Para o incauto leitor das parcas linhas desse post, é sempre bom ressalvar primeiramente que uma noite em que eu possa encontrar com o meu irmão Eduardo Rolim para trocar uma ideia e ao fundo ouvir um Kiss bem tocado é, com certeza, algo que vai dar 100% certo…e deu!
Ao entrarmos no Manifesto neste 05/mar/2016, subitamente, como em nenhuma das outras tantas vezes em que estive lá, percebi que a “memorabilia” do lugar é excelente: muitas fotos, instrumentos, pôsteres e cartazes de eventos e bandas para todo lado com muita coisa legal, muita coisa autografada e rara para se admirar. Dá para ficar um bom tempo admirando as coisas que se espalham por todo o Manifesto Bar. Destaque para o pôster que foi colocado ao lado do palco onde seria o quadro de Michelangelo “A Criação…” porém substituindo Deus e Adão estão ninguém menos que Dio e Lemmy brindando copos de whisky. Muito legal a sacada do quadro. Sensacional.
Cumprimentei o Ricardo Batalha da Roadie Crew e falamos com a pessoa da produção do show do Bruce Kulick. Um americano visivelmente alugado que foi meio frio mas depois conversou bastante conosco. O papo acabou aquando – duas pessoas simplesmente entraram na minha frente pra falar com o cara e saíram falando sei lá o quê… coisa fina… enfim, Brasil…
O show começou no horário e foi aberto pela banda Parasite Kiss Cover, de Porto Alegre. Abertura copiada de forma tradicional com direito ao “anúncio” da banda, pano que cobria o palco caindo e abrindo com Creatures of the Night. A banda tem um desempenho muito bom em todos os aspectos: sonoridade, vocais, entonação das vozes, toda a paramentação, instrumentos, maquiagem, trejeitos, movimentos, a levada, o domínio das convenções e finais, tudo muito bem ensaiado. Profissional! A banda segurou muito bem os covers do Kiss e ainda fez projeções ao lado do palco com os vídeos que rolam das respetivas músicas. Em War Machine, por exemplo, eles trouxeram o vídeo que passa ao vivo da banda. Acho esse vídeo algo simples mas que ambienta muito bem a música com a sua horda de Gene Simmons e as “arrows flying” como se fossem “10.000 side by side” para sempre manter o Remote ligado aqui, enfim, coisa de fã de Kiss e de Tolkien.
Eu não sei o motivo mas mesmo em um evento em que espera-se que a quantidade de fanáticos de Kiss seja grande, essa música, mais uma vez, ficou abaixo do que eu esperava na reação do público. Nas outras vezes foram nos dois últimos shows do Kiss. Com algumas exceções ao redor, eu e o nosso presidente também pulávamos e cantávamos a plenos pulmões. Mas poucos estavam nesse êxtase. Já Psycho Circus causa um retorno muito maior da galera. Comoção total. Zero problemas. Eu só acho estranho isso. Achismo de velho como eu.
A banda sustentou muito bem o setlist, interagiu com o público e executou muito bem as músicas. O músico que faz o Gene é muito bom. Toca e canta muito próximo do original. Para mim, foi o destaque da banda junto com o batera que também mostrou destreza no instrumento, cantou Black Diamond e fez um excelente trabalho. Todos se saíram muito bem e o resultado foi uma apresentação que eu e o nosso presidente consideramos excelente. As guitarras estavam um pouco baixas e isso depois se justificaria pois a Parasite Kiss Cover era a banda que acompanharia nosso mestre Bruce “cavanhaque pintado” Kulick em seu show. Eu não sabia disso. Mas isso não tirou em nada o brilho da apresentação da banda.
