“Dio Returns”: tour mundial do holograma passará pelo Brasil… e agora?

Faz muito tempo que paramos de fazer posts para anunciar tours aqui no blog – basicamente porque o esforço foi em manter uma agenda organizada, que hoje está no Google e possui apenas shows e eventos confirmados. Se você inclusive não a conhece, de verdade, deveria

Mas o anúncio de hoje é daqueles que temos que abrir uma exceção: com o título mais que questionável, forte, bizarro, enfim, de “Dio Returns”, temos aquilo que é polêmico e vai dividir opiniões, sentimentos e $entimento$: uma tour mundial, com cerca de 80 a 100 shows esperados (incluindo grandes e respeitados festivais pelo mundo), com uma banda de “apoio” (?) com membros mais que conhecidos e… com um holograma de Ronnie James Dio.

“Homologado” no grande festival alemão Wacken no ano passado para uma performance de We Rock e novamente testado no Pollstar Awards em Los Angeles já neste ano, a viúva Wendy está por trás da “iniciativa”. Abaixo os vídeos das oportunidades:

A tour começará no final de novembro deste ano e contará com Craig Goldy, Simon Wright, Scott Warren e Bjorn Englen, banda que conhecemos em tantas oportunidades, inclusive com um meet & greet em uma oportunidade com Tim Ripper (bem vivo, diga-se de passagem) à frente.

Com a palavra, Wendy Dio:

In 1986, for the Sacred Heart Tour, Ronnie and I created the Crystal Ball with Ronnie filmed and speaking in a suspended crystal ball effect, done with back projection, which was the closest we could get to a hologram,” the singer’s widow, Wendy Dio, tells Rolling Stone. “Ronnie was always wanting to experiment with new stage ideas and was a big Disney fan. With this said, I am sure he is giving us his blessing with this hologram project. It gives the fans that saw Ronnie perform an opportunity to see him again and new fans that never got to see him a chance to see him for the first time. We hope everyone will enjoy the show that we have all worked so hard to put together.

Por trás da tecnologia que trará o holograma está a empresa Eyellusion, que “sincronizou” clássicos de diferentes fases e bandas representantes de Dio como “Holy Diver,” “Rainbow in the Dark,” “We Rock,” “King of Rock and Roll, “Neon Knights”, “Heaven and Hell” e “Man on the Silver Mountain, lá da época das tours do próprio Sacred Heart e do Dream Evil. O “interessante” (?) é que o holograma “mudará” de show para show, ou seja, teremos mais versões gravadas e em algumas datas, Tim “Ripper” Owens e Oni Logan se juntarão à bagaça, tendo assim um “Dio Disciples” novamente em questão.

Bom, questões aqui não faltam e a intenção do post é esta. Nós temos uma formidável discografia-homenagem aqui cobrindo tudo – TUDO – do baixinho de grande voz. A discografia foi fechada inclusive com novos apêndices das fases iniciais da carreira de RJD, como o Elf. Falo isso pois considero a coisa mais do que fechada. E fechada com muito saudosismo, sim, mas dentro de uma realidade humana, de lembranças insubstituíveis, de um respeito enorme e com a certeza de ter VISTO – de verdade – Ronnie James Dio.

Mas isso levanta polêmicas mil. Eu particularmente devo ser o MAIOR FÃ de holografia que conheço – mesmo dentro da área de TI. Holografia em DISPOSITIVOS (hardware) é um sonho meu há muitos e muitos anos. Mas holografia para SERES HUMANOS, especialmente aqueles que já não estão mais vivos, é BIZARRO, creio que ninguém discordará disso. Ou temos discórdias?

Mas aí vem a grande questão… é bizarro, mas:

  • alguém aqui entende que isso é uma oportunidade de “ver” Dio “ao vivo” pela “primeira vez”?
  • alguém aqui tem CERTEZA sobre ir ou não a um ou mais shows “disso”? E se o show não tiver Tim Ripper ou Oni, “apenas” o holograma?
  • quem daqui fica ofendido de alguma forma ao ponto de discordar totalmente disso?
  • quem aqui acredita que Dio REALMENTE autorizaria algo assim?
  • quem aqui acredita que isso é dinheiro e nada mais?

