Muito próximo do prédio onde a foto para a capa do Physical Grafitti foi tirada, fica o Electric Lady Studios New York, o mais antigo estúdio que ainda funciona em NY e um dos mais conhecidos da cidade e mesmo dos Estados Unidos. Localizado no Greenwich Village, ele também está próximo do lindo Washington Square Park, onde há uma estátua de Garibaldi e um lindo e gigantesco arco (portão).
A história do estúdio é muito interessante. O local era, na verdade, um nightclub entre 1930 e 1967. Em 1968, Jimi Hendrix e seu manager Michael Jeffery resolveram comprar o então desativado local, que também foi usado pelo guitarrista para algumas jams, pagando um pouco mais de 1 milhão de dólares. Além dele, lendas como B.B. King, Chuck Berry e outros também já tinham se apresentado no The Generation.
Como Hendrix estava gastando muito com estúdios, ele foi aconselhado por Eddie Kramer e Jim Marron a mudar a ideia original de continuar a operar o negócio como casa de entretenimento e transformar o local em um estúdio profissional. Nasceria então o Electric Lady Studios. Este seria, portanto, o primeiro estúdio de gravação cujo dono era um músico / banda – nem os Beatles tinham. Hendrix insistiu que o estúdio não fosse “comum” e pediu ambientes curvados, coloridos e psicodélicos e, da parte de equipamentos, contando com consoles 24 tracks da Datamix.
A inauguração se deu em 26/agosto/1970, com convidados como Eric Clapton, Ron Wood, Patti Smith e Steve Winwood. No dia seguinte, Hendrix gravaria seu último trabalho em estúdio, Slow Blues, quando saiu para tour em Londres e cerca de 3 semanas depois, tivemos o falecimento do guitarrista. De forma póstuma, Cry Of Love tem muito material gravado e mixado no estúdio antes de sua abertura, com a citada Slow Blues e Belly Button Window, a último dele com vocais. Além disso, há outros materiais póstumos em Loose Ends, de 1974 – a faixa Have You Ever Been (To Electric Ladyland) é algo direto e a gravação da primeira e quinta faixa do álbum.
Do lado de dentro, o Studio A continua igual como quando da inauguração e Studio B ganhou o apelido de Purple Haze. Além deles, há o Studio C, Studio API e a Suite Mix.
Bom, a passagem por lá foi rápida em todos os sentidos. No começo, uma certa dúvida se eu estava mesmo no local correto, pois a fachada dele fica relativamente “escondida” em um Medical Group vizinho, local que cheguei a entrar e sair rindo do erro. O estúdio estava com alguém famoso lá dentro, pois a entrada no momento foi negada quando abri a porta da rua e, na antesala, ouvi pelo speaker: “sorry sir, we’re recording now”. Inclusive, dizem que é só ter paciência e ficar por ali para ver algum artista, e parece que é por aí mesmo, já que além do já citado acima, a lista de nomes que usaram / usam os serviços do local para gravação e/ou mixagem é enorme e imponente (aqui e aqui) – entre eles:
- Iron Maiden – Somewhere In Time – mixagem – créditos como “Electric Ladyland Studios”;
- Alice In Chains – Alice In Chains – mixagem;
- The Strokes – Comedown Machine – gravação e mixagem;
- Billy Idol – Rebel Yell – gravação;
- Led Zeppelin – Led Zeppelin III (mixagem de Gallows Pole), Houses Of The Holy (mixagem de D’yer Mak’er), Physical Graffiti (mixagem de Houses Of The Holy), vídeo de The Song Remains The Same (mixagem);
- The Rolling Stones – Some Girls (gravação e mixagem de algumas músicas), Black And Blue (gravação parcial) e Emotional Rescue (overdubs, com Mick Jagger abrindo o disco em Dance (Part 1) com “Hey, what am I doing standing here on the corner of West 8th Street and 6th Avenue And… Ah, skip it… Nothing. Keith! Watcha, watcha doing? Oh, I think the time has come to get out, get out…)”;
- AC/DC – Back In Black – gravação da guitarra e overdubs dos vocais e mixagem do disco;
- Frank Zappa – Apostrophe (‘) – gravação parcial das músicas;
- Lou Reed – Sally Can’t Dance – gravação;
- Chuck Berry – Hail! Hail! Rock ‘N’ Roll – mixagem da soundtrack do documentário com diversos convidados;
- Santana – Supernatural – gravação;
- Stevie Wonder – Fulfillingness’ First Finale (gravação) e Music Of My Mind (gravação);
- Muddy Waters – The London Muddy Waters Sessions – mixagem;
- Adele – tema para o filme Skyfall (007) – mixagem;
- David Bowie – David Live – mixagem da versão original, sem overdubs ou regravações, exceto para alguns backing vocals que não saíram na gravação;
- The Clash – Sandinista! e Combat Rock – gravações parciais;
- Peter Frampton – Frampton’s Camel – gravação;
- Guns N’ Roses – Chinese Democracy (gravação parcial – Sorry com backing vocals do Sebastian Bach);
- Kiss – Dressed To Kill (gravação), Alive! (mixagem e os polêmicos overdubs / regravações), Alive II (Hard Luck Woman e Tomorrow and Tonight – gravações lá e também no Capital Theatre), Asylum (gravação) e Dynasty (gravação);
- Paul Stanley e Peter Criss (trabalhos solos) – gravações parciais em ambos.
Entre muitos outros nomes que já usaram serviços do estúdio, como U2, Madonna, John Lennon e Yoko Ono, Bob Dylan, B52s, Aretha Franklin, Elvis Presley, The Black Crowes, The Pretenders, Foo Fighters, Stevie Ray Vaughn, Radiohead, Van Halen, Paul McCartney e aí vai…
Mapa:
Até o próximo post.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
Categorias:AC/DC, Alice in Chains, Artistas, Curiosidades, Foo Fighters, Guns N' Roses, Iron Maiden, Jimi Hendrix, Kiss, Led Zeppelin, Rolling Stones, The Beatles, Van Halen
nossa, esse lugar possui um legado historico extraordinario
so medalhoes de primeira.
muito obrigado meu amigo, por nos trazer esse post e conhecermos mais sobre a história do heavy metal.
aonde isso aqui vai parar?
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Rolf, valeu! Fora da Europa, pensando em América do Norte, é “o” estúdio mesmo…
Respondo para você: isso aqui pode parar com a gente reunido no estúdio? Será?
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Excelente tudo isso, Eduardo. Uma pena não poder fazer uma tour pelo interior do lugar mágico.
E esse é mais um dos que fiquei devendo na minha ida por lá .
Vou anotar para a próxima …
Alexandre
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B-Side, incrivelmente era um dia de semana e cedo – e não um dia qualquer, um SEGUNDA-FEIRA. Ou seja, para arranjar um jeito de entrar neste estúdio, acho que só reservando uns 2 anos antes e contando com um número de verdinhas que a gente talvez não consiga mensurar…
Valeu pelos costumeiros elogios e legal que curtiu o post… vá então juntando verdinhas para fazermos um ensaio por lá, hehehe…
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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