Em seguida, tivemos no palco ele que era o mais aguardado da noite – Bruce Kulick – que acompanhado pela própria banda Parasite se mostrou um pouco “alugado” em estar ali. Me pareceu, em alguns momentos, um pouco sem paciência com os histéricos do gargarejo, aliás, situação sempre comum e que deve ser sempre considerada pelo artista que se propõe a esse formato de show. Brasileiro quer gritar, quer passar a mão no cara – no sentido bíblico – e mostrar que está ali. Essa minha percepção aumentou mais ainda quando o músico que fazia o Paul Stanley da Parasite interagia com o público em português. Isso visivelmente não deixava Kulick confortável. Compreensível. Houve também momentos em que o “Paul” puxava a plateia – isso aconteceu algumas vezes – para gritar o nome de Kulick e visivelmente ele se sentia desconfortável. Chegou a comentar “quando eu sair daqui e me deitar eu vou acordar com esses gritos de ‘Bruce Kulick’ de vocês na minha cabeça”. Acho que Kulick poderia ter demonstrado um pouco mais de paciência nesse ponto. No mais, ele entrou no palco com dois Marshalls atrás dele, fez backing vocals em algumas músicas e falou com o público na medida do possível.
Ele tocou muito bem como era de se esperar e variou bem o repertório da banda tocando praticamente só “medalhões” de todas as décadas. Era um show de tributo ao Kiss. Não era uma apresentação dele. Eu também não sabia disso. Nada de Union, nada Grand Funk Railroad e, pior, nada de Carnival of Souls: The Final Sessions. Pena! Fãs como nós anseiam por vermos algo um pouco mais lado B nessas oportunidades mas, pelo visto, nem nesses eventos o Kiss consegue nos brindar com algo que seja direcionado para os fãs mais xiitas como nós. Acho que eu, o Flávio, o Alexandre e o Bruno teremos que retomar algum dia o nosso projeto de tocar o “The Elder” pra conseguirmos ver algo assim. A mais lado B foi “Turn On the Night” do Crazy Nights e lamba os beiços. Para se ter uma ideia, o setlist teve “Lick it Up” e “Rock and Roll All Nite”. Peneirou!
Ao final, quando acabou o show, Bruce antes de se retirar do palco viu os integrantes da Parasite cumprimentarem o público se inclinando conjuntamente na tradicional forma dos artistas agradecerem ao público e fez uma cara de desdém em vê-los ali ainda se divertindo com toda a vibe (olha aí o termo). Mas tudo foi só alegria: eu e o presidente nos reencontramos, nos divertimos para cace**, cantamos, batemos um longo papo e celebramos o rock and roll numa noite que, como tudo que é bom, passou rápido.
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Galeria de fotos:
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Rolf.
Contribuiu: Eduardo.
Categorias:Artistas, Black Sabbath, Cada show é um show..., Covers / Tributos, Curiosidades, DIO, Kiss, Músicas, Motörhead, Rainbow, Resenhas, Setlists
Excelente cobertura, como sempre vocês são F… sempre nos trazendo para dentro do show. Aguardamos as fotos e volto com mais comentários.
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Valeu, Remote, e as fotos e vídeos entraram agora!
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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A cobertura é excelente mesmo. Também aguardo os updates. O set list além de parecer curto, certamente decepcionou quem esperava por algo menos clássico. Faltou pelo menos I walk alone, musica que Kulick cantou no Carnival .Pra dizer o mínimo. ..
Custava ele pensar nesta questão?
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B-Side, creio que a questão do set é puramente uma preguiça misturada com o receio do público pegar o celular na mão para ver o Facebook ao invés de ver uma música menos famosa. Isso sem contar os ensaios com músicas fora do mainstream com a banda cover, coisa que, sinceramente, não acho que seria um problema neste caso.
Infelizmente, está cada vez mais raro ouvir algo lado B ao vivo, independente se em show pequeno como este ou nos grandes shows. É uma pena isso mesmo.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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By the way :
Ten thousand , side by side….
Espetacular…
Alexandre
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Folks, vi os updates, tanto vídeo quanto fotos, tudo muito, muito legal mesmo. A qualidade das imagens traz um importante complemento para o ótimo texto.
