O adeus (definitivo?) ao UnimedHall (ex-Credicard Hall, Citibank Hall)

Notícia bastante triste para a cidade de São Paulo, que perderá mais uma casa clássica de shows e eventos, se juntando a outros grandes nomes que já se foram, como o Olímpia, DirecTV Music Hall e o Via Funchal (e isso sem contar as de menor capacidade).

No meio de deste cenário onde há tanta polaridade e extremos radicais cada vez mais latentes e nervosos, e aquelas afirmações do tipo “fulano é ruim, “logo”, o outro é melhor), apenas para simplificar mesmo, já que o blog aqui é um oásis no meio do que vivemos, há algo que entendendo ser ponto comum: se está assim para uma cidade como São Paulo, dá para imaginar e lamentar ainda mais a situação de outros locais, com número de shows e eventos menor… o resultado de tudo isso, efetivamente, só será recuperado (se recuperado) em anos / décadas, e a realidade devastadora ainda não tem data a terminar.

Aberta em 1999 em local afastado do centro da cidade (acesso difícil, trânsito pesadíssimo para quem não está próximo, transporte público ruim para tentar chegar pelo menos perto, etc), o Credicard Hall, que virou Citibank Hall em 2013 e por fim UnimedHall em 2019, cuja administração é da empresa Time For Fun (ela mesmo, que está obviamente sendo muito impactada, mas que sempre levou uma casquinha boa de nós), já foi local de inúmeros shows de bandas internacionais e nacionais de renome, e talvez a casa que, pelo menos aos paulistanos, seja a que mais vimos shows desde sua inauguração na vida (imagino ser o meu caso).

Da Californication Tour do RHCP em 08/out/1999 ao show da Dido em 02/nov/2019 (show que eu cedi meu ingresso à sogra, para acompanhar minha esposa, já que surgiu viagem a trabalho à época) – e ok, depois teve o Now United e evento da MTV – Millennial Awards, que não entendo se caracterizarem como shows em formato clássico, a casa ficará sem dúvidas nas memórias deste que vos escreve e de muitos por aqui, se realmente o espaço não reabrir com o mesmo objetivo. Aliás, outra grande pergunta: o que será que vai acontecer? Virar prédio, como o Via Funchal (mas que estava em área corporativa “mais nobre”?). O tempo dirá.

São muitas lembranças, especialmente que ficarão e muitos em posts das nossas coberturas por aqui com os nomes Credicard Hall e Citibank Hall. Em um daqueles “eventos de sincronicidade” que parece que só esse blog parece ter (fala do Abilio, que está fazendo uma falta danada por aqui), recentemente fui atrás da minha camiseta do Motörhead do show do ano 2000, meu primeiro por lá – aliás, primeiro show também com meu então “novo amigo” Marcus [106] Batera. Depois desta “We Are Motörhead Tour”, realmente o número de shows juntos, nesta casa e em tantas outras pelo Brasil e até exterior, foi exponencial.

Não posso aqui deixar de lamentar, e muito, isso. Serão muitas memórias, realmente, de shows, eventos (inclusive de empresa), ingressos comprados, filas com e sem chuva, calor e frio, ponto de encontro “na fonte” com mais 5.000 pessoas tendo a ideia, fotos no totem com o anúncio dos shows (que eu ia e os que não, sem contar quando dava o conflito, tipo algo de pagode junto com metal), estacionamentos sempre liderando o preço de caros como não se achava, shows até no estacionamento (Oasis, 2006), ponto de encontro, “passadinhas” quando se ia em eventos no Transamérica, que fica próximo, o famoso “Dogão da Lu” da rua de trás que tanto “salvou a lavoura” nos pré-shows, caminhadas na Marginal…

