era de 2003 e cabei elegendo com méritos o Astral Doors, mas com grande pesar foram preteridos discos fabulosos como o Soul Temptation do Brainstorm alemão, que conta com outro vocalista fantástico, Andy B. Franck. E por falar em excelente vocalista e na Alemanha me lembrei do Human Fortress e seu melhor disco, o Defenders of the Crown, as músicas Colloseum e Gladiator of Rome são lindas demais!
2003 também foi o ano de lançamento de Far from the Madding Crowd do Wuthering Heights, banda da Dinamarca que aposta no Heavy Metal com forte influência de folk/medieval, Tree é algo que só podemos ouvir nos melhore momentos do Blind Guardian, Highland and Wings é outra maravilha, o melhor é que o grupo também tem como vocalista Nils Patrik Johansson do Astral Doors. Voltando a Alemanha temos o debut do Galloglass com Legends from Now and Nevermore e o segundo do Mystic Prophecy com Regressus. O melhor grupo nascido na Espanha, Mägo de Oz, lançava talvez o seu melhor disco (tenho dúvida ainda), Gaia, para quem não se incomoda com o idioma espanhol: Alma, La costa del silencio, La rosa de los vientos, La venganza de gaia são clássicos da banda.
Pendendo para o AOR, Bob Catley terminava a sua parceria com Gary Hughes e seu “escudeiro” Vinny Burns e gravaria o excelente When Empires Burn contando com nova banda e seu novo parceiro Paul Hodson. Fora esses discos temos ainda os lançamentos de grupos consolidados que não entrariam na proposta desse projeto mas que estiveram presente por muito tempo no meu aparelho de som.
Para não me estender ainda mais, gostaria de dizer e principalmente agradecer ao Kelsei, idealizador da série, que o principal objetivo do projeto está sendo alcançado, pelo menos para mim, pois em cada ano abordado tenho contato com pelo menos um disco que passou despercebido na época e que acabou me agradando muito! Em 2003 tive uma grata surpresa: Black Majesty e seu Sands of Time que é outro magnifico lançamento.
Um grade abraço!
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