Vendo os vídeos, ficou latente, pra mim, mesmo de longe, a questão de ser um evento caça-níquel, para manter o dinheiro no bolso, para Kulick. Assim eu penso, mas pros fãs, exceto talvez por uma busca de músicas menos óbvias no set ( uma ou duas ao menos), é só alegria, pois são canções de uma boa fase da banda ( de injusto reconhecimento menor, no meu entender) e um excelente profissional que esbanja segurança e categoria no seu instrumento.
Pra Bruce, tentando fazer um exercicio de empatia, deve ser algo pra cumprir tabela mesmo. No vídeo da manjadíssima Heavens on Fire, ele se esforça pra ser simpático , elogia a banda de apoio ( com razão, já destaco só neste vídeo um bom trabalho vocal ( que é dificil) e um ótimo baterista que se esmera em reproduzir o sempre excelente Eric Singer), mas , fica a reflexão:
Bruce pelo que sei, nunca se empolgou com a hipótese de usar máscaras, nunca tocou com a bandas mascaradas ( por consequência), e se vê , em um palco pequeno , para uma platéia (fiel que seja) menor, com um grupo de profissionais ( competentes, sem dúvida) com quem nunca traçou poucas frases que seja, em uma formação meio esdrúxula ( KISS clássico mascarado e ele, ao lado do palco, sem máscaras)… Chega a beirar o constrangedor…..
Bem, Eduardo e Rolf, como vocês não tem nada a ver com isso, tenho certeza que foi uma noite ótima pro público. Faltou uma ou outra Bside , mas arrisco a dizer que nem Bruce teve ânimo pra sugerir isso. A banda de apoio, é claro, tocaria…
Parabéns, Folks, ótima cobertura, melhor ainda com as fotos e videos
Alexandre
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B-Side, a vantagem de fazer estes posts para verdadeiros fãs e entendidos “do mundo” é ler um comentário como este.
Sua visão de business está mais do que correta em minha opinião – soma-se a ela o fato dos 2 “pacotes” que existiam também – o Meet & Greet por R$ 200,00 e o Meet & Greet + almoço por R$ 500,00 e que, por uma pura falta de informação a tempo para planejamentos em um investimento tão significativo, não chegamos a ir em frente.
De qualquer maneira, tudo se resume a isso que você disse. Arrisco dizer ainda que se ele não tocasse os “medalhões”, nem encheria o local. Então, olhando pelo lado bom, foi uma típica noite de Kiss, com uma ótima banda de apoio e um guitarrista excelente tocando tanto material consagrado – e, para mim, com a excelente companhia do Rolfístico. Então, obviamente, tudo valeu bastante.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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concord plenamente com o comentário do Alexandre….beirou o constrangimento
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Maneiro poder ver o Bruce Kulick tão perto assim. Os caras do parasite levam bem.
Mas…. eis que ao fim de Heavens on Fire o Youtubill abre aquela janela de videos relacionados… e o melhor estava por vir “Ensaio DW4 Black Sabbath, Dio, Kiss e Ozzy Osbourne 25/agosto/2012”. A nata do MHM detonando! Super power trio, Rolf moendo a bateria, Flavio em timbres altíssimos com o baixo e o foot… (Geddy Lee total) Alex tocando muito e o outro guitar não reconheci. Tudo acompanhado de perto pelo manager Mr. President e comitiva.
Fenomenal!!!
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Claudio, faço aqui das palavras do mestre B-Side as minhas, especialmente a parte do convite. E sim, concordar com você sobre o privilégio em ter o power trio DW arregaçando, uma honra sem igual.
[ ] ‘ s,
Eduardo.
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Comentário sui-generis. Bruce ficou de lado, e eu sou um dos culpados ? Que injustiça…..
Bem, Cláudio, sobre o ensaio de agosto de 2012, faltou você ( entre outros).
Quem sabe numa próxima você consegue ver, seria nada mais do que excelente!!
Alexandre
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