N.R: pessoal, assim como nos últimos capítulos da discografia do Scorpions, recebemos a incumbência de finalizar a discografia Van Halen, brilhantemente conduzida até aqui pelo Júlio, que infelizmente não pode finalizá-la. E da mesma forma que como o Scorpions, o Van Halen é uma banda que amamos e colecionamos. Ainda assim, o objetivo é fazer um mínimo de justiça ao trabalho de referência do Júlio. Esperamos, então, que consigamos fazer uma sequência que atinja algo próximo do objetivo. Então, vamos lá…
{ OU812 – álbum e turnê, 1988/89 }
O ano de 1986 foi decisivo para a banda, após a traumática separação, que culminou na saída de David Lee Roth, como pudemos ver no capítulo anterior. Mais do que isso, Diamond Dave lançou um álbum sensacional, competindo com a banda, chamado ironicamente de Eat ’Em and Smile (Comam Eles e Sorriam…), com feras como Steve Vai e Billy Sheehan a acompanhá-lo, isso também em 1986. Mas Eddie e companhia conseguiram virar essa página, com o sucesso absoluto de vendagens, crítica e tour de 5150.
Em 1987, aproveitaram o ótimo momento para entrar em estúdio e gravar a sequência, de título polêmico: OU812 (Oh, You Ate One Too – Ah, Você Comeu Um(a) Também), determinados a manter suas popularidades. As gravações a princípio seguiram sem grandes intercorrências, mas só terminaram bem próximas ao lançamento previsto, em abril de 1988. O álbum é finalmente lançado em maio, com o single Black and Blue.
O lineup permanece sendo:
Sammy Hagar: Vocal
Eddie Van Halen: Guitarra e backing vocal
Michael Anthony: Baixo e backing vocal
Alex Van Halen: Bateria
Ainda neste trabalho, a produção foi assumida por Don Landee, o produtor do álbum anterior e engenheiro de som da era Dave Lee Roth.
O álbum é prioritariamente uma sequência da fórmula do álbum anterior, que deu tão certo, mas há uma mudança no som da bateria, que volta a ser mais orgânica, com menos espaço para os tons eletrônicos tão presentes em 5150. Em relação ao conteúdo musical, a grande cartada mais ousada é a faixa Finish What Ya Started, que traz elementos voltados para o estilo country, como a guitarra com uso do single coil tão comum nas gravações do gênero, e que poucas vezes fora utilizada por Eddie.
Tracklist:
Faixa | Título | Compositor | Duração |
1 | Mine All Mine | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 5:11 |
2 | When It’s Love | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 5:36 |
3 | A.F.U. (Naturally Wired) | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 4:28 |
4 | Cabo Wabo | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 7:04 |
5 | Source of Infection | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 5:04 |
6 | Feels So Good | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 4:27 |
7 | Finish What Ya Started | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 4:20 |
8 | Black and Blue | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 5:24 |
9 | Sucker in a 3 Piece | Anthony, Hagar, Van Halen, Van Halen | 5:52 |
A faixa cover A Apocalitical Blues, de Lowell George, foi lançada apenas fechando as versões em CD do álbum.
Turnê:
A turnê do álbum foi subdividida em duas: a primeira parte da tour foi conjunta com outras 4 bandas, onde o Van Halen era a atração principal, precedida por Scorpions, Dokken, MetallicA e Kingdom Come, e limitada à América do Norte. Nesta parte da tour foram agendados 30 shows, mas 5 foram cancelados. O set trazia novamente poucas faixas da fase Lee Roth (Panama, Running With the Devil e Ain’t Talkin’ ‘Bout Love), concentrando-se nas faixas do corrente lineup. Além dessas, algumas faixas da carreira solo de Sammy e dois covers: além de repetir Rock and Roll (Led Zeppelin) da tour anterior, eles arriscaram em Superstition, de Steve Wonder. Das 5 faixas do novo álbum, apenas Finish What Ya Started, entre os três singles, não foi tocada nesta parte da turnê.
A segunda parte seguiu também pelos Estados Unidos, sem divisão do palco com outras bandas, e incluindo faixas como Cabo Wabo e Finish What Ya Started, além de mudanças na ordem das canções e a exclusão do cover Superstition. Não há um lançamento oficial em áudio ou vídeo de nenhum dos shows da tour de OU812, que terminou com shows no Japão e um último no Havaí, com sucesso absoluto para a banda.
Avaliação:
OU812 é uma progressão lógica de 5150 e, como consequência, há pontos positivos e negativos. Em nosso entendimento, no entanto, há muito mais acertos, pois na verdade o grande senão do trabalho, que pode ser considerado o ponto negativo, é o fato de quase não haver mudança na fórmula do álbum anterior, o que pode ser visto como uma banda que não queria arriscar.
