Cobertura Minuto HM – Shaman em SP – 31/jul/2022 – resenha

Vocês não aprenderam a letra ainda né?! Alírio Netto

Foi com muita dor nas costas que no último domingo de Julho me dirigi à Áudio Club, na zona oeste de São Paulo, para, mais uma vez, presenciar uma das minhas bandas brasileiras prediletas, o Shaman. O quarteto formado por Ricardo Confessori (bateria), os irmãos Hugo e Luis Mariutti (guitarra e baixo, respectivamente), Fábio Ribeiro (teclado) e Alírio Netto (vocal) entrariam com um repertório previamente oficializado pela banda e principal chamariz para o show: dois álbuns na íntegra Rescue, último lançamento e primeiro com a nova formação, que está para audição para nosso próximo podcast, e Ritual, soprando velinhas de vinte aninhos de idade.

Como o local é literalmente no quarteirão do lado de casa, minha locomoção, mesmo que lenta, não foi sofrível. Saibam que foi essa hérnia de disco que me privou de assistir ao Angra, no início de Julho, em sua turnê de aniversário do álbum Rebirth, pois na época não conseguia ficar, literalmente, três segundos em pé. Foi muita fisioterapia, choque nas costas e dúzias de remédios para conseguir estar apto a ficar algumas horas em pé nesse domingo, pois meu ingresso era na pista premium, comprado com muita antecedência.

Com início marcado para 20:00, não fui com pressa de assistir a banda de abertura, porque queria tentar ficar o mínimo em pé possível. Mesmo chegando um pouco depois das 19:00, peguei a banda Allen Key em sua primeira faixa. A banda de São Paulo, apesar de novata foi uma excelente surpresa. Com exceção da vocalista, estavam meio que duros no palco, mas tocaram muito bem o que se propuseram, bem baseado em um rock hora melódico hora um tanto pesado. Mesmo sem conhecer nada deles, a vocal, Karina, mostrou muito dinamismo e uma maior experiência de palco: cantou passando do limpo ao agressivo (vi um pessoal chamando aquilo de gutural, mas não é isso que ela faz muita gente acha que é só engrossar a voz e adjetivam de gutural, mas a técnica é diferente), tocou violão, tocou teclado, trocou de figurino e interagiu muito com a plateia, brincando e bem descontraída. Dentre composições próprias ainda mandaram um cover da Lady Gaga (Judas). Como sempre faço, comprei CD e camiseta, mas ainda não ouvi o material de estúdio. Do que eu ouvi, acho que é uma banda bem promissora, mas que precisa apostar um pouco mais em solos de guitarra, pois são dois guitarristas e há campo para isso ser explorado. Tocaram cerca de 45 minutos. O site oficial da banda você acessa clicando aqui.

O Shaman não entrou no horário apresentado no ingresso. Com a banda de abertura saindo perto das 20:00 realmente não daria tempo de entrarem em tão curto tempo. Houve uma abertura com o Marcello Pompeu, vocalista do Korzus, que vai trabalhar para a produtora do show, a HonorSounds. O cara sempre é muito simpático e ainda interagiu com um “eu digo SHA e vocês dizem MAN” para introduzir o show, às 20:30.

Ao apagar das luzes, um mal indício apontava para o que estava para acontecer: o PA da esquerda deu um estalo tão alto que eu pensei que ele tinha estourado. A expectativa para ouvir o novo álbum na íntegra era muito grande, pois eu estava bem curioso para saber como ele funcionaria ao vivo. Quando a faixa instrumental Tribute, iniciou, apresentando um belíssimo telão ao fundo, o PA funcionou normalmente, o que me mostrou que o estouro não seria um problema.

Mas o som do show seria! Inclusive, tive um comentário excluído do Facebook da banda por ter falado mal do som do evento. Quem me conhece sabe que eu sou fã da banda. Muito fã! Presenciei o Shaman em todos os locais que morei, em shows pequenos e grandes, em todas as formações que tiveram. Até no Manifesto Bar, em São Paulo, quando a banda se separou e vieram só com o Ricardo na bateria da “formação original”, lá estava eu entre os primeiros da fila.

Mas me desculpem! Nos Estados Unidos já tem gente dando rolê no espaço e aqui no Brasil uma equipe de engenharia de som não dá uma dentro! E nesse dia, em particular, beirou o ridículo! As oito primeiras faixas tiveram problemas! As oito! OITO! E basicamente o mesmo problema: subia o som da guitarra, o som da voz sumia; aumentava o som da voz, sumia o som da guitarra. A fórmula foi a mesma: no início da faixa o problema surgia e era consertado; e ai na próxima faixa o problema repetia. Não acho que a banda sabia do que estava acontecendo, pois estavam se portando como se o retorno estivesse muito bem (tirando o Hugo, que por diversas vezes reclamava para mexerem no volume do som que ele ouvia). Eu não vi a banda se posicionar em nenhum momento sobre esse fato e as resenhas que li, como a da Roadie Crew, sequer mencionaram isso. Eu coloquei na página da banda e fui deletado. Pois bem, aqui não vão deletar!