E, claro:

  • alguém aqui fica feliz com isso?
  • quem aqui VAI A UM SHOW?

Eu poderia fazer mais umas 50 perguntas, mas a ideia é ir para os comentários agora.

E confesso: na hora que esses caras estiverem “perto” da minha casa, ou no meu caminho por aí, será que vou querer ver isso? O nome da tour me dá um desgosto, um aperto no peito, uma sensação que não sei explicar, mas que é ruim. Honestamente, hoje, não sei.

[ ] ‘ s,

Eduardo.



Categorias:Agenda do Patrãozinho, Black Sabbath, Curiosidades, DIO, Off-topic / Misc, Rainbow, Tá de Sacanagem!

17 respostas

  1. Olá Edu e leitores do MHM.

    Confesso, me deu uma sensação horrível clicar em um dos vídeos. Tive um sentimento na qual estava misturado um certo saudosismo (5%) abraçado um certo nojo (os outros 95%). E assim como você, poderia escrever até um livro sobre essa geração não habituada à finitude (acho que farei um post a respeito).

    Mas não quero ser prolixo e babaca.

    Em primeiro lugar, eu não duvido e a importância da minha opinião é irrelevante, lógico, que RJD é uma das figuras mais importantes da música mundial Sim, “é”, no presente. O seu espírito está por aí ainda cativando os de bom gosto. Uma heresia criticar alguém que fez tanto pelo rock, especialmente o metal. Por questões pessoais, acho que não sou a pessoa mais adequada para listar a quantidade de influências que esse baixinho (como você se referiu) sobrepôs no mundo do rock. Falar sobre Dio? Não dá, é como falar sobre “deus”.

    Em segundo lugar, nos últimos 10 anos da minha vida estou envolvido na cultura pop e mergulhei nas entranhas mais profundas deste organismo e instituição. Formando uma simbiose com a internet – sua principal plataforma de evangelização – vivemos o tempo em que a indústria cultural (há livros e mais livro que detalham essa máquina desde a idade média!) escolheu em doses cavalares a massificação da imagem e o ode ao “velho” (aqui uso o termo sem ser pejorativo). É antigo, é clássico, é saudoso, é nostálgico? Merece uma repaginada contemporânea dos que não viram/curtiram/viveram “isso”.

    Esse botox histórico está em tudo: na tv, no cinema, no teatro (talvez mais do que em qualquer lugar pela ausência de bons roteiristas e digo isso de maneira geral), na música… Segundo quem manda neste mundo (os que tem dinheiro) o mundo precisa ver aquilo que ele já viu há algum tempo.

    Parênteses [para você que é fã]

    George Lucas entregou seu tesouro artístico à Disney, para que alguns outros roteiristas e diretores sem a sua alma, fizessem de gato e sapato a sua obra estupenda e histórica. SW é uma obra cuja a plenitude saiu das telas para alcançar a nossa própria vida. Na mão do Mickey virou um fan service, uma auto-referência, uma masturbação que homenageia a obra sem dizer nada a mais.

    Fecho os parânteses

    Tenho um olhar contaminadamente antipático para isso. E em nossos podcasts manifesto meu asco mesmo sabendo do plano lógico por trás destes remendos. Não me interessa se há uma explicação, do meu peito não vejo justificativa além da venal. Um processo que pode causar overdose se de fato mergulharmos nesta onda da espetacularização das coisas banais.

    Acho ridículo, tosco, bizarro e qualquer outro adjetivo que possa significar um espetáculo que não se contenta com a homenagem. Me lembra um episódio de Black Mirror. Doentio, distópico e até desumano.

    E respondendo uma de suas perguntas: quem viu o Dio, abençoado seja. Quem não, compre os discos e se contente com as dores que a vida tem, incluindo suas perdas.

    Um monte de gente mimada, querendo pular os degraus dolorosos da vida e achando que o que vivem será satisfatório para se prevenir de tal dor. Não será. Não será.

    Desculpe o “pequeno” desabafo, mas onde vamos parar e que tipo de significado estamos dando às futuras gerações se somos incapazes de ler nossa próprio biografia, querendo atribuir a elas apenas o sorriso.

    Abraço,

    Daniel

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  2. É tão ridículo que é até ofensivo!!