Ahhh, sim, uma lembrança que terei de algo que fiz sozinho: ir para a porta do estacionamento da rua de trás no meio da tarde e “ouvir” a passagem de som do Bruce Dickinson com o Tribuzy, em 2005, sem querer. Eu fui tão cedo que não tinha ninguém ainda por lá, naquela que seria a primeira das duas noites deste show que sim, merece post à parte! Nesta, ilhado naquele local vazio em uma sexta a tarde, fui para o “estacionamento da rua de trás” e lá estava o som rolando. Fui correndo para a porta de serviço, onde o segurança foi bacana em me deixar esfregar o ouvido e tentar ver algo pela fresta, enquanto Bruce passou o som com Be Quick Or Be Dead (que nunca vi o Iron Maiden tocar, mas ouvi o Bruce cantar neste dia) e The Evil That Men Do (bom, essas são as que eu lembro durante a passagem de som, lembro que no show também teve Bring Your Daughter… To The Slaughter com os músicos da noite reunidos do IM, sem contar Bruce cantando Tears Of The Dragon e participando em Beast In The Light com o Renato). Essa “passagem de som”, com as frestas da porta, em uma tarde de muito calor, e ter visto Bruce nas duas noites da grade, aparecendo no então futuro DVD, nunca sairão da minha cabeça.

Então, é isso. Uma lista de shows e eventos pode ser vista aqui. Ainda que não fosse nem de longe minha casa preferida (que era o Via Funchal), a distância, os preços, problemas recorrentes com o som, etc.,  tudo que ela representou a mim a quem frequenta shows fará uma falta enorme mesmo – aliás, o Credicard Hall (só consigo chamar assim o local) sempre foi tão longe que acho que foi motivador para eu inventar fazer coberturas pré-show (dava tempo de sobra no caminho, quando não estava dirigindo). Talvez tenha sido a única casa, tirando estádio de futebol, que eu tenha visto show em todos os setores, inclusive um camarote “ganhado” de empresa para o Voices of Classic Rock, que teve o Glenn Hughes, por exemplo.

Para fechar o post, algumas das diversas fotos que rapidamente encontrei e que estão publicadas desde que o blog existe… mas sei que há muitas que ainda nem entraram aqui…

[ ] ‘ s,

Eduardo.



Categorias:Agenda do Patrãozinho, Artistas, Black Sabbath, Cada show é um show..., Dream Theater, Iron Maiden, Manowar, Mötley Crüe, Megadeth, Motörhead, Off-topic / Misc, Scorpions, The Beatles

8 respostas

  1. Mal deu tempo de postar…

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  2. Muitos e bons momentos vividos nessa casa. Uma pena! A instituição se vai, mas ficaremos com a lembranças dos grandes shows.

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  3. Nossa … quantos shows memoráveis vi no Credicard Hall – meu primeiro show lá foi do Dream Theater, na turnê do Octavarium. Já vi o Purple, o Helloween, o Bruce Dickinson, o G3, o Bryan Adams, o Avantasia, Blind Guardian, a lista vai que vai … vi muita coisa legal.

    Já levei minha sogra ver a Alanis Morissete. Já levei minha mulher ver os Hanson. Peguei baqueta dos Scorpions!

    Quando mudou para Unimed Hall eu já desconfiava que a coisa ia degringolar – só tinha show sertanejo e coisas muito pops. Quando é uma entidade bancária tomando conta, tem mais $$ para bancar uma coisa dessas … mas aí muda para o setor da saúde e vem a pandemia – não tem cacife, realmente.

    Não acho que vão demolir aquele lugar. Ele deve ficar de molho até surgir um novo comprador e, quem sabe, voltar a ser uma casa de shows!

    E para mim também fico com o Via Funchal – casa melhor que aquela não existe.

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  4. As fotos (excelentes) indicam o quanto vamos perder nessa loucura de atingimento desta área. Infelizmente uma referência de espaço se vai. Esperemos que haja algum tipo de reviravolta depois que recuperarmos a vida normal…

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  5. Info oficial:

    Só esqueceram de várias bandas internacionais, mas tudo bem… nunca foram bons nisso também.

    [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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  6. Bem atrasado aqui estou eu com a leitura dos recentes posts. Esse registro é muito importante pois , até pra mim que não tenho uma história musical com o local, fica latente o quão valioso ele foi.
    As fotos são memoráveis, a do Dio então é saudade em cima de saudade.
    É uma pena que o espaço não tenha conseguido sobreviver a esse pandemia que afeta sobretudo a saúde , mas também impacta negócios deese porte.
    Quem sabe não há um retorno no futuro ,mesmo em local diferente.
    Hoje fica a torcida e um parabéns pela justa homenagem.

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  7. [ ] ‘ s,

    Eduardo.

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