Apesar da descontração ao vivo, a banda continua mais séria do que na fase com Lee Roth e entregando novos singles de ótima repercussão. Embora não tenham conseguido fazer de Black and Blue uma música de sucesso, tanto When It’s Love quanto Finish What Ya Started galgaram posições importantes nas paradas. Eddie Van Halen acaba abandonando um pouco as inovações de guitarra, como a Trans Trem utilizada em 5150, mas continua firme entregando ótimos solos e muito bem também nos teclados. A cozinha se mantém bastante competente e Sammy mais à vontade na função tão difícil de substituir.
Pode também ser considerado um ponto negativo que as baladas deste trabalho tenham sido as que mais fizeram sucesso no álbum, mas há ótimas faixas que mantém o estilo principal desenvolvido pela banda e Hagar, como Mine All Mine, Cabo Wabo e A.F.U. (Naturally Wired). Em nosso entendimento, no entanto, também as baladas fazem a diferença nesta fase da época de forma positiva, pois Sammy se encaixa muito bem na proposta junto ao Van Halen. E Black and Blue, ainda que tenha fracassado nos charts, também é uma ótima canção.
Enfim, OU812 mostra uma banda amadurecida e consistente em sua nova formação, além de trazer um melhor som de bateria, portanto por nós é considerado superior a 5150.
Premiações:
O álbum, assim como seu predecessor, atingiu a primeira posição na Billboard e When It’s Love atingiu a quinta posição entre os singles da mesma parada. Finish What Ya Started também fez bonito, atingindo a décima terceira colocação.
Pelo Mainstream Rock, geralmente mais abrangente que a Billboard, Black and Blue (1ª), Cabo Wabo (34ª), Feels So Good (6ª) e Mine All Mine (50ª) também figuraram.
O álbum acabou por ter excelente desempenho em vendas, com 4 platinas nos Estados Unidos (mais de 4 milhões de cópias), apesar de não ter ultrapassado 5150.
Curiosidades:
A primeira parte da turnê, chamada Monsters of Rock, pode hoje, 30 anos depois, ser considerada um sonho de consumo para os apreciadores do hard/metal. Houve certo intervalo maior entre as datas pelas dificuldades de transporte de tanto equipamento, talvez por isso a banda tenha optado por seguir sozinha no restante da tour. Mas é certo que os Scorpions se encontravam em ótima fase, Dokken e Kingdom Come traziam bons espetáculos e o MetallicA, em plena tour do …And Justice For All, era um senhor complemento para os espetáculos.
Embora não existam shows oficiais lançados em mídia, é possível por streaming acompanhar a performance da banda em um show muito bem filmado no Japão. Nós recomendamos.
Para seu iPod:
Avaliação do álbum: 4 estrelas (* * * *)
Você já ouviu: When It’s Love
Ouça: Mine All Mine, Finish What Ya Started, Black and Blue, Cabo Wabo.
[ ]’s
Alexandre Bside e Flávio Remote
Revisou: Eduardo
Categorias:Covers / Tributos, Curiosidades, Discografias, Instrumentos, Led Zeppelin, Músicas, MetallicA, Resenhas, Scorpions, Van Halen
Eu também acho esse álbum muito bom
A banda ainda intensa
Interessante o ponto em que todos assinam a composição de todas as musicas
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Rolf, obrigado por comentar. Eu acho que a banda foi além do registrado no álbum anterior, até por que o som da bateria é melhor e há alguma diversidade saudável no repertório deste álbum. Talvez ele tenha vendido um pouco menos que o anterior por não haver mais aquele ar de novidade. Acho também que a faixa inicial escolhida para single ( Black and Blue) é boa , mas não para ser single. Talvez também tenha atrapalhado as vendagens. Ainda assim, o disco vendeu muito e manteve a banda no auge.
Em relação ao fato de todos assinarem as composições, é uma prática do grupo desde o primeiro álbum e que se manteve pra frente, como veremos nos próximos capítulos. Não se dá necessariamente por todos terem contribuído e sim como uma estratégia igualitária de divisão de direitos. E essa estratégia vai se modificar , ainda que não logo depois deste ou812. É preciso acompanhar os próximos capítulos para entender.
Alexandre
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Bom dia, parabéns pelo post. Bastante descritivo e informativo, o que é importante pra mim pois nunca fui um seguidor ávido desta fase da discografia do Van Halen.