A experiência com o novo álbum foi muito ruim devido aos problemas de som, então preciso ser imparcial com relação a ele funcionar ao vivo. Tê-lo tocado na íntegra novamente dificilmente vai acontecer. Eu fiz três vídeos do Rescue, que coloco abaixo. Eu gostaria de ter filmado mais, mas a mão levantada para o alto com o problema das costas não me permitia aguentar tanto tempo, então fiz o que deu. A última faixa, que era acústica, executada só com Hugo e Alírio, teve uma parte bem descontraída: quando chegou no refrão ele pediu para a galera cantar junto e todo mundo deu aquele embromation e ele mandou “Ceis num aprenderam a letra né!” (SIC). Fiquem com as faixas “Tribute + Time is Running Out“, “The I Inside” e “The Boundaries of Heaven“:

A segunda parte, com o Ritual na íntegra, foi bem melhor que a primeira. O som fluiu bem melhor, o público cantou tudo a plenos pulmões e Alírio provou, mais uma vez, que é o melhor substituto para cantar Andre Matos.

Como falar bem do Ritual é chover no molhado, antes de dar detalhes de alguns pontos exclusivos dessa apresentação, gostaria de abrir esse parágrafo em exclusivo para tirar o chapéu para o senhor Luis Mariutti. O que esse cara tocou beirou o absurdo! Claramente Luis está em sua melhor forma da carreira: peso, timbre, pegada, tempo, toda a execução foi perfeita. O equipamento dele também é novo (eu não sei dizer se ele está com um endorsor novo) e maravilhoso! Aos baixistas, que não é o meu caso, vale a pena procurar detalhes do equipamento dele.

Sobre os pontos da execução do Ritual que valem destaque, Alírio emendou uma canja do Queen (Who wants to live forever) ao final de Fairy Tale (que deu problema na minha filmagem, então vou ficar devendo o vídeo aqui). O cara cantando Andre, ele segura muito bem, mas cantando Mercury é de arrepiar! Ainda mais essa que é a minha música favorita do Queen.

Houve também participações especiais. Em Blind Spell, Luis Mariutti saiu para dar lugar ao Fernando Quesada, que tocou baixo na “formação paralela” do Shaman ,mas que não foi apresentado como ex-baixista. Ele é muito amigo do Alírio Netto e eu tenho a mais absoluta certeza que essa participação foi influência direta do vocalista, pois um membro da “formação paralela” jamais entraria no palco com o Andre vivo (inclusive as interações do Hugo com o Quesada ficaram claras que eram estritamente profissionais, não tinha nenhuma química – pelo menos eu não vi). Essa mesma faixa teve os vocais divididos com a Karina, vocalista da banda Allen Key, que voltou ao palco e mandou muito bem!

Quesada ficou, se não me engano, até antes da execução de Pride, dando lugar ao mais manjado convidado, o vocalista Bruno Sutter, que desde a reunião oficial do Shaman (que culminou com a volta da banda), faz a voz de Tobias Sammet nessa faixa. Muita gente não gosta do Bruno como vocalista, mas eu acho que ele faz um trabalho muito competente e que carrega a bandeira do Heavy Metal com muita paixão, muito mais que muito músico profissional do estilo. Agora, nessa mesma faixa entrou mais um convidado que aí sim ficou muito clara que a influência de Alírio já tem um peso muito grande sobre os demais integrantes: o guitarrista Rafael Bittencourt, fundador do Angra (e principal compositor junto ao Andre Matos), subiu ao palco.

E ao final de Pride eles tocaram Carry On. Sim, você leu direito! Eu vivi para ver o Shaman fazer um cover do Angra junto do seu guitarrista fundador! Rafael foi muito profissional, não falou ao microfone (eu pensei que ele iria, em algum momento), interagiu muito no palco e realmente deu o sangue ali. É muito triste saber que precisou o Andre morrer para isso acontecer! E fico muito triste porque todos sabemos que era o Andre o principal criador do bloqueio dessa possível reunião que nunca acontecia.

Durante a apresentação da banda, o Luis Mariutti comentou que ele passou por duas cirurgias durante Julho (sem mencionar onde) e que quase não conseguiu comparecer. Ganhou mais uma estrelinha nessa noite! Talvez o Fernando Quesada fosse uma “carta na manga” para uma possível substituição e que acabou por virar um convidado já que Jesus estava no palco entre nós.

E para fechar, uma “surpresa” no setlist: Turn Away, faixa que abre o Reason, com Alírio descendo do palco e indo cantar com a galera (e eu tentando filmar):

Mesmo com todos os impasses na primeira parte da execução do show, fiquei muito contente com a noite, visto que consegui ficar algumas horas em pé sem sofrer (tanto) de dor, podendo presenciar mais uma vez músicos que sou muito fã. A banda vai tocar em Atlanta, Estados Unidos, no próximo ano em um festival que, entre outros convidados, vai uma tal de Caligula’s Horse, que eu estou doido para ver. Vamos ver se algo acontece em 2023. Mas se não rolar, no próximo show do Shaman aqui na Capital, pode contar que estarei novamente presente. E se precisar, vou dar um pescotapa no engenheiro de som!

E agora que eu aprendi mais um recurso do WordPress, deixo algumas fotos consolidadas em um só local aqui abaixo, o que é muito mais prático e visualmente mais organizado!

Beijo nas crianças!
Kelsei



Categorias:Angra, Artistas, Cada show é um show..., Covers / Tributos, Curiosidades, Músicas, Resenhas, Setlists, Shaman

1 resposta

  1. Kelsei, excelente post
    Como sempre, muito conhecimento e muito detalhado
    E lance da “deleção” depois passa mais detalhes
    Sobre procurar o equipto do Mariutti tento ver
    Sempre muita informação excelente aqui
    Melhoras nas costas

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