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  3. Muitos sentimentos vieram quando fiquei sabendo desse “negócio”. Isso aí é no minimo inusitado!!
    Mas a sensação ao ver os videos acima me passaram uma sensação estranha, como algo artificial (que realmente é). Não existe interação entre os músicos e muito menos com o Dio, neste caso por questões técnicas. Mas a imagem que me veio a cabeça é de como deveriam ser as sessões espiritas de materialização ou talvez uma sala de realidade virtual aos moldes de Star Trek (Next Generation) em que se faziam treinamentos ou simulações dentro da Enterprise.
    Acho até que quando a tecnologia chegar nesse estado de realidade virtual e possamos assistir a um show gravado nesses moldes será muito interessante.

    Como o Daniel comentou, quem não pôde assistir a um show do Dio ao vivo, curta as músicas. Felizmente pude contemplar um show do mestre aqui em Curitiba. Foi uma tour com o Bruce Dickinson e Jason Bonhan Band.

    Mas confesso que não senti vontade nenhuma de assistir esse show de holograma. Um show numa tela de cinema estilo iMex (3D) me empolgaria mais.

    Valeu!

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  4. Li os comentários acima e todos excelentes… depois de publicar o post, ainda pensei em mais um “detalhe”:

    Se fosse uma tour de playback, acharíamos também que é um absurdo, mas por outros motivos… sei lá, imaginem aqui uma tour com o Dio cantando no telão, e não um holograma. É um absurdo, seria um playback e nós reclamaríamos, mas a indignação seria mais “limitada” e diferente.

    O ponto vai pelo lado talvez do Daniel também, desse lance de não se aceitar “fins de ciclo” hoje em dia. E querer simular alguém que já nos deixou. Vale lembrar que a tour do “Elvis” passou aqui com sua banda original e foi um $uce$$o ao que se propôs, diga-se de pa$$agem.

    Enfim, continuo com sensação estranha e até certo ponto desagradável, mas não sei responder minhas próprias perguntas sobre, por exemplo, ir ou não a isso se passasse ao lado da minha casa com preço acessível. O interesse em ver o Dio Disciples “completo” é uma coisa, já com um holograma…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  5. É´, vou concordar com todos, é muito esquisito. Apesar de toda a vontade de ver o baixinho ao vivo, isso definitivamente não substitui e talvez doa mais do que conforte.
    Fico mais com as lembranças e o material em vídeo e áudio disponível que o real Dio gravou. A morte ainda faz parte da vida, e precisamos entender isso…

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  6. Tive uma única chance de ver o Dio na minha vida, na turnê que passou em São Paulo com o Heaven and Hell. Não fui. Na época eu ganhava pouco e preferi guardar o dinheiro para ir em um outro show (nem lembro qual). Não será com isso aí agora para o qual eu vou bater palmas …

    Engraçado que quando esse post apareceu eu tinha um rascunho no WordPress que começava (e começa – mantive o texto) assim:

    “Nostalgia. Poder reviver tempos onde você era feliz, mas não sabia. Como diz o ditado mais que clichê: que atire a primeira pedra quem nunca passou por isso …”

    Talvez para alguém que tenha acompanhado os anos que eu, particularmente, não vivi, ver o holograma seja a única chance de relembrar esses tempos que não voltam mais. Mas ver um …. holograma … pra mim é demais. Não me imagino fazendo isso no futuro com os meus ídolos ainda vivos.

    Para esse caso em específico, vale mais a frase do Daniel: “se contente com as dores que a vida tem, incluindo suas perdas”.

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    • Bem antes de tudo, um post excelente com comentários excelentes, muito coerentes e com reflexões de uma galera que é realmente um diferencial em tudo que se encontra na internet.
      Não sobrou muito pra escrever. Apenas entendo quem queira ver, ainda mais se for a tal ” primeira ” vez. Se não for a primeira vez, aquele indivíduo que quer aliar a tecnologia a um inegável bom som.
      Quanto a minha opinião, sou totalmente contra. E acho que é um caça-níquel de mais uma das bruxas do rock and roll, a Sra Wendy. A ação a coloca junto das “Yoko Onos ” que pelo rock já passaram.
      Acho que não conseguiria ver uma música sequer. Mas preciso respeitar quem tem essa intenção.