Tentei dar uma nova chance às músicas do álbum, mas… Bem, digamos que começei com “When It’s Love”… na melhor avaliação que posso fazer, a canção me parece genérica, uma balada que não acrescenta nada a discografia de qualquer banda, quanto mais o grande Van Halen. Como único destaque o excelente trabalho do Sammy Hagar.
Não é pra mim.
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Schmitt, se você escrevesse aqui que gostou de When It’s Love, de imediato eu deveria largar tudo que estivesse fazendo para comprar um barco e me preparar para o dilúvio eminente.
Assim, nada mais lógico do que o seu comentário.
Mas vou sugerir um novo desafio, gostaria de saber suas impressões sobre o álbum seguinte à esse, o FUCK.
Seria possível ?
Alexandre
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Precisava mesmo de uma motivação extra para resgatar minhas audições mais atentas do Van Halen. Conheço e admiro a banda a bastante tempo. Tempo suficiente para ver a transição de vocalistas. Penso que seja o maior desafio de uma banda principalmente quando além de cantar o cara também compõe.
Mas a troca foi interessante. É claro e inegável que a linha mudou, a banda deu uma repaginada e Hagar contribuiu efetivamente para isso. Pessoalmente eu gosto mais da fase Lee Roth, do estilo da época, mas fase Hagar também é legal. Lembro de ter ouvido o 5150 e OU812 na sequência de seus lançamentos. Achei interessante mas não curti tanto. Me soava “mais comercial” (como dizíamos na época). Mas agora consigo apreciar esses álbuns com os ouvidos mais independentes.
Ótimas composições. Particularmente apreciei mais as “não singles” nas audições recentes.
Valeu!
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Cláudio, interessantes suas impressões, em especial na apreciações aos ” não singles”. Eu gosto das duas fases, são bandas com boas distinções sim. Acho que eles evoluiram aqui em relação ao 5150 , embora a minha opinião não bata com muitos dos apreciadores do grupo. Pra mim , a melhora tem relação com faixas mais diversas, com o som da bateria e com o fato de Hagar deixar de emular Lee Roth , algo que se vê em especial na primeira faixa do disco anterior. MIne oh Mine é uma ótima faixa abertura , talvez a maior vantagem em relação ao 5150 e a já citada faixa de abertura dele ( Good Enough). E eles acertaram nas baladas ( desculpe, Schimtt), outro ponto favorável.
Pra mim, uma clara evolução.
Você tem razão na questão comercial. O som é mais ” arena-rock” e menos hard enfarofado da Califórnia, com a mudança de vocalistas.
Eu curto as duas fases, como já escrevi.
Obrigado por sempre participar
Alexandre
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será que podem confirmar para mim : eu sempre defendi que Eddie é o autor do solo de guitarra em “love walks in” , pelo estilo e qualidade – mas , Sammy a toca ao vivo, como todos sabem, fazendoo solo e vi um estrangeiro opinar que SAMMY O TINHA FEITO TB EM ESTÚDIO …para mim claro que foi Eddie …. existe alguma polêmica ou dúvida sobre isso ???
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André, esse seu comentário de julho me passou em branco, só hoje fui lê-lo. Então peço desculpas, espero que você volte por aqui para ver a minha resposta.
Oficialmente é o Eddie quem toca todas as guitarras ( e teclados ) da faixa, mesmo que ao vivo, no Live Without a Net, lá esteja o Sammy executando o mesmo.
Acho até surpreendente a interessante destreza de Hagar na execução do solo, mas ele não é uma reprodução fiel do gravado por Eddie, ainda que tenha a mesma linha.
Veja bem a questão é difícil e há muitos casos onde o oficial nem sempre é o verdadeiro.
Eu não tenho uma resposta categórica acerca do verdadeiro autor, mas se tivesse de apostar minhas fichas iria pelo Eddie.
Obrigado por participar por aqui e desculpe a demora em responder
Alexandre
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Valeu, mas eu somente falei nisso pq um gringo comentou isso numa postagem – pagar TB é guitarrista e dos bons, mas não um virtuose como Eddie .. não tenho dúvidas que é Eddie na gravação , apenas que no ao vivo ele preferiu não largar as teclas, um arranjo muito belo por sinal, um abraço, cara
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Isso ai , André. Obrigado por estar conosco aqui.
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Alexandre,um salve de Maceió – cara, em qual capítulo da discografia do VH vc comenta sobre o mal- afamado VH III , o com Gary Charone ?? Na época do lançamento fui mais um a jogar pedras, meus cabelos eram bem pretos …agora com grisalhos surgindo, resolvi dar mais uma chance e, ouvindo agora, não é que estou gostando e reabilitando esse singular álbum ?? Entre umas melhores e outras nem tanto, estou curtindo e com uma paciência e boa vontade que não tive antes ….
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