      Saudações,

      Alexandre

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  7. Papo com Vinny Appice inclusive abordando a opinião dele quanto ao holograma…

    http://www.eonmusic.co.uk/vinny-appice-eonmusic-interview-august-2017.html

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  8. acho valida a iniciativa. trata-se de outra proposta de entreterimento para manter o legado vivo de Dio. irei com certeza

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  9. Bem, eu não estou aqui neste momento com o propósito de endossar ou criticar a experiência. Ainda que tenha muitas reservas e um sentimento de caça-níquel muito forte nesta proposta, acho que para criticar e mesmo para aprovar teria de ver ao vivo.
    O único propósito deste comentário é deixar claro que em cerca de pouco mais de uma hora de projeto, com o auxílio de outros dois vocalistas, o holograma participa em cerca de pouco menos de 30 minutos, que consiste da música de aberturar ( King of Rock and Roll), dois medleys ( Last in Line/Holy DIver e Heaven and Hell/ Man on the Silver Mountain) e o encore com Rainbow in the Dark. Ainda há um solo de bateria no meio do segundo medley, o que reduz o pra mim já considero pequeno tempo do uso do holograma. Eles não tem tocado We Rock, que foi veiculada no Wacken 2016 com o holograma.
    Analisar em cima de um video caseiro o impacto do holograma não seria o mais correto, assim eu não vou entrar no mérito do que entendi da proposta.
    Apenas gostaria de enfatizar que a grande chamada da tour é baseada no Dio holograma e menos da metade do show traz este formato.
    Não gostaria, com este comentário, de acabar por influenciar alguns a ir ou deixar de ir no show. E tenho certeza que os leitores do blog são muito maduros para se deixarem influenciar nesta questão. A idéia era simplesmente trazer números que não foram divulgados, em especial pelos idealizadores do espetáculo.
    Segue abaixo o set list de um dos shows, que dificilmente são modificados. Quando são, há redução de faixas, inclusive algumas com o holograma.

    A fonte é o setlist.fm

    Saudações,

    Alexandre

    Setlist

    -Perfect Strangers(Deep Purple song)- Playback
    -King of Rock and Roll (Dio Cover) ( Ronnie James Dio hologram)
    -E5150 /The Mob Rules(Black Sabbath cover) (Ripper Owens on vocal)
    -Straight Through the Heart(Dio cover) (Ripper Owens on vocal)
    -I(Black Sabbath cover) (Oni Logans on vocals)
    -Catch the Rainbow(Rainbow cover)(Oni Logans on vocals)

    -The Last in Line(Dio cover) (Ronnie James Dio hologram)
    -Holy Diver(Dio cover) (Ronnie James Dio hologram)
    -The Last In Line (reprise)(Dio cover) (Ronnie James Dio hologram)

    -Egypt (The Chains Are On)(Dio cover) (Oni Logans on vocals)
    -Tarot Woman(Rainbow cover) (Ripper Owens on vocal)
    -Catch the Rainbow (Oni Logans on vocals)
    -Guitar solo
    -Stargazer(Rainbow cover)(Ripper Owens on vocal)
    -Mystery(Dio cover) (Ripper Owens/ Oni Logans on vocal)

    -Heaven and Hell(Black Sabbath cover) (with Ronnie James Dio hologram)
    -Man on the Silver Mountain(Rainbow cover) (with Ronnie James Dio hologram)
    -Drum solo
    -Heaven and Hell (reprise)(Black Sabbath cover) (with Ronnie James Dio hologram)

    Encore:
    -Rainbow in the Dark(Dio cover) (Ronnie James Dio hologram)

    -This Is My Life (Playback)

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  10. O holograma voltará a fazer tours em 2019 com a banda e também passará por uns “upgrades”: http://www.blabbermouth.net/news/simon-wright-says-ronnie-james-dios-reworked-hologram-looks-almost-real/

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  11. Holograma voltará a fazer tour e (pelo menos para mim, mais importante) é o já esperado por todos nós documentário que deverá sair da longa carreira, desde o ELF: http://www.blabbermouth.net/news/ronnie-james-dio-documentary-in-the-works-new-hologram-to-hit-the-road-in-